domingo, novembro 29, 2009

#videodasemana: Dizzy Gillespie - Tin Tin Deo (1965)



Embora seu nome seja sempre acompanhado de duas vírgulas reducionistas, atribuindo-lhe a alcunha de "um dos pais do Bebop", Dizzy Gillespie também é responsável pela difusão de uma das mais criativas fusões do jazz americano: a vertente afro-cubana, mais tarde conhecida como Latin Jazz.

Influenciado desde a década de 1930 por músicos e compositores da ilha, como Mario Bauzá e Chano Pozo, Dizzy apresentou em 1947, no Carnegie Hall, seu primeiro sucesso afro-cubano, a obra-prima Manteca, em parceria com Pozo. Além de escrever seu nome como um dos precursores do gênero em formação, o trumpetista também cessara as reclamações do público, de que o bebop não servia para dançar.

Nas décadas seguintes, Dizzy continuou seu esforço pela aproximação da música cubana, americana e brasileira. Na década de 1970, visitou Cuba pela primeira vez, firmando parceria com o também trumpetista Arturo Sandoval. Na década seguinte, formou a United Nation Orchestra, que chegou a se apresentar no Brasil, em 1991.

"Acho que em 15, 20 anos a música dos Estados Unidos, de Cuba e do Brasil, que são as mais importantes do mundo, vão se tornar uma só. E eu vou estar aí pra ver"


Dizzy não viu sua profecia, feita em 1985, se concretizar, pois morreu oito anos mais tarde. No vídeo acima, outra parceria de Dizzy e o compositor e comediante cubano Chano Pozzo, Tin Tin Deo, executado em 1965, pelo quinteto de Dizzy, ao trumpete, James Moody, ao sax, Christopher, ao baixo, Kenny Barron, ao piano e Rudy Collins, à bateria.

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Conforme já apresentou este blog, Dizzy também gravou, em turnê por terras brasileiras, em 1974, um disco raríssimo com o Trio Mocotó, material nunca lançado, que ficou sumido até início deste ano. O bebop é citado no texto O Jazz na tela grande. A música cubana, por regra, foi representada pelo post sobre Buena Vista Social Club e demais ritmos latinos estão aqui.

sábado, novembro 28, 2009

Assessoria...


Nesta sexta-feira (27/11) o Moviola esteve na capa do site Youtag, uma interessante comunidade de conteúdo aberto, no qual vários links para blogs são constantemente disponibilizados. O post que mereceu destaque no site foi As 10 piores frases de Bush (estavam com saudades?), de 16 de janeiro deste ano. A indicação rendeu mais de 200 visitas únicas. Espero que continuem por aqui.

sábado, novembro 21, 2009

#videodasemana: John Coltrane - Naima (1965)




Apesar de A Love Supreme ser, com todos os méritos, o disco mais louvado de John Coltrane, meu preferido é o Giant Steps, álbum de 1960, o segundo do saxofonista lançado pelo selo Atlantic. Recheado de clássicos, que se tornaram standards do gênero nas décadas seguintes, como Giant Steps, Cousin Mary e Naima, o álbum foi escolhido o número 102 na lista dos maiores e mais influentes álbuns de todos os tempos.

Acima, Coltrane executa Naima, a sexta faixa de Giant Steps. É acompanhado por McCoy Tyner, ao piano, Jimmy Garrison, ao baixo e Elvin Jones, à bateria. Apresentação de 25 de julho de 1965, em Antibes, na costa azul francesa.

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John Coltrane foi citado neste blog em diversas matérias sobre o cinquentenário do Kind of Blue, do trompetista Miles Davis, gravado em 1959. Outros vídeos e matérias de Jazz você encontra neste link aqui.

sexta-feira, novembro 20, 2009

"Em Nova York todo mundo fala Bírous"

Acabo de ler "O Som do Pasquim", uma deliciosa compilação de entrevistas com músicos publicadas n'O Pasquim, revista que reuniu o melhor time da história do jornalismo cultural brasileiro. Certamente, o ponto alto da coletânea, organizada pelo Tárik de Souza, é a entrevista de Agnaldo Timóteo, concedida aos jornalistas Júlio Hungria, Jaguar, Millôr e ao conterrâneo de Caratinga, Ziraldo.

Nada escapa à lingua afiada do cantor. Chico Buarque: uma merda. Caetano: não é cantor. Frank Sinatra: um cantor de voz bonita, comum, sem nada de excepcional. Milton Nascimento: burro. Roberto Carlos: inteligente, ganha 300 pratas por mês. Bírous: ...peraí...Bírous??

Ele explica:

"Todo mundo fala The Beatles. E quando estive lá em NY, um amigo meu disse que 'Bírous é demais'. Então eu perguntei: 'por que Bírous'. Ele me explicou. 'Aqui em Nova York todo mundo fala Bírous".

Tudo bem, explicado. Além de Timóteo, também estão no livro: Tom Jobim, Chico Buarque, Caetano Veloso ("um gênio, espanto, e não podemos fazer nada", segundo Glauber), Waldick Soriano, Raul Seixas, Lupicínio Rodrigues e mais alguns. É de dar gargalhada. Recomendo.

*Os cartoons que ilustram o post e o livro são do Nássara (.n).

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Nesta moviola, a MPB foi explicada neste artigo. Waldick, o Durango Kid brasileiro, que ganhou documentário ano passado, mereceu um artigo só pra ele. Chico, de tantas paixões, sobrou nas quatro linhas. Do Milton, tem praticamente uma coletânea de textos. Jornalismo Cultural, então, nem se fala.

terça-feira, novembro 10, 2009

#Fotododia: Minas/Goiás

Foto tirada às 14h35, em um posto de combustível na BR-040, a 20 km da divisa entre Minas Gerais e Goiás. O vermelho da poeira levantada pelos caminhões carregados de cana-de-açucar faz com que a região envelheça rapidamente. Tudo é velho, com ares de abandono. Minutos depois, já no cerrado do centro-oeste brasileiro, nos encontramos com nuvens carregadas, que mudaram o horizonte de verde para acinzentado.


