segunda-feira, outubro 06, 2008

Dos 500 melhores filmes da Empire, apenas um brasileiro. E em 177º

Seja para escolher filmes, músicas ou times de futebol de botão, toda lista gera discussão. E, certamente, as seleções de melhores e mais influentes películas de todos os tempos lidera o ranking das listagens mais contestadas. Afinal, qual o parâmetro correto para atribuir a Cidadão Kane um título que também pode pertencer a trilogia do Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola, ou, até mesmo, em nossa era digital, ao Senhor dos Anéis?


Em 2007, a Revista Bravo lançou uma edição especial dos 100 filmes mais influentes da história, deixando de lado clássicos como Dr. Jivago (Épico baseado no romance de Boris Pasternak) e adicionando escolhas controversas como Los Angeles – Cidade Proibida e o brasileiro Lavoura Arcaica (sim, ótimo filme, de um conteúdo lírico e fotografia maravilhosa, mas pergunte sobre essa adaptação de Raduan Nassar em qualquer outro lugar do planeta...).

Essa semana, a revista britânica Empire lançou a lista dos 500 melhores filmes, eleitos por 10 mil leitores, 50 críticos e 150 cineastas, incluindo Quentin Tarantino, Pedro Almodóvar e Sam Mendes. A liderança – ao contrário da publicação brasileira, que escalou o clássico de Orson Welles na primeira colocação – ficou com o primeiro filme da trilogia de O Poderoso Chefão, de 1972.

A seleção britânica impressiona por algumas peculiaridades: filmes recentes, como Pulp Fiction (dir. Quentin Tarantino, 1994) e Clube da Luta (dir. David Fincher, 1999) ocupam a nona e a décima colocação, respectivamente. Cidadão Kane apareceu na tímida 28ª colocação e o primeiro de língua não-inglesa a dar as caras foi Andrei Rublev (1969), do russo Andrei Tarkovsky, na 36ª colocação. Além da película russa, entre os 50 primeiros, apenas Os incompreendidos, de François Truffaut e Os Sete Samurais, de Akira Kurosawa, em 41º e 50º posição, repectivamente.

Para quem esperava Central do Brasil, de Walter Salles, ou O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, a lista da Empire decepcionou. O único tupiniquim a ser citado foi Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, na tímida 177ª colocação. Glauber Rocha sequer foi relacionado, embora outros experimentais como a fase mexicana de Buñuel, Jean-Luc Godard e a nova onda, entre outros, tenham aparecido – e bem colocados.

A lista completa você pode ver no site da Empire ou, se preferir, nesse link (lista completa, sem fotos)

quinta-feira, outubro 02, 2008

Entenda a crise americana

Você deve estar cansado de ouvir nos jornais sobre a crise na economia americana, mas como não tem saco pra prestar atenção e entender todo aquele papo jornalístico, aqui vai uma versão para leigos do que aconteceu na economia dos EUA:

É assim:

O seu José tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça 'na caderneta' aos seus leais fregueses, todos bêbados e quase todos desempregados.

Porque decidiu vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito) e ter um lucro maior.

O gerente do banco do seu José, um ousado administrador formado em curso de Administração e com MBA, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao boteco tendo a pindura dos pinguços como garantia.

Mais adiante, alguns executivos do banco lastreiam os tais recebíveis e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outra sigla financeira que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.

Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F (Bolsa de Mercadoria e de Futuros), cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu José ).

Mais adiante, esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.

Até que alguém descobre que os bêbados desempregados da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu José vai à falência.

E toda a cadeia desmorona.
Fim.

(Texto: http://abandapodre.blogspot.com )

quarta-feira, outubro 01, 2008

O fatídico dia em que eles resolveram trocar de palco

Esses dias, numa brincadeira de fim de treino, o técnico Adílson Batista brincou comigo, dizendo que “para agüentar vocês (jornalistas), só ao som de Maria Rita”, referindo-se ao álbum da filha da Elis, que estava no playlist. E, como a relação do futebol com as artes sempre me desperta interesse, resolvi abrir o baú de quinquilharias cibernéticas (Google) e investigar a ligação desses dois mundos tão distantes: o futebol e a música.

Descobri que alguns gênios da bola resolveram trocar de palco por alguns instantes. E confesso que minhas descobertas foram tão ruins quanto assistir Guarani e Villa Nova, pelo Campeonato Mineiro. Além da conhecida e não tão majestosa incursão do Rei Pelé pelo mundo da música, achei por intermédio do blog Ipisis Litteris um álbum gravado pelo genial Johan Cruijff.

Se nosso rei gravou faixas um tanto quanto melosas, como “O coraçao do rei”, “Amor e agressão”, sob a tutela do pianista e arranjador Sérgio Mendes, o holandês não fez por menos: lançou músicas com o nome de “Oei oei oei (dat was me weer een loei)” e “Alle stoppen ineens naar de knoppen”, que não faço a mínima idéia do que se tratam. De flamengo (idioma dos países baixos), só entendo do nosso, aliás, meu time do coração.

E não pára por ai: lembram do goleiro Ronaldo? Ele foi bandleader do Ronaldo e os Impedidos, grupo de rock’n roll, em alto e bom som, formado na capital paulista.

Você ainda acha que não dá pra piorar? Marcelinho Carioca criou o grupo Divina Inspiração, uma espécie de pagode gospel, com o auxilio do volante Amaral, que provou não ser apenas um rostinho bonito e mostrou talento aos pandeiros.
Outro companheiro de Timão, o atacante Mirandinha, foi o idealizador do grupo Só pro meu prazer. No mesmo ramo, porém fora dos palcos,
Denílson tornou-se o comandante do Soweto, na década de 1990.

Enfim, percebe-se que alguns atletas perderam preciosos minutos de peladas com os amigos para se dedicarem à musica. Para quem acha que o futebol carece de arte nos últimos tempos, basta ouvir os discos para ter certeza que esses artistas não devem sair de onde estão.