sexta-feira, janeiro 30, 2009

Será o fim do jornalismo impresso? – parte 2


Circulação de jornais cresce 5% em 2008

A circulação média diária de jornais no Brasil cresceu 5% em 2008 em relação a 2007. O número médio de exemplares vendidos passou de 4,14 milhões para 4,35 milhões. Apesar do crescimento, o resultado é inferior ao alcançado em anos anteriores. Em 2007 o aumento foi de 11,8% e em 2006, de 6,5%. Os dados são do Instituto Verificador de Circulação (IVC).

É prematuro qualquer análise no momento: “O crescimento de 2007 é que foi muito alto. Ainda está um pouco cedo para fazer qualquer estimativa. Mas acreditamos que, mesmo com o cenário desfavorável, existem boas oportunidades para a circulação de jornais ter um bom comportamento, de continuar crescendo em 2009”, diz Ricardo Costa, diretor-geral do IVC.

O diretor-executivo da Associação Nacional de Jornais Ricardo Pedreira comemorou o resultado alcançado no ano. Também considera cedo para fazer previsões para 2009, mas acredita em crescimento, principalmente dos jornais populares.

“É um crescimento bastante bom, embora seja menor que o alcançado em 2007. Mas não havia qualquer expectativa que a gente pudesse repetir o mesmo resultado de 2007. A explicação principal para esse crescimento continua sendo o jornal popular. Para 2009, acreditamos que ainda existe espaço para crescimento, principalmente nas camadas populares”, avalia.

Super Notícia cresce 27% – O mineiro Super Notícia é um exemplo disso. Em 2007 ocupava o quinto lugar no ranking de circulação. Em 2008 foi o segundo. As vendas do jornal, que custa R$ 0,25, aumentaram 27,02% em um ano, deixando para trás os tradicionais O Globo e O Estado de S. Paulo.

Folha é o jornal com maior circulação – A Folha de S. Paulo continua na ponta do ranking, fechando 2008 com circulação média diária de 311.287 exemplares, 2,87% maior que em 2007. Ela é seguida pelo Super Notícia, com média de 303.087.

O Globo, que em 2007 ocupava o segundo lugar no ranking de circulação, também foi ultrapassado pelo Extra. Não por ter perdido circulação, mas por crescer em um ritmo mais lento, apenas 0,38%, com média diária de 281.407. O Extra cresceu 5,05%, alcançando 287.382.

O Estado de S. Paulo aparece em quinto lugar, com 245.966 e crescimento de 1,82%. Na lista dos 15 maiores jornais diários, apenas O Dia e o Diário de S. Paulo perderam circulação em 2008.

Está no Comunique-se, de 29/01/2009.

(Ao lado, o ranking dos jornais mais vendidos no Brasil)

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segunda-feira, janeiro 26, 2009

Kind of Blue: 50 anos - Jimmy Cobb no Brasil


Último remanescente do sexteto que gravou o cultuado Kind of Blue, de Miles Davis, o baterista Jimmy Cobb virá ao Brasil para um concerto comemorativo dos 50 anos dessa obra-prima do jazz, gravada em 1959, pela Columbia Records, em Nova York – John Coltrane, Paul Chambers, Bill Evans, Cannonball adderley, já falecidos, completavam o grupo.

O show fará parte do 2º festival Bridgestone Music, que acontecerá em maio, no Citibank Hall, em São Paulo. Cobb, que nos anos 70 esteve no Brasil com Sarah Vaughan, terá a seu lado a So What Band. O concerto "Kind of Blue @ 50" já está agendado para alguns dos maiores festivais americanos, além de clubes e festivais da Europa e do Japão.

O músico estadunidense, de 79 anos, tem currículo invejável: já acompanhou Dizzy Gillespie, Gil Evans e Billie Holiday, mas costuma ser mencionado como o baterista do cultuado disco de Miles, o mais vendido de todos os tempos, com cerca de 3 milhões de cópias. "Se Miles pudesse saber que 'Kind of Blue' se tornaria tão famoso, teria exigido ao menos uma ou duas Ferraris como adiantamento para gravá-lo", disse o baterista, em entrevista à Folha, em janeiro.


sexta-feira, janeiro 16, 2009

Faça sua festa!


