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quarta-feira, julho 14, 2010

Crônica de uma morte anunciada - PARTE 2

RUY CASTRO

Último da turma

RIO - Em maio de 1959, o "Jornal do Brasil" carregava o peso de seus 68 anos. Era um jornal caótico, feio e ultrapassado -alguns de seus colaboradores ainda usavam bigode encerado. Era, sobretudo, um jornal de classificados- os anúncios ocupavam quase toda a primeira página, e quem fosse visto lendo-o estava procurando emprego ou faxineira.

E, então, sem aviso nem fanfarra, na manhã de 2 de junho, diante de um quase irreconhecível "Jornal do Brasil" nas bancas, todos os outros jornais é que pareceram caóticos, feios e ultrapassados. Ele ficara limpo, elegante e moderno, com os títulos parangonados, os textos e fotos dispostos geometricamente, as colunas separadas por espaços, e não fios. Mas o principal seria sua reforma jornalística, capitaneada pelo jovem Janio de Freitas, depois continuada por seus sucessores.

A partir daí, trabalhar no "JB" tornou-se a aspiração de todo jornalista. Equivalia a um Ph.D. E mesmo os que, como eu, amavam o "Correio da Manhã" flertavam com o "JB". Bem, deu-se que, muito depois, em 1975, eu fosse levado para lá, para criar uma revista colorida dentro do jornal: "Domingo", a primeira do gênero no país.

Fiquei dois anos no "JB", numa redação estrelada por Elio Gaspari, Marcos Sá Corrêa, Zozimo, João Saldanha, João Máximo, Renato Machado, Norma Couri. Deu para sentir a diferença em relação a empregos anteriores: ao telefonar para alguém e me apresentar como "Fulano de Tal, do "Jornal do Brasil'", ninguém deixava de vir correndo ao aparelho.

A mística do "JB" durou até 1990, quando uma sucessão de erros administrativos, financeiros e editoriais começou a destruir o jornal. Chega agora ao fim, aos 119 anos, com a decisão de limitar-se à versão internet. Parece incrível, acordar e não ter o "JB" de papel para folhear. Mas há muito eu era o último de minha turma a ainda fazer isto.

terça-feira, maio 18, 2010

Uma pergunta para Ruy Castro


14h17. Abre a porta automática do estacionamento do Expominas, maior centro de convenções de Belo Horizonte, com impressionantes 72 mil m² de área construída. Apressado, o escritor Ruy Castro cruza acompanhado de uma assistente de organização os mais de 100 metros que o separa do Café Literário, espaço para 150 pessoas, devidamente decorado e ar condicionado de bater queixo, palco das principais palestras e debates da Bienal do Livro de Minas 2010.

“Ruy, posso lhe fazer uma pergunta?”, disparei despretensioso ao encontrá-lo a passos largos no hall de entrada. Antes que me respondesse, ou ao menos fizesse um aceno, três organizadores o cercaram, me encararam batendo o dedo indicador no relógio, alertando que o jornalista Paulo Markun, que dividiria o sofá com ele, e mais de 100 pessoas já o aguardavam no café, para um bate-papo sobre biografias – especialidade dos dois.

Munido de um bloco de papel e uma edição de “Um filme é para sempre” - coletânea de textos sobre cinema do jornalista, publicados ao longo de três décadas na grande imprensa e organizados, em 2006, por sua esposa, Heloísa Seixas -, o acompanhei à distância, peguei uma das 150 fichas que me dava acesso ao café e, atentamente, tomei nota de alguns trechos, que postarei depois.

Pouco mais de 1h15 depois, findado o arsenal de perguntas enfadonhas do público, daquelas que o entrevistador sabe a resposta, mas faz questão exibir seus conhecimentos, dotes e títulos, consegui, finalmente, fazer minha pergunta.

- Ruy, você levaria o Adriano pra Copa?

(risadas)

- Levaria o Vagner Love ...

sexta-feira, janeiro 22, 2010

São Paulo Fashion Freak - Zumbis na passarela

Estána coluna do Ruy Castro, na Folha de hoje, 22 de janeiro:

