sábado, fevereiro 27, 2010

El Secreto de su cine


Estreou neste fim de semana nos cinemas brasileiros
O Segredo de seus Olhos (de Juan José Campanella), concorrente argentino ao Oscar de melhor filme estrangeiro. O filme, protagonizado por Ricardo Darín, é uma das duas películas sul-americanas que disputam a estatueta este ano, número inédito de indicações na mesma categoria para a região, que não chegava lá desde 2002, com O Filho da Noiva - outro portenho com a dobradinha Campanella-Darín.

O peruano La Teta Assustada, de Cláudia Llosa, vencedor do Urso de Ouro, em Berlim, é o outro latino no páreo.


Em 52 anos de categoria própria - os estrangeiros, antes de 1957, eram agraciados apenas com prêmio honorário -, a América Sul venceu apenas uma vez, em 1985, com o também argentino La Historia Oficial, drama que retrata a curta e sangrenta ditadura militar do país (1976-1983).

Explico o motivo pelo qual atribuo tanta importância a categoria.

A vitória ou a presença assídua na d
isputa pelo Oscar de melhor filme de língua não-inglesa indicam, mais do que qualidade, a maturidade de um país de menor tradição cinematográfica em exprimir histórias universais: que superam as fronteiras dos regionalismos e encantam platéias através da linguagem do cinema.

Especulações


Instigado pelo número de premiações internacionais que o cinema argentino recebeu nesta década, tentei especular algumas rezões da consolidação portenha no mapa do cinema mundial. A primeira (e quase óbvia) é o idioma. Além de ser língua oficial de 20 países e falado por mais de meio bilhão de pessoas, o espanhol facilita o intercâmbio com países de maior tradição cinematográfica - como a Espanha.

Em 2002, Cármen Maura, uma das mulheres preferidas de Pedro Almodóvar, interpretou a avó no belíssimo filme Valentín. A Menina Santa, de Lucrecia Martel, um dos marcos do renascimento do cinema argentino, teve uma "ajudinha" dos irmãos Pedro e Agustín Almodóvar.


O intercâmbio também favorece no desenvolvimento e fusões de linguagens.
O Segredo de Seus Olhos, por exemplo, tem pitadas de thriller policial, cinema político e comédia romântica, influências claras de produções norte-americanas. (Campanella trabalhou nos últimos anos em séries de TV nos Estados Unidos, como Law & Order e 30 Rock).

Outro indicativo de sucesso é a produção dos principais filmes do país em torno de um mesmo ator: Ricardo Darín, hoje reconhecido e verenado além das fronteiras argentinas. Darín foi protagonista de quatro dos principais filmes da década: o premiadíssimo Nove Rainhas (2000) - adaptado quatro anos mais tarde para o cinema americano como Criminal -, Clube da Lua (2004) e os dois últimos argentinos no Oscar - O filho da Noiva (2001) e, agora, O Segredo de Seus Olhos.

El Secreto



Favorito ao Oscar, O Segredo de seus olhos é um thriller policial leve (por ter pitadas de comédia) e envolvente (por ser conduzido por romances que não se resolvem). Passado em dois momentos distintos da história do país, o filme conta a história de um crime cometido no início da década de 1970, que permanece sem solução.

O ex-oficial de Justiça Benjamin (Ricardo Darín), que recebeu o caso à época, resolve retomar os fatos para um romance.
Logo, Benjamin percebe que o jogo da Justiça vai além das pilhas de pastas e papéis que ocupam até o teto de sua sala. De caçador, passa à caça e, com a mudança de governo no país, vê escoar pelas mãos a chance de desvendar o mistério do estupro da bela jovem.

A chance reaparece agora, quase 40 anos depois, e as respostas que tanto Benjamin procurou podem ir além das páginas de um livro.


sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Será o fim do jornal impresso (parte 5)

Circulação diminui em 2009

Está no Observatório da Imprensa de 03/02/2010

Caiu 6,9% a circulação somada dos 20 maiores jornais diários brasileiros em 2009. Apenas seis conseguiram melhorar seus desempenhos de acordo com dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC). São eles: Daqui (31%), Expresso da Informação (15,7%), Lance! (10%), Correio Braziliense (6,7%), Agora São Paulo (4,8%) e Zero Hora (2%). Mantiveram-se estáveis Correio do Povo, A Tribuna e Valor Econômico, que encerraram o ano passado com circulações bem próximas às do fechamento de 2008.

Onze títulos viram seus números encolherem durante 2009. Os dois que mais caíram foram os do Grupo O Dia, do Rio de Janeiro: O Dia (-31,7%) e Meia Hora (-19,8%). Também tiveram quedas Diário de S. Paulo (-18,6%), Jornal da Tarde (-17,6%), Extra (-13,7%), O Estado de S. Paulo (-13,5%), Diário Gaúcho (-12%), O Globo (-8,6%), Folha de S. Paulo (-5%), Super Notícia (-4,5) e Estado de Minas (-2%).

Top 10 - Não houve alterações significativas nas posições do ranking, a não ser a evolução contínua de títulos populares como o Dez Minutos, de Manaus, que estreia na 17ª posição, com média diária de 60 mil exemplares – não considerados na conta de queda de 6,9%, pois foi lançado no final do ano passado.

A liderança continua com a Folha de S. Paulo (média diária de 295 mil exemplares), seguida por Super Notícia (289 mil), O Globo (257 mil) e Extra (248 mil). Em quinto lugar está O Estado de S. Paulo (213 mil), à frente do Meia Hora (186 mil) e dos gaúchos Zero Hora (183 mil), Correio do Povo (155 mil) e Diário Gaúcho (147 mil). O top 10 se completa com o Lance! (125 mil).

+ Sobre indústria dos Jornais:

Será o fim do jornal impresso - parte 1
Será o fim do jornal impresso - parte 2
Será o fim do jornal impresso - parte 3
Será o fim do jornal impresso - parte 4