Sobre minissaias e saias justas


Está na coluna de Ruy Castro desta semana:

A história de Geyse, a estudante agredida por 700 colegas de faculdade em São Bernardo do Campo por usar um vestido curto, me devolveu a 1967, quando nós, os rapazes do 1º ano do curso de Ciências Sociais da FNFi (Faculdade Nacional de Filosofia), no Rio, víamos com muito prazer o fato de que a maioria das meninas da turma ia de minissaia à aula.

Não eram minissaias sóbrias, a menos de um palmo do joelho, como o vestido de Geyse. Eram muito mais curtas. E nenhuma das moças, por mais bonita, fazia aquilo para provocar. Elas eram modernas, liberadas e gostavam de namorar – claro que só namoravam quem quisessem. Algumas liam Régis Débray; outras, Hermann Hesse; e, ainda outras, “Peanuts”; mas todas eram divertidas, inteligentes e politicamente atuantes.

No dia seguinte às passeatas contra a ditadura na avenida Rio Branco, uma ou duas apareciam na faculdade com as coxas e canelas salpicadas de curativos, resultado das bombas de 'efeito moral' que os agentes do Dops soltavam no meio da turba e, ao explodir, despejavam estilhaços que cortavam de verdade. Ao contrário de nossos jeans, grossos como couro e que nos protegiam as pernas, as minissaias expunham as garotas a esses riscos – que elas enfrentavam com graça e coragem.

Várias lutaram à vera contra os militares e pagaram o preço, na forma de prisão, tortura, exílio ou morte de alguém próximo. Mas, sabe-se como, todas completaram o curso. No futuro, muitas se tornaram mestras ou doutoras respeitadas em suas carreiras, ainda que fora da sociologia.

Às vezes, reencontro-as em reuniões aqui no Rio. Estamos 40 anos mais velhos, mas, nas minhas fantasias, elas continuam as mesmas meninas de 1967: alegres, responsáveis, cultas e irresistíveis em suas minissaias.

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+ de Ruy Castro neste blog:

Ruy Castro: O Leitor Apaixonado
Vídeo - Ruy Castro debate 50 anos da Ilustrada

Artigo - 50 Anos sem Billie Holliday

Artigo - Afinal, o que é MPB

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sábado, novembro 07, 2009

#videodasemana: João Gilberto - Estate (1983)


João Gilberto interpretando Estate, gravado no álbum Amoroso, em 1977. Os autores, como me alertou um Anônimo, são Bruno Martino e Bruno Brighetti. Os erros têm sido constantes por aqui. Felizmente!

quarta-feira, novembro 04, 2009

Coffee, Jazz and Ron Carter (parte.3)

Há um mês e meio postei dois comerciais estrelados pelo baixista Ron Carter, o primeiro para a cafeteria Tully's e o outro para o uísque Suntory, ambos para a TV Japonesa. Nos segundo, até coloquei um breve texto sobre a bebida, principal uísque à base de malte da terra do sol nascente.

Esses dias, em outra incursão pelo Youtube descobri outras duas propagandas protagonizadas pelo baixista. No primeiro player, está uma outra versão para o Suntory Whisky White. No segundo, gravado em 1988, não dá pra reconhecer a marca, mas creio ser de outra bebida.



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+ sobre Ron Carter neste blog:
- Coffee, Jazz and Ron Carter (parte.1)
- Coffee, Jazz and Ron Carter (parte.2)
- Se Deus tivesse uma voz
- Vídeo: Nada será como antes

terça-feira, novembro 03, 2009

Os trópicos ficarão mais tristes sem Lévi-Strauss


Guardo, rabiscada com tinta de marca-texto, a entrevista que Claude Lévi-Strauss concedeu à edição 110 da Revista Cult, no final de 2006. Nas 11 páginas da matéria, que tratava principalmente da estada do etnólogo no Brasil, entre 1935 e 1938, lecionando na recém-fundada USP, e de sua experiência com os índios bororo e nambikwara, me chamou atenção sua lucidez ao traçar o futuro da humanidade: "não vejo muita esperança para o mundo assim tão cheio".

Strauss nos ajudou a entender as mudanças da civilização ocidental no último século. Se na década de 1930, seu período em nossas terras, a população mundial era de cerca de 1,5 bilhão, em seu aniversário de século o mundo estava abarrotado com quase 7 bilhões, dado que explica as diferenças nas relações entre o homem e do homem com a natureza.

"Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele", ressaltou, recentemente.

As previsões que Strauss nos deixa não são agradáveis. Para ele, a antropologia, de espírito mais tradicional, focada no estudo do homem primitivo e sem escrita, da qual ele bebeu, está com os dias contados e a arte, como afirmou em entrevista à Folha, já não existe mais.

Recluso em seu apartamento, no 16
arrondissement de Paris, Levi-Strauss já recebia poucas visitas. Morreu na madrugada de sábado para domingo, de causa ainda não divulgada. Deixa como filho o estruturalismo e um legado sem precedentes para a antropologia

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+ Vídeo sobre Lévi-Strauss


Abaixo Documentário do Arquivo N, da Globo News, especial sobre a vida e obra do antropólogo



+ Textos sobre Lévi-Strauss

Morte - Cobertura completa da Folha
Especial do Estadão sobre o centenário
Entrevista ao caderno Mais! da Folha (1993)
Daniel Piza - Uma lágrima para Lévi-Strauss


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