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sexta-feira, abril 27, 2012

Gràcies, Pep!

Este blog fala pouco de futebol - deixo isto para meu trabalho nas páginas diárias. Mas como o Barcelona é, antes de tudo, uma expressão de arte e meu texto no papel servirá apenas para embrulhar peixe amanhã, não pude deixar de registrar aqui a despedida de Pep Guardiola do comando da seleção catalã (seleção, sim, pois é um selecionado de nijinskys em busca da perfeição).

Por este perfeccionismo, poderia comparar o estilo Guardiola à direção de Stanley Kubrick, que repetia cada enquadramento à exaustão, ou a um conto de Borges, onde cada palavra, maior ou menor, tem sua parcela na métrica, no ritmo. Falar que o Barcelona joga por música é lugar-comum.

Da mesma forma que ouço saudosismos sobre as seleções de 1970 e 1982, de Zizinho, Pelé, Platini, Cruijff e Beckenbauer, poderei contar aos meus netos que vi dois momentos inesquecíveis no futebol: o gol de Petkovic na final do Carioca'2001 -- que é o maior momento da história esporte -- e o Barcelona de Pep Guardiola.

(Vale a pena ler o perfil de Pep, publicado no El País e traduzido pelo Ilustríssima, da Folha, sobre os dois anos sabáticos do treinador antes de assumir o Barça. Exemplar)



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sexta-feira, março 30, 2012

Heleno, estrela trágica

Foram alguns meses de pesquisa, algumas semanas fazendo contatos e cinco dias de viagem para recontar a trágica história do craque-galã da década de 1940, Heleno de Freitas, ídolo do Botafogo e playboy da high society carioca, que morreu louco com apenas 39 anos, em um hospício em Barbacena.


Foi um dos trabalhos -- não são muitos, claro --, que mais gostei de fazer. Ao lado do fotógrafo Alexandre Guzanshe, fui a São João Nepomuceno, cidade natal do jogador, ao Rio, conversar com o único filho, e a Barbacena.


Entrar no hospício desativado, onde hoje funciona um hotel com os dias contados, foi uma experiência estranha. Mas as histórias dos personagens que viveram com Heleno, há meio século, são fascinantes. O resultado foi o caderno Heleno, Estrela Trágica, publicado no Estado de Minas, em fevereiro:

quarta-feira, julho 27, 2011

Feed Otimizado Relacionado a Alguém (FORA)

O movimento encampado por todas as torcidas -- com o apoio de blogueiros, jornalistas esportivos e um empurrãozinho da Rede Record, desafeto declarado -- contra a gestão de Ricardo Teixeira à frente da CBF intensificou à 0h desta quarta-feira.

Para reunir o que se fala sobre (leia-se contra) Teixeira nas redes sociais, foi criado o site www.foraricardoteixeira.com.br. Tudo o que for publicado acompanhando a hashtag #foraricardoteixeira no Twitter e no Facebook será contabilizado no domínio. Em 4h, o "foraricardômetro" já contava 60 mil adeptos.

Os fundadores fizeram uma descrição irônica. Segundo eles, o site “não tem como objetivo tirar o senhor Ricardo Terra Teixeira”, que tem “cinco mandatos de muita transparência e trabalho duro à frente da CBF.” O nome do site, na verdade, é F.O.R.A, “uma inofensiva sigla, que significa Feed Otimizado Relacionado a Alguém (...) um sítio de utilidade pública para todos nós, fãs do senhor Teixeira, ficarmos por dentro de tudo o que esse exemplar administrador está preparando para a grande festa do futebol mundial”, explica a descrição.

Embora o número de tuítes tenha sido muito alto, a tag não apareceu entre os assuntos mais comentados do Twitter, apesar de, em uma simples busca, fique claro que o #foraricardoteixeira é o principal tema do momento. Cogitou-se que, com o grande volume, os servidores tenham detectado spam -- explicação já desmentida por blogueiros.

quarta-feira, julho 20, 2011

O dia em que o Gigante da Avenida ficou pequeno


"Quando o juiz Ângelo Ferrari apitou o final do jogo, só não saiu para as ruas de Alfenas quem era ruim da cabeça ou doente do pé. Foi uma festa só, que varou a madrugada. Por que tanta alegria? Simplesmente porque a zebra esperou nada menos do que 41 anos para pegar de jeito o poderoso Atlético de Cerezo, Palhinha, Luisinho e Reinaldo. Em 1939, naquele mesmo estadinho, o Atlético dos legendários Kafunga e Mário de Castro, em sua primeira visita a Alfenas, ganhara de 5 a 1 do América local. Foi bom demais, pois o time da casa fez até gol.

Domingo, lá estava de novo o Galo. E como há 41 anos, um golzinho do Alfenense já seria excelente, mas não é que foi melhor, sô? Numa reposição defeituosa de bola de João Leite, Tatau fez 1 a 0 no primeiro minuto do segundo tempo. Depois, o goleiro Nivaldo e os becões Guilherme e Barra Mansa garantiram a vitória.

As 15 mil pessoas presentes ao estádio (renda recorde do interior mineiro: Cr$ 1.816.000) custaram a acreditar no que viam. E só acreditaram mesmo quando o jogo acabou. Aí, haja cerveja, haja rojões. E viva os heróis Tatau, Nivaldo e Barra Mansa"

Revista Placar, 10/10/1980.

