sábado, junho 19, 2010

Sudanês Manute Bol morre aos 47 anos

Renan Damasceno

Morreu no início da tarde deste sábado, aos 47 anos, em Kansas City (EUA), o ex-jogador de basquete sudanês Manute Bol. O jogador, que atuou na liga norte-americana de 1985 a 1994, estava internado desde 12 de maio com problemas renais e Síndrome de Stevens-Johnson, que causa a separação de camadas da pele, parecido com o que acontece com vítimas de queimaduras.


Nos últimos anos, Manute, que ficou famoso pela imensa estatura (2,31) e pouquíssimo peso (102 Kg) , se dedicou ao ativismo social em seu país, construindo escolas e ajudando tribos dizimadas pela guerra civil.

Desde 2006, Bol, que é filho do chefe da tribo Dinka, ao sul do país, está envolvido com a ONG Sudan Freedom Walk, que discute soluções para o fim do genocídio na região de Darfur.

Bol é o único jogador na história da NBA com mais tocos do que pontos em sua carreira ( 2,086 contra 1,599). O pivô passou pelo Golden State Warriors, Philadélphia 76ers e Washington Bullets e Miami Heat. A partir de 1996, jogou em ligas paralelas nos Estados Unidos, como a Continental Basketball Association (CBA) e United States Basketball League.


Manute foi o primeiro jogador nascido na África draftado na NBA, no segundo round de 1985 . Draft é um sistema de escolha de jogadores, universitários ou não, promovido pela NBA. no qual os times mais fracos tem direito aos melhores atletas. Depois do sudanês, vários outros afrcanos ganharam destaque na liga, como super-pivô Dikembe Mutombo (Congo), o bicampeão Hakeem Olajuwon
(Nigéria)

Muito querido pelos companheiros de quadra (como a amizade com o astro Charles Barkley, companheiros de 76ers) e pelos fãs, uma página foi criada no Facebook para incentivar sua melhora. O nome da página é “Manute Bol, get well soon” (Manute Bol, melhore logo).






Manute bol dead 47 age Manute bol dead dead manute bol team carrer age manute bol blocks video life manute bol sudain

Maluco Beleza

Não era um jogo de Copa do Mundo, mas a truculência, os erros de finalizações e o pouco brilho das principais estrelas fizeram do sétimo jogo da final da NBA, entre Los Angeles Lakers e Boston Celtics, um espelho do que, aqui no hemisfério Sul, andam praticando com a Jabulani nos pés.

O título ficou com a franquia californiana, pela segunda vez seguida, 16a conquista da história. Venceu por 83 a 79, com emoção reservada aos últimos minutos, com bolas de três para os dois lados (Rasheed Wallace e Rajon Rondo, pelos verdes, Ron Artest e um rebote milagroso de Pau Gasol, dando o troco pelos mandantes).

Nervos alterados e lances esquisitos no time de Boston: o intempestivo Wallace debruçou-se algumas vezes sobre a platéia para buscar bolas passadas ao léu. Ray Allen anulou Kobe Bryant, mas, no ataque, não repetiu as oito bolas de três (recorde histórico) que acertou no jogo 2, também no Staples Center. Kevin Garnett, já com a chancela de veterano, foi instável em toda série. Sem Kendrick Perkins, machucado, coube a Baby Davis e Wallace substituí-lo - sem sucesso. Rajon Rondo e a estrela Paul Pierce, cestinha da equipe, com 18 pontos, foram os melhores de Boston. Trocando em miúdos: pelo conjunto da obra, não mereciam o título.

Pelo lado do Lakers, Gasol foi gigante nos rebotes, mas errou sucessivamente nos arremessos. O veterano Derek Fisher, que estava na primeira conquista da era Phil Jackson em LA, em 1999, estava nervoso, faltoso, mas cobriu as expectativas, acertando em momentos oportunos. A eterna promessa Andrew Bynum não fez muito mais do que acostuma fazer.

Já o astro Kobe Bryant, indiscutivelmente o maior desde Michael Jordan, demonstrou o que falta para se igualar ao melhor de todos os tempos. Errou. Muito. De todos os jeitos, lados e situações. Até lance livre saia das mãos de Kobe feito tijolos. A luz que lhe restava foi suficiente para torná-lo, com muito custo, cestinha da partida: 23 pontos.

Sem Bryant inspirado, coube a Ron Artest salvar Jack Nicholson e todo Staples Center do sofrimento. E o fez, ao seu modo peculiar. Distribuiu beijos para a platéia, ensaiou uma confusão com Paul Pierce (relembrando seus ataques de loucura no Indiana Pacers e Houston Rockets) e acertou a mão de três pontos, além de roubar cinco bolas, pegar cinco rebotes.

Artest terminou o jogo com 20 pontos, quase o dobro de sua média nas finais. Na sua infindável lista de agradecimento, tinha amigos, familiares e vizinhos e destaque para Sandy, sua psiquiatra. Belo trabalho, Sandy!

quinta-feira, junho 03, 2010

Entrevista - Juan Luís Cebrián




O declínio do Quarto Poder
na nova sociedade em rede


Para o jornalista Juan Luís Cebrián, fundador do El País, o declínio do jornalismo - que sempre esteve "dentro dos palácios", inserida no estabilishment do poder - deve-se às mudanças da sociedade, que deixou de ser hierárquica e passou, na era digital, a se organizar em rede.

Trechos da entrevista:

"Os jornais vão perder esse aspecto central. Já perdemos isso, na formação da opinião pública nas democracias.(...) Os políticos sabem que isso está acontecendo, usam a internet. Obama ganhou as eleições graças ao Youtube e não ao New York Times.


(...) A relação dos jornais com o poder político e com poderes sociais, econômicos e religiosos, sempre foi conflitiva. E, por isso, que nós, jornalistas, acreditamos que estamos "fora do palácio" que nosso poder vem do fato de que representamos o povo. E isto não é verdade. O jornalista, o jornal, o sistema de informação de hoje, pertencem ao estabilishment do poder político.

(...) Fazemos parte do estabilishment do poder desde o princípio, de uma elite. O problema é que este estabilishment está se transformando. As relações sociais, a comunicação entre as pessoas e as relações de poder mudam na sociedade digital, que é muito menos hierárquica (...) E essa falta de hierarquia em um mundo que está em rede, e não é mais piramidal está afetando os meios de comunicação