Update: Acabo de conhecer o site Bush Bye Bye Party, página que convoca pessoas do mundo inteiro para um verdadeiro ‘bota-fora', em 19 de janeiro: uma grande festa comemorando a saída do presidente estadunidense George W. Bush. Até esta sexta-feira (a dois dias, 23 horas e 39 minutos do fim do mandato, de acordo com o próprio site), 922 haviam cadastrado suas festinhas, algumas no Brasil.

As 10 piores frases de George Bush


1 - "Eu quero agradecer ao meu amigo, o senador Bill Frist, por se juntar a nós hoje. Ele se casou com uma menina do Texas. Uma menina do Oeste do Texas, exatamente como eu." (Nashville, Tennessee, 27/05/2004)

2 - "Eu sei que os seres humanos e os peixes não podem coexistir pacificamente." (Saginaw, Michigan, 29/09/2000)

3 - "Aqueles que entram no país ilegalmente violam a lei." (Tucson, Arizona, 28/11/2005)

4 - "Eu acho que a guerra é um lugar perigoso." (Washington, 7/05/2003)

5 - "O embaixador e o general estavam me relatando: a grande maioria dos iraquianos querem viver em um mundo pacífico e livre. E nós vamos achar essas pessoas e levá-las à Justiça." (Washington, 27/10/2003)

6 - "Ler é básico para todo o aprendizado." (Reston, Virginia, 28/05/2000)

7 - "Eu entendo o crescimento dos negócios pequenos. Eu fui um." (Entrevista ao New York Daily News, 19/02/2000)

8 - "É claramente um orçamento. Tem muitos números nele." (Entrevista à agência de notícias Reuters, 5/05/2000)

9 - "Doutores demais estão deixando o negócio. Muitos obstetras e ginecologistas não estão podendo praticar o seu amor às mulheres pelo país." (Poplar Bluff, Missouri, 6/10/2004)

10 - "Eu sou o decisor, e eu decido o que é melhor."(Washington, 18/04/2006)

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Papo de buteco: Entenda a crise americana
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Lista completa de oito anos de 'bushismos'
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terça-feira, janeiro 06, 2009

Será o fim do jornal impresso?


Dizem que o jornal impresso está com os dias contados: pesquisas indicam que não durará mais do que trinta anos. Apesar dos estudos apontarem para esse rumo quase inevitável, acredito que a imprensa de papel passará por mudanças. Em vez do jornalismo rápido, seco e instantâneo da internet, se tornará mais analítico, especializado e crítico. É evidente que, no meio dessa enxurrada de informações, uma hora precisaremos sentar, respirar e analisar os acontecimentos desse início de milênio...

E aí, será que o reino de papel vai se esfarelar?

Está em O Globo de 05/01/2009:

Internet supera jornais como principal fonte de noticias nos EUA

A internet bateu os jornais impressos como principal fonte de informação nos EUA, de acordo com um relatório do Pew Research Center divulgado nesta segunda-feira pelo New York Times. Segundo a reportagem, a mudança não representa um declínio na popularidade dos jornais de papel, que tiverem maior audiência no ano passado do quem em 2007. Os números mostram, por outro lado, um grande aumento da internet como fonte primária de notícias, de 24% em 2007 para 40% no ano passado. Os jornais ficam com 35% do total.

Leia na íntegra....
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domingo, janeiro 04, 2009

FUTEBOL E PAIXÃO III - ENTREVISTA - KELEN CRISTINA


Para encerrar a série de entrevistas, conversei com a colunista Kelen Cristina, do caderno de Esportes do Estado de Minas. A jornalista foi pontual ao definir a crônica esportiva atual como filha do seu tempo, por absorver características do jornalismo praticado hoje em dia, principalmente na internet. Ela não acredita em um empobrecimento do texto esportivo, mas numa mudança de época. Hoje, o leitor estaria mais habituado a textos curtos, rápidos e informativos.

Você acredita em um empobrecimento da crônica esportiva atual, quando comparada aos textos da década de 1950, assinados por Nelson Rodrigues, Mário Filho, Armando Nogueira?