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CURTAS

#AlfenensebiggerthanAtleticoMineiro 1
Por Twitter, o ex-goleiro e deputado estadual João Leite, em resposta a uma provocação minha e do deputado Pompílio, ex-prefeito de Alfenas, lamentou. "O Tatau me deixou sentado. única derrota do Galo no Mineiro de 1980".

#AlfenensebiggerthanAtleticoMineiro 2
No Facebook, o Alexandre Polaccowsky lembrou que " Esse Barrra Mansa fez história, já jogou no Minas de Boa Esperança, em 1988".

Se você tem mais histórias, sobre o jogo, deixe nos comentários


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Alfenense 1 x 0 Atlético

Ficha Técnica
Data: 05 de outubro de 1980
Local: Alfenas
Estádio: Francisco Leite Vilela, o Gigante da Avenida.
Motivo: 1ª Fase do Campeonato Mineiro 1980
Gol: Tatau, ao 1 do segundo
Público: 15.000
Renda: Cr$ 1.816.000,00
Árbitro: Ângelo Antônio Ferrari

Alfenense
Nivaldo; Sérgio Cunha, Guilherme, Barra Mansa e Vanderlei; Mauro, Ademir, Caca (Nenem) e Tatau; Larri (Toinho) e Edu.

Atlético
João Leite; Orlando, Osmar Guarnelli, Luisinho e Jorge Valença; Pedrinho (Heleno), Chicão, Toninho Cerezo e Renato Queiroz (Fernando Roberto); Eder Aleixo e Reinaldo

terça-feira, abril 05, 2011

Santo Ibiraci

Hoje, como não fazia há um bom tempo, tomei com a calma dos dias de folga duas xícaras do café Ibiraci, produzido ali perto de Franca, divisa com Pedregulho, e meu futebol melhorou sensivelmente na tradicional pelada de segunda-feira.

Nunca fui um Canhoteiro, Garrincha ou um Tostão, mas melhorou. Mais um pouco, fico até melhor que o André Santos pelo lado esquerdo (não que isso dispense grande esforço para qualquer bípede).

Diante das declarações do presidente Kalil, hoje, e do futebol apresentado pelo Atlético, desde anteontem, imagino que esteja na hora de o Galo tomar uma atitude. Ou, no melhor dos casos, um Ibiraci.
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domingo, fevereiro 13, 2011

Touro domado

De maior ídolo a mercenário e ingrato, Ronaldo sucumbe


Tempo, implacável nocauteador. Aos 34 anos, Ronaldo vai anunciar hoje (14/01), em entrevista coletiva, sua aposentadoria do futebol, após quase duas décadas de brilhante carreira. Frustrado com a eliminação do Corinthians na Libertadores (somada ao vandalismo protagonizado pela torcida após a derrota) e com dificuldade em perder peso, ele antecipara decisão que estava marcada para o fim do ano.

Todos os clichês são tentadores para descrever a trajetória do Fenômeno, eleito três vezes melhor jogador do mundo (1996, 1997 e 2002), bicampeão mundial (1994 e 2002) e autor de 414 gols, com a camisa verde-amarela (62, sendo 15 em Mundiais), e pelos sete clubes que defendeu: Cruzeiro (44), PSV (54), Barcelona (47), Inter de Milão (59), Real Madrid (104), Milan (9) e Corinthians (35).

Ressurgido de contusões gravíssimas, envolvido em escândalos na vida particular, ídolo e vilão nos clubes que defendeu, Ronaldo é o nosso Touro Indomável, nosso Jake LaMotta
, lendário boxeador do Bronx, vivido por Robert De Niro, em Touro Indomável, melhor filme de Martin Scorsese.

Não falta a Ronaldo drama particular para tornar-lhe personagem scorcesiano: sua vida, de Castelo de Chantilly a travestis, tem ingredientes para um roteiro de primeira grandeza.
Assim como o primeiro boxeador a vencer Sugar Ray Robinson, ele foi gênio em seu esporte, mas as polêmicas e os desafios transformaram sua vida em um ringue.

Sejamos mais sutis. Outrora o maior do mundo,
as idiossincrasias que cometeu ao longo da carreira não o transformará em um apresentador gordo de cabarés, tal qual LaMotta, mas serão suficientes para macular a imagem de mito, que já se confunde com a de ingrato (saiu da Inter, após receber apoio da torcida durante a recuperação) e mercenário (trocou a paixão Flamengo pelo projeto Corinthians).

Desta última acusação, no entanto, está farto. Inteligente - nunca falou além do necessário -, Ronaldo sabe que futebol, assim como a Igreja e o jogo do bicho, se alimenta de fé. E que Deus é dinheiro, muito dinheiro.



quinta-feira, maio 06, 2010

Messi e Neymar – Acordes de um futebol subversivo


Lionel Messi está para o Tango Nuevo de Astor Piazzolla, assim como Neymar para o samba da velha guarda. O brilhantismo dos dois maiores jogadores de futebol do mundo na atualidade – posso me equivocar em atribuir tal prestígio ao premiado argentino -, subverte alguns conceitos que teimam em se arrraigar no chão de seus países. Enquanto a era Dunga suplanta os acordes alegres do samba de morro, com um jogo mais quadrado que bicordes de heavy metal, Lionel tenta bailar leve e sutilmente sobre as milongas tristes e chorosas dos argentinos.