Kelen Cristina – Outros tempos, outros leitores, outra linguagem. Acredito que generalizar e dizer que sim seria fácil demais. A discussão não se encerra no empobrecimento do autor/cronista, o que de fato pode ter havido, até mesmo em função do preparo dos jornalistas. É visível o desinteresse em muitos deles em se dedicar mais à leitura, ao conhecimento, ao preparo intelectual. Estão muito mais preocupados com a parte prática, em ir a campo, sem saber como esse background é importante no fim das contas. Falar de erros de português, então, é bobagem! Absurdos! Então, se não tem o básico, não vai ter mesmo a cereja do bolo, o vocabulário mais elaborado, uma linha de raciocínio clara e lógica. Daí o resultado.

Mas não se trata de todos - de novo, seria generalizar. Parafraseando o gênio Nelson Rodrigues - um de meus mestres, ao lado de Armando Nogueira - toda generalização é burra. Além disso, há uma via de mão dupla. Será que o leitor atual gostaria de ler crônicas ao estilo (rebuscado) daquelas escritas na década de 1950? Não estaria ele mais interessado em escritores objetivos e de linguagem mais direta, até pela profusão de novas ferramentas proporcionadas pela internet, como os blogs, que os habitua a leituras mais rápidas e condensadas?

Nas crônicas em que o enredo gira em torno de um personagem, como você faz a escolha e quais os critérios utilizados? Esse tipo de enredo, com um personagem principal, é bastante utilizado?

KC – Depende muito da relevância do personagem. Acho que cabe, sim, discorrer sobre um atleta ou um momento em especial, desde que o escritor apresente bons argumentos aos leitores e torne a leitura, além de agradável, informativa. Acredito que ele não deve se prender somente a divagar, limitando-se às suas opiniões. Sou da turma que gosta de aliar opinião e informação. É importante dar ao leitor subsídios para que ele também tire sua própria conclusão, em vez de chegar com respostas prontas.

Qual a prioridade em suas crônicas (comentário dos jogos, análise tática). E como o leitor reage: faz críticas, sugestões de pauta? A interatividade com o leitor ajuda na escolha da pauta do dia?

KC – A prioridade da coluna Tiro Livre é mostrar, sob um olhar especial, uma perspectiva diferente, o esporte, em geral, e especialmente o futebol. Não é analisar taticamente as partidas, descrever lances ou dizer apenas se o técnico está certo ou errado. Complementando a pergunta anterior, é levar ao leitor um personagem ou um lance que tenha passado despercebido ou não tenha merecido tanta atenção do noticiário do repórter. É sair do factual, mas, sobretudo, de forma informativa.

Os leitores participam muito, alguns elogiando, até por ver uma mulher assinando coluna de esportes, e alguns criticando, a maioria naquela velha dualidade: cruzeirense reclamando se escrevo sobre o Atlético e vice-versa. Talvez esse seja o grande desafio que percebi nos primeiros meses como colunista. É preciso ser universalista, sem esquecer do que ocorre em nosso quintal, para aproximar os temas dos leitores. Mas também tenho de procurar atender às duas torcidas. Buscar aspectos interessantes e tornar o texto aprazível, para merecer a leitura não apenas dos torcedores dos times à que a coluna se refere. E essa interatividade, às vezes, vira combustível para colunas sim.

Uma crônica desprovida de paixão é capaz de jogar na vala comum atletas que merecem um lugar na história? Jogadores como Rivaldo, Ronaldo, Romário, Bebeto e Dunga, que deram ao país o quarto e o quinto título mundial, e que jamais foram tratados com a reverência dedicada aos campeões de 1958, 1962 e 1970, tiveram tratamento adequado pelos cronistas atuais?

KC – Parei, pensei… mas não consegui responder a essa pergunta.