O futebol de Neymar é curto e certeiro igual samba de Noel, fino que nem composição de Ismael Silva na voz de Francisco Alves, cheio de virtuose à Pixinguinha e malandro do tipo Cartola. É completo e já nasceu pronto, prato cheio para saudosistas que clamam por mais Canhoteiros, Zizinhos e Pelés, num país que não para de produzir volantes – ou transformar armadores em marcadores.

Já Lionel Messi, embora a derrota do Barcelona para o Bayern de Munique na Liga mereça trilha de Corsini ou Magaldi, se espalha pelos gramados do Camp Nou como os dedos de Piazzolla percorrem as teclas do bandoneón. Feito tarântula. Jovem, Messi tem a dura missão de dar brilho e brio ao cada vez mais acinzentado futebol argentino, ainda salvo por Sérgio Aguero, Higaín e o pouco notado Ricardo Noir, escondido no Boca Juniors.

No Brasil, o Santos bagunçou o esquema, assim como João Gilberto leu a cartilha do samba para nos presentear com a Bossa Nova. Já marcou uma centena de gols em quatro meses, jogando com três jogadores no meio-campo com características de armadores e apenas um carregador de piano auxiliado pelos laterais. O esquema é novo? Pode ser, mas o compasso é de samba velho, para nossa alegre apreciação – e felicidade de não encará-los como adversários na Copa.

Ao contrário, esperamos encontrar os argentinos em solo sul-africano. Teremos, para tanto, que enfrentar Lionel Messi e Cia., eliminá-los e fazê-los desabar em lágrimas ao som de um tango interpretado por Carlos Gardel ou Rosita Quiroga. E mostrar aos argentinos que “Que veinte años no es nada”, como canta Gardel em Volver, para vingar o gol de Cannigia na Copa do Mundo, em 1990, na Itália.


*Charge do Neymar, reproduzida do Flickr do Fábio Nada




segunda-feira, agosto 03, 2009

Kubrick e o futebol


Segundo o mapa-mundi azul e amarelo no canto esquerdo da tela, cerca de 25 internautas visitam o Moviola diariamente. Número baixo comparado ao estrelado da blogosfera, porém espichado diante da falta de atualização e divulgação desta página. Nada mal. No entanto, minha popularidade cai por terra quando abro minha conta do Google Analytics - serviço de estatísticas de pageviews gratuito - e descubro que, pelo menos metade destes flaneurs digitais, chegam até aqui através de combinações estranhas e desconexas de palavras lançadas ao Google.

O programa de buscas, segundo estatísticas, registra em torno de 23 mil procuras por segundo. no mundo inteiro Meu blogue, desde seu primeiro post, em 2005, abriga 116 extensos textos, com uma infindável gama de palavras. Isso quer dizer que abocanho uma dízima irrisória dos perdidos no espaço cibernético.

A palavra-chave que mais remeteu internautas ao meu endereço no último ano foi "Kubrick Futebol", assim mesmo, as duas juntas, colocando lado a lado, no ataque do Moviola, o aclamado diretor e o centenário esporte bretão.

Certamente, a ligação mais próxima entre os dois é o termo Laranja Mecânica, título da adaptação para o cinema do romance homônimo de Anthony Burgess feito por Kubrick, em 1971, empregado na mesma década para rotular a seleção holandesa, comandada pelo maestro Cruijff. No futebol, a seleção flamenga revolucionou ao implantar um esquema tático que atacava e defendia em bloco, trocando passes em grande velocidade. No cinema, Clorkwork Orange talvez ainda seja a representação máxima das películas de ultraviolência.

Neste blog, as duas palavras se misturam na crítica que escrevi sobre a filmografia do diretor para o Delphos, em 2006 (partes I, II, III). Cruijff, sem os outros 10 da imbatível seleção holandesa de 1974, é citado na matéria sobre atletas que se aventuraram nos palcos depois de pendurar as chuteiras. O exímio dote vocal de Cruijff é comparado a de outros gênios da música mundial, como Pelé, Marcelinho Carioca e Maguila.


sexta-feira, março 27, 2009

Fim de semana – Tostão por Chico Buarque


Chico é torcedor do Fluminense. E, como todo fanático tricolor, tem sempre na ponta da língua a histórica escalação do seu time...”Castilho; Píndaro, Pinheiro...”, escrete dos anos 1950, encorpado por ídolos como Telê e Didi.

Apesar da paixão e devoção ao clube das Laranjeiras, o compositor admira gênios de outras cores: diz que aprendeu a amarrar as chuteiras com o rubro-negro Zizinho e elege Canhoteiro, do outro tricolor, o paulista, o melhor ponta-esquerda que já viu jogar.

Na série de DVD’s que lançou em 2000, Chico dedica um dos filmes ao futebol. No primeiro da série, “Chico e as cidades”, o músico faz pequena homenagem às peladas de campo de terra batida e conversa com o jornalista Fernando Calazans (de O Globo) e com Tostão, centroavante campeão mundial em 1970, no México.

Pela precisão cirúrgica na análise do futebol, as colunas do Dr. Eduardo (nome que Tostão voltou a usar ao encerrar prematuramente a carreira nos gramados e estudar medicina) são uma das minhas leituras obrigatórias. Como atleta, o vi jogar em reprise de algumas partidas da Copa do México e pelo Cruzeiro, na conquista da Taça Brasil de 1966 – desbancando a hegemonia de meia década do Santos, de Pepe e Pelé. Na final contra o alvinegro, marcou o quarto gol da goleada por 6 a 2.

Para não estender por laudas o assunto, segue abaixo o texto de Chico em homenagem a Tostão:

"Na minha mesa, Tostão virou botão. Eu já era bem crescido quando ele apareceu e fica um pouco ridículo fazer botão de jogador mais novo que você. Eu vi Tostão deslizar nos gramados e sem querer demerecê-lo era mesmo homem de braços e pernas. Nem por isso há de nascer um centroavante que se compare, como nunca haverá ponta-esquerda igual a Canhoteiro, que só eu vi jogar.

Desde já discordo de quem, concordando comigo, sustenta que o futebol era bem mais bonito no passado. Ao contrário de nós, mortais, que éramos todos mais bonitos no passado, os craques do passado são ainda melhores hoje. Penduraram as chuteiras, mas a permanente edição da nossa memória vão produzindo novos lances memoráveis. Tostão não fazia idéia dos gols que continua a marcar dentro da minha cabeça."
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Entrevista: José Roberto Torero
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Futebol e Música: fatídica combinação

quinta-feira, março 19, 2009

Futebol e segurança pública

A cinco anos da realização da segunda Copa do Mundo no Brasil – a primeira foi em 1950 –, a segurança dentro e fora dos estádios emerge como principal preocupação do governo e da CBF. Ficar atento aos gastos com infra-estrutura e ao jogo de interesse de cartolas e autoridades é essencial para evitar que um rio de dinheiro público seja consumido e afogue o contribuinte.

A primeira atitude tomada (à custa da morte de dois torcedores nos últimos clássicos estaduais em São Paulo e em Belo Horizonte) é o controverso cadastro nacional de torcedores. Até agora a promessa é que o fã de futebol não precisará desembolsar nenhum centavo pela carteirinha, obrigatória a todos a partir do ano que vem. Basta esperar para saber quem vai pagar a bagatela.

O cadastramento não seria necessário se as leis fossem respeitadas e as medidas contra vândalos, enérgicas. Não será uma catraca na porta de estádio que inibirá a ação de animais que se transvestem de torcedores em dia de jogo como álibi para cometer crimes contra a sociedade e patrimônio público. A solução já temos, resta aplicá-la. Ou parece mais cômodo gastar milhões? (Renan Damasceno).


Está no editorial da Folha, de 15/03/09:

QUANDO CARTOLAS e autoridades se reúnem para promover uma Copa do Mundo no Brasil, ao cidadão, em especial na condição de contribuinte, é recomendável dose extra de desconfiança. A ideia agora é implantar um cadastro nacional de torcedores, que seria condição necessária para ter acesso aos estádios de futebol.

Boas intenções, como sempre, não faltam.

O propalado objetivo da medida é ampliar a segurança nas partidas de futebol. De posse de um cartão magnético contendo suas digitais, só torcedor "ficha-limpa" seria admitido depois da checagem numa catraca ultratecnológica; quem deve à Justiça seria barrado.

Ao que consta, contudo, poucos se puseram a verificar se, para atingir a pacificação nos estádios, é mesmo necessária tamanha elucubração cibernética. De saída, o método escolhido pelos dirigentes inverte a lógica: em vez de fichar apenas os suspeitos, os torcedores violentos, ficham-se todos. Além disso, barrar a entrada de uma pessoa num evento público porque ela não tem um "cartão de torcedor" parece abertamente inconstitucional.

Outro aspecto intrigante do projeto é que ele não fala em custos. Implementar o cadastro nacional, imprimir milhões de cartões magnéticos e instalar catracas "inteligentes" nos estádios não é barato.Mas o governo promete que a carteirinha sairá de graça para o torcedor.

Pretende destinar dinheiro dos impostos à aventura? Que suspeitos de sempre serão beneficiados com o monopólio da impressão de carteirinhas e outras facilidades?

A experiência internacional demonstra que a violência nos estádios se combate com ações convencionais das autoridades policiais e judiciárias e com um mínimo de adaptação nas leis penais. A receita é identificar os arruaceiros e bani-los das partidas de futebol -para sempre, nos casos mais extremos.

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Entrevista: José Roberto Torero
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O fatídico dia em que eles resolveram trocar de palco


domingo, janeiro 04, 2009

FUTEBOL E PAIXÃO III - ENTREVISTA - KELEN CRISTINA


Para encerrar a série de entrevistas, conversei com a colunista Kelen Cristina, do caderno de Esportes do Estado de Minas. A jornalista foi pontual ao definir a crônica esportiva atual como filha do seu tempo, por absorver características do jornalismo praticado hoje em dia, principalmente na internet. Ela não acredita em um empobrecimento do texto esportivo, mas numa mudança de época. Hoje, o leitor estaria mais habituado a textos curtos, rápidos e informativos.

Você acredita em um empobrecimento da crônica esportiva atual, quando comparada aos textos da década de 1950, assinados por Nelson Rodrigues, Mário Filho, Armando Nogueira?

Kelen Cristina – Outros tempos, outros leitores, outra linguagem. Acredito que generalizar e dizer que sim seria fácil demais. A discussão não se encerra no empobrecimento do autor/cronista, o que de fato pode ter havido, até mesmo em função do preparo dos jornalistas. É visível o desinteresse em muitos deles em se dedicar mais à leitura, ao conhecimento, ao preparo intelectual. Estão muito mais preocupados com a parte prática, em ir a campo, sem saber como esse background é importante no fim das contas. Falar de erros de português, então, é bobagem! Absurdos! Então, se não tem o básico, não vai ter mesmo a cereja do bolo, o vocabulário mais elaborado, uma linha de raciocínio clara e lógica. Daí o resultado.

Mas não se trata de todos - de novo, seria generalizar. Parafraseando o gênio Nelson Rodrigues - um de meus mestres, ao lado de Armando Nogueira - toda generalização é burra. Além disso, há uma via de mão dupla. Será que o leitor atual gostaria de ler crônicas ao estilo (rebuscado) daquelas escritas na década de 1950? Não estaria ele mais interessado em escritores objetivos e de linguagem mais direta, até pela profusão de novas ferramentas proporcionadas pela internet, como os blogs, que os habitua a leituras mais rápidas e condensadas?

Nas crônicas em que o enredo gira em torno de um personagem, como você faz a escolha e quais os critérios utilizados? Esse tipo de enredo, com um personagem principal, é bastante utilizado?

KC – Depende muito da relevância do personagem. Acho que cabe, sim, discorrer sobre um atleta ou um momento em especial, desde que o escritor apresente bons argumentos aos leitores e torne a leitura, além de agradável, informativa. Acredito que ele não deve se prender somente a divagar, limitando-se às suas opiniões. Sou da turma que gosta de aliar opinião e informação. É importante dar ao leitor subsídios para que ele também tire sua própria conclusão, em vez de chegar com respostas prontas.

Qual a prioridade em suas crônicas (comentário dos jogos, análise tática). E como o leitor reage: faz críticas, sugestões de pauta? A interatividade com o leitor ajuda na escolha da pauta do dia?

KC – A prioridade da coluna Tiro Livre é mostrar, sob um olhar especial, uma perspectiva diferente, o esporte, em geral, e especialmente o futebol. Não é analisar taticamente as partidas, descrever lances ou dizer apenas se o técnico está certo ou errado. Complementando a pergunta anterior, é levar ao leitor um personagem ou um lance que tenha passado despercebido ou não tenha merecido tanta atenção do noticiário do repórter. É sair do factual, mas, sobretudo, de forma informativa.

Os leitores participam muito, alguns elogiando, até por ver uma mulher assinando coluna de esportes, e alguns criticando, a maioria naquela velha dualidade: cruzeirense reclamando se escrevo sobre o Atlético e vice-versa. Talvez esse seja o grande desafio que percebi nos primeiros meses como colunista. É preciso ser universalista, sem esquecer do que ocorre em nosso quintal, para aproximar os temas dos leitores. Mas também tenho de procurar atender às duas torcidas. Buscar aspectos interessantes e tornar o texto aprazível, para merecer a leitura não apenas dos torcedores dos times à que a coluna se refere. E essa interatividade, às vezes, vira combustível para colunas sim.

Uma crônica desprovida de paixão é capaz de jogar na vala comum atletas que merecem um lugar na história? Jogadores como Rivaldo, Ronaldo, Romário, Bebeto e Dunga, que deram ao país o quarto e o quinto título mundial, e que jamais foram tratados com a reverência dedicada aos campeões de 1958, 1962 e 1970, tiveram tratamento adequado pelos cronistas atuais?

KC – Parei, pensei… mas não consegui responder a essa pergunta.

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Kelen Cristina é responsável pela coluna Tiro Livre, do jornal Estado de Minas. Assumiu o espaço ano passado, antes era repórter do próprio caderno. Respondeu às questões, por e-mail, em novembro de 2008

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Entrevista – Juca Kfouri
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O fatídico dia em que eles resolveram trocar de palco
Especial: Como os grupos de investimento atacam o futebol

quinta-feira, janeiro 01, 2009

FUTEBOL E PAIXÃO II - ENTREVISTA: JOSÉ ROBERTO TORERO

As mesmas perguntas sobre o passado e o futuro do jornalismo esportivo feitas ao Juca (no último post), foram enviadas ao jornalista José Roberto Torero – ao meu ver, um dos poucos representantes dos textos de futebol apaixonados e inventivos. Não houve grandes divergências entre as respostas dos dois. Aliás, ambos convergem a um mesmo questionamento: os leitores de hoje, ávidos por notícias rápidas e secas, teriam 'saco' para textos longos, apaixonados, poéticos, cheios de lirismo, que muitas vezes fogem a realidade do próprio esporte?

Você acredita em um empobrecimento da crônica esportiva atual, quando comparada aos textos da década de 1950, assinados por Nelson Rodrigues, Mário Filho, Armando Nogueira?

José Roberto Torero – Sim e não. Sim porque ninguém consegue ser tão bom quanto Nelson Rodrigues. Assim, qualquer tempo sem ele já é mais pobre. Por outro lado, hoje a crônica é mais técnica, mais bem informada, com mais conhecimento específico que a geração dos anos 50. E os textos, se não são tão bons quanto o do Nelson, têm uma boa variedade. Há gente mais política, como o Juca, mais filosófica, como o Tostão, e os metidos a engraçadinhos, como eu. Comparando com anos 80, por exemplo, esta primeira década do século está mais interessante.

Nas crônicas em que o enredo gira em torno de um personagem, como você faz a escolha e quais os critérios utilizados? Esse tipo de enredo, com um personagem principal, é bastante utilizado?

JRT – No meu caso, sim. Um bom exemplo são os textos onde uso o Zé Cabala para entrevistar algum jogador morto. Neste caso, o assunto é apenas e tão somente o defunto em questão.

Qual a prioridade em suas crônicas (comentário dos jogos, análise tática). E como o leitor reage: faz críticas, sugestões de pauta? Em caso de resposta positiva, a interatividade com o leitor ajuda na escolha da pauta do dia?

JRT – Como escrevo longe dos dias de jogos, tive que me especializar em textos frios, ou seja, raramente comento jogos ou assuntos mais quentes. Daí o uso de personagens como o Zé Cabala, Tico e Teco, etc... Acho que faço mais um comentário do comentário, são mais contos que crônicas esportivas.
O leitor faz críticas e sugestões de pauta, mas pouco. Mesmo na internet, ele ainda é um tanto passivo. Comenta muito, mas sugere pouco. Mas, em parte, porque nós, escritores de futebol, ainda não soubemos como aproveitar a internet. Uma exceção, no meu caso, foi a Copa dos Pesadelos, uma série que fiz em meu blog e que teve textos feitos a partir de sugestões enviadas pelos leitores (está disponível no blog).

Uma crônica desprovida de paixão é capaz de jogar na vala comum atletas que merecem um lugar na história? Jogadores como Rivaldo, Ronaldo, Romário, Bebeto e Dunga, que deram ao país o quarto e o quinto título mundial, e que jamais foram tratados com a reverência dedicada aos campeões de 1958, 1962 e 1970, tiveram tratamento adequado pelos cronistas atuais?

JRT – Acho que tiveram a atenção e os elogios que mereceram. E vou defender aqui a crônica sem paixão, ou melhor, sem babação: acredito que a paixão não é uma qualidade absoluta. Ela pode ser desagradável (tirando Nelson Rodrigues e Armando Nogueira, que outro cronista com paixão faz textos decentes?). Acho que não se pode ter Nelson Rodrigues como o paradigma absoluto da crônica esportiva, assim como não deve ser do teatro e do conto. Criar apelidos fantásticos e tecer loas épicos é divertido, mas não combina tanto com o futebol de hoje, e a crônica é filha do seu tempo.

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José Roberto Torero, 47, é formado em Letras pela USP. É escritor, roteirista, jornalista e, de quebra, cronista esportivo da Folha. Começou a escrever sobre futebol no Jornal da Tarde e, depois, mudou-se para a Placar. Venceu o Prêmio Jabuti, em 1995. Respondeu às questões, por e-mail, em outubro de 2008.


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Entrevista – Juca Kfouri
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quarta-feira, dezembro 31, 2008

FUTEBOL E PAIXÃO - ENTREVISTA - JUCA KFOURI

Para fechar bem 2008, vou lançar uma série de entrevistas com três dos maiores cronistas esportivos da atualidade, que tive oportunidade de trocar e-mails nos últimos meses. O assunto permitiu uma análise do jornalismo esportivo atual e como o 'empobrecimento' deste pode influir na própria relação torcedor/esporte.

As perguntas que guiaram o trabalho – compartilhada por Paulo Vinicius Coelho –, foram: uma crônica desprovida de paixão pode jogar na vala comum atletas importantes da nossa história como Romário, Bebeto, Dunga, etc.? Esses jogadores também poderiam ganhar status quase 'sobre-humanos', como os campeões dos três primeiros mundiais pela Seleção, caso fossem descritos por jornalistas como Nelson, Armando Nogueira e Mário Filho?

A dissertação evidenciou as principais mudanças do gênero nos últimos 50 anos. Foram analisados textos de Tostão, Daniel Piza, Torero, Kfouri e Kelen Cristina, sob a luz de Nelson. Enfim, nossa crônica esportiva empobreceu ou não?

Você acredita em um empobrecimento da crônica esportiva atual, quando comparada aos textos da década de 1950, assinados por Nelson Rodrigues, Mário Filho, Armando Nogueira?

Juca Kfouri – Sem dúvida, porque, então, existia o “cronista” esportivo, coisa que hoje tem apenas mestre Armando Nogueira como representante. Mas me pergunto se nesta época de pouco tempo para leitura, de necessidade de informação, se seria mesmo possível manter o estilo dos citados. Ainda mais que eles se beneficiavam do fato de nem existir o videotape...

Nas crônicas em que o enredo gira em torno de um personagem, como você faz a escolha e quais os critérios utilizados? Esse tipo de enredo, com um personagem principal, é bastante utilizado?

JK – Eu raramente uso esse artifício, principalmente no quente de uma rodada. A menos que seja uma atuação assim como a do Zidane, contra o Brasil, na Copa passada. Ou que haja um drama pessoal como um frango decisivo de São Marcos.

Qual a prioridade em suas crônicas (comentário dos jogos, análise tática). E como o leitor reage: faz críticas, sugestões de pauta? A interatividade com o leitor ajuda na escolha da pauta do dia?

JK – A interatividade ajuda no blog, no jornal não. Eu prefiro tratar de bastidores e de emoções e não gosto muito da análise tática, porque ainda acho que o talento é que decide.

Uma crônica desprovida de paixão é capaz de jogar na vala comum atletas que merecem um lugar na história? Jogadores como Rivaldo, Ronaldo, Romário, Bebeto e Dunga, que deram ao país o quarto e o quinto título mundial, e que jamais foram tratados com a reverência dedicada aos campeões de 1958, 1962 e 1970, tiveram tratamento adequado pelos cronistas atuais?

JK – Os três primeiros, sem dúvida. Há belíssimos textos sobre todos eles. Bebeto e Dunga são, de fato, personagens menores.

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Juca Kfouri, 67, é o cronista esportivo brasileiro mais influente da atualidade. Formado em Ciências Sociais, trabalha com esportes desde a década de 1970, quando foi convidado para ser chefe de reportagem da Placar. Tem um defeito: é corintiano. Escreve na Folha de São Paulo e no Blog do Juca, apresenta programas na rádio CBN e na ESPN Brasil. Respondeu à entrevista, por e-mail, em outubro de 2008.

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terça-feira, dezembro 30, 2008

CANAL 100 - Imagens líricas do futebol


"Foi a equipe do CANAL 100 que inventou uma nova distância entre o torcedor e o craque, entre o torcedor e o jogo, grandes mitos do nosso futebol, em dimensão miguelangesca, em plena cólera do gol. Suas coxas plásticas, elásticas enchendo a tela. Tudo o que o futebol brasileiro possa ter de lírico, dramático, patético, delirante..." Nelson Rodrigues.

Sobretudo, o cinema mostrou seu valor à sociedade ao registrar e imortalizar os fatos dos últimos 112 anos, ao retratar as mudanças culturais, políticas e sociais desse período – e, ao recriar e representar a história da humanidade, tornar-se fonte confiável de um tempo antecessor à sua própria criação.

Antes mesmo de assumir o formato no qual o conhecemos hoje, em 1916, com Griffith, o cinema já padecia de uma cruel dúvida: enveredava ao registro fiel da sociedade, tal Lumiére, ou partia para um mundo abstrato, lírico, onírico, que não podíamos alcançar, à exemplo de Mélies?

Felizmente, fez os grandes mestres do cinema que essas duas vertentes, antes incompatíveis, pudessem se juntar mais adiante (como em Borges, em Ficciones, as veredas se bifurcam). Nasceram os cinejornais que, num período pré-televisão, transmitiam os acontecimentos entre uma edição e outra (notícias) utilizando os recursos grandiosos das imagens de cinema.

Daí nasceram mitos. No Brasil, pelas lentes das câmeras do Canal 100, Pelé foi entronado Rei; Garrincha virou anjo das pernas tortas e Zizinho tornou-se herói. Chefiado pelo diretor Carlos Niemeyer, a produtora funcionou até 1985, quando o governo de Figueiredo (influenciado por lobistas ligados ao cinema americano) cortou as verbas e inviabilizou a produção.

Ao estudar o jornalismo esportivo da década de 1950, em meu trabalho de conclusão de curso, descobri que o Canal 100, ao lado das crônicas de Nelson, Armando Nogueira e Mário Filho, são alguns dos poucos registros de uma época que o futebol era fascinante, grandioso, mítico.

Vale conferir o site do canal 100 e seu arquivo de vídeos. Assistir aos dribles de Garrincha, aos lançamentos de Gérson, à genialidade de Tostão. Conferir jogos memoráveis, como a vitória do Cruzeiro, de Evaldo, Natal e Dirceu Lopes, sobre o Santos, de Pelé, por 6 a 2, na final da Taça Brasil, em 1966.
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+ Futebol no blog

quarta-feira, outubro 01, 2008

O fatídico dia em que eles resolveram trocar de palco

Esses dias, numa brincadeira de fim de treino, o técnico Adílson Batista brincou comigo, dizendo que “para agüentar vocês (jornalistas), só ao som de Maria Rita”, referindo-se ao álbum da filha da Elis, que estava no playlist. E, como a relação do futebol com as artes sempre me desperta interesse, resolvi abrir o baú de quinquilharias cibernéticas (Google) e investigar a ligação desses dois mundos tão distantes: o futebol e a música.

Descobri que alguns gênios da bola resolveram trocar de palco por alguns instantes. E confesso que minhas descobertas foram tão ruins quanto assistir Guarani e Villa Nova, pelo Campeonato Mineiro. Além da conhecida e não tão majestosa incursão do Rei Pelé pelo mundo da música, achei por intermédio do blog Ipisis Litteris um álbum gravado pelo genial Johan Cruijff.

Se nosso rei gravou faixas um tanto quanto melosas, como “O coraçao do rei”, “Amor e agressão”, sob a tutela do pianista e arranjador Sérgio Mendes, o holandês não fez por menos: lançou músicas com o nome de “Oei oei oei (dat was me weer een loei)” e “Alle stoppen ineens naar de knoppen”, que não faço a mínima idéia do que se tratam. De flamengo (idioma dos países baixos), só entendo do nosso, aliás, meu time do coração.

E não pára por ai: lembram do goleiro Ronaldo? Ele foi bandleader do Ronaldo e os Impedidos, grupo de rock’n roll, em alto e bom som, formado na capital paulista.

Você ainda acha que não dá pra piorar? Marcelinho Carioca criou o grupo Divina Inspiração, uma espécie de pagode gospel, com o auxilio do volante Amaral, que provou não ser apenas um rostinho bonito e mostrou talento aos pandeiros.
Outro companheiro de Timão, o atacante Mirandinha, foi o idealizador do grupo Só pro meu prazer. No mesmo ramo, porém fora dos palcos,
Denílson tornou-se o comandante do Soweto, na década de 1990.

Enfim, percebe-se que alguns atletas perderam preciosos minutos de peladas com os amigos para se dedicarem à musica. Para quem acha que o futebol carece de arte nos últimos tempos, basta ouvir os discos para ter certeza que esses artistas não devem sair de onde estão.


quinta-feira, setembro 18, 2008

E eis que Deus adentra às quatro linhas

Excelente matéria assinada por Cathrin Gilbert, da revista alemã Der Spiegel, tradução de George El Khouri Andolfato. A matéria na íntegra você pode acompanhar no Mídia Global (para assinates UOL) e neste link (para não assinantes).



Muitos brasileiros que jogam por clubes de futebol europeus são membros de congregações pentecostais e estão determinados a divulgar sua fé. Apesar dos jogadores terem que doar um décimo de sua renda considerável para suas igrejas, eles freqüentemente não sabem onde vai parar o dinheiro.

Marcelo Bordon, um zagueiro de futebol, é um verdadeiro urso. Ele está sentado no restaurante de propriedade do Schalke 04, o time da Bundesliga (o campeonato alemão de futebol) no qual joga. Com seu cabelo alisado para trás, corpo musculoso e tatuagens, ele poderia facilmente se passar por um guarda de prisão em Nova Jersey. Mas ele fala suavemente, explicando o amor que o ajuda quando está em dificuldades, e sobre aquele que sempre esteve lá para ajudá-lo, desde que entrou na sua vida. Bordon fala do Espírito Santo.

O brasileiro de Ribeirão Preto, que veio para a Alemanha em 1999, é um evangélico. Ele é membro de uma igreja pentecostal carismática, que prega um respeito rígido à Bíblia e um "relacionamento pessoal com Deus". Esta é, segundo ele, a única igreja verdadeira de Jesus Cristo. Bordon, 32 anos, exibe uma tatuagem entre seus ombros, com as palavras "Jesus é minha Força" gravadas em sua pele em letra ornada.

A Bíblia nos diz para sermos soldados de Deus, ele diz, tomando um suco de maçã.

Cerca de 35 milhões de brasileiros - quase um entre cinco - são evangélicos. O número deles cresce em dois milhões ao ano, e 70% deles são, como Bordon, membros de congregações pentecostais carismáticas.

Há 40 anos, o Brasil ainda era um país 90% católico. Mas agora que os evangélicos mudaram seu foco da conversão dos pobres para a pregação de que a riqueza e o consumo são sinais de verdadeira fé, eles estão começando a ter apelo junto a artistas, políticos e atletas bem remunerados. Os jogadores de futebol, uma das exportações mais bem-sucedidas do Brasil, estão levando sua fé para o mundo.

No passado, eram jogadores como Jorginho e Paulo Sérgio do Bayer Leverkusen que convidavam publicamente outros jogadores para participarem dos grupos de discussão da Bíblia. Depois disso, jogadores como Zé Roberto e Lúcio do Bayern de Munique, ou Cacau do Stuttgart, exibiam suas camisetas brancas com frases como "Jesus Te Ama" após cada gol em uma partida da Bundesliga. Eles tiravam mecanicamente a camisa do seu time que vestiam sobre suas camisetas de Jesus.

Agora que a Fifa, a federação internacional de futebol, proibiu toda declaração política e religiosa no material esportivo dos jogadores, os evangélicos passaram a celebrar de forma mais discreta. O meio-campista Gilberto, que jogou pelo Hertha BSC de Berlim até janeiro, agora reza em Londres, no Tottenham Hotspur, o jogador Edmílson ora em Villarreal, Espanha, Cris, em Lyon, Luisão, em Lisboa, e o astro Kaká, em Milão. (...)

sexta-feira, agosto 15, 2008

Grupos de investimento invadem o futebol

A prática não é nova e, certamente, esse filme você já viu: no auge do campeonato, seu time do coração disputa as primeiras colocações e, mesmo a contragosto do clube e da torcida, os principais jogadores são negociados ao futebol do exterior*

Renan Damasceno - Portal Uai

Desde a implantação da Lei Pelé, há 10 anos - que veio para acabar com a "escravidão" dos jogadores de terem seu passe preso estritamente a clubes de futebol -, pipocaram empresários, grupos de investimento, donos de supermercado, hospital e banqueiros bem dispostos a lucrarem com atletas e aproveitarem da penúria financeira das principais equipes brasileiras.

A invasão de terceiros no futebol, em evidência nas principais negociações milionárias dos últimos anos - especialmente para times europeus e do Oriente Médio -, foi um dos efeitos colaterais da lei, em vigor desde março de 1998. "Efeito colateral" pois nem sempre o interesse desses investidores são os mesmos dos clubes e torcedores e, sim, a busca por lucros cada vez maiores. A intenção é fazer dinheiro e não "amor à camisa".

Em entrevista recente ao repórter Andrew Downie, do The New York Times (matéria Trading in soccer talent, de 19 de julho), o empresário Thiago Ferro, parceiro no departamento de investimento em futebol do Grupo Sonda, revelou que o grupo investe em média US$ 10 milhões por ano em novos talentos e que os valores estão crescendo rapidamente por causa dos lucros, que, segundo ele, chegam a 150% ao ano.

*A matéria na íntegra você confere no Portal Uai - Estado de Minas.

Leia também:

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* Conheça algumas das empresas que investem pesado em jogadores