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Kelen Cristina é responsável pela coluna Tiro Livre, do jornal Estado de Minas. Assumiu o espaço ano passado, antes era repórter do próprio caderno. Respondeu às questões, por e-mail, em novembro de 2008

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Entrevista – Juca Kfouri
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quinta-feira, janeiro 01, 2009

FUTEBOL E PAIXÃO II - ENTREVISTA: JOSÉ ROBERTO TORERO

As mesmas perguntas sobre o passado e o futuro do jornalismo esportivo feitas ao Juca (no último post), foram enviadas ao jornalista José Roberto Torero – ao meu ver, um dos poucos representantes dos textos de futebol apaixonados e inventivos. Não houve grandes divergências entre as respostas dos dois. Aliás, ambos convergem a um mesmo questionamento: os leitores de hoje, ávidos por notícias rápidas e secas, teriam 'saco' para textos longos, apaixonados, poéticos, cheios de lirismo, que muitas vezes fogem a realidade do próprio esporte?

Você acredita em um empobrecimento da crônica esportiva atual, quando comparada aos textos da década de 1950, assinados por Nelson Rodrigues, Mário Filho, Armando Nogueira?

José Roberto Torero – Sim e não. Sim porque ninguém consegue ser tão bom quanto Nelson Rodrigues. Assim, qualquer tempo sem ele já é mais pobre. Por outro lado, hoje a crônica é mais técnica, mais bem informada, com mais conhecimento específico que a geração dos anos 50. E os textos, se não são tão bons quanto o do Nelson, têm uma boa variedade. Há gente mais política, como o Juca, mais filosófica, como o Tostão, e os metidos a engraçadinhos, como eu. Comparando com anos 80, por exemplo, esta primeira década do século está mais interessante.

Nas crônicas em que o enredo gira em torno de um personagem, como você faz a escolha e quais os critérios utilizados? Esse tipo de enredo, com um personagem principal, é bastante utilizado?

JRT – No meu caso, sim. Um bom exemplo são os textos onde uso o Zé Cabala para entrevistar algum jogador morto. Neste caso, o assunto é apenas e tão somente o defunto em questão.

Qual a prioridade em suas crônicas (comentário dos jogos, análise tática). E como o leitor reage: faz críticas, sugestões de pauta? Em caso de resposta positiva, a interatividade com o leitor ajuda na escolha da pauta do dia?

JRT – Como escrevo longe dos dias de jogos, tive que me especializar em textos frios, ou seja, raramente comento jogos ou assuntos mais quentes. Daí o uso de personagens como o Zé Cabala, Tico e Teco, etc... Acho que faço mais um comentário do comentário, são mais contos que crônicas esportivas.
O leitor faz críticas e sugestões de pauta, mas pouco. Mesmo na internet, ele ainda é um tanto passivo. Comenta muito, mas sugere pouco. Mas, em parte, porque nós, escritores de futebol, ainda não soubemos como aproveitar a internet. Uma exceção, no meu caso, foi a Copa dos Pesadelos, uma série que fiz em meu blog e que teve textos feitos a partir de sugestões enviadas pelos leitores (está disponível no blog).

Uma crônica desprovida de paixão é capaz de jogar na vala comum atletas que merecem um lugar na história? Jogadores como Rivaldo, Ronaldo, Romário, Bebeto e Dunga, que deram ao país o quarto e o quinto título mundial, e que jamais foram tratados com a reverência dedicada aos campeões de 1958, 1962 e 1970, tiveram tratamento adequado pelos cronistas atuais?

JRT – Acho que tiveram a atenção e os elogios que mereceram. E vou defender aqui a crônica sem paixão, ou melhor, sem babação: acredito que a paixão não é uma qualidade absoluta. Ela pode ser desagradável (tirando Nelson Rodrigues e Armando Nogueira, que outro cronista com paixão faz textos decentes?). Acho que não se pode ter Nelson Rodrigues como o paradigma absoluto da crônica esportiva, assim como não deve ser do teatro e do conto. Criar apelidos fantásticos e tecer loas épicos é divertido, mas não combina tanto com o futebol de hoje, e a crônica é filha do seu tempo.

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José Roberto Torero, 47, é formado em Letras pela USP. É escritor, roteirista, jornalista e, de quebra, cronista esportivo da Folha. Começou a escrever sobre futebol no Jornal da Tarde e, depois, mudou-se para a Placar. Venceu o Prêmio Jabuti, em 1995. Respondeu às questões, por e-mail, em outubro de 2008.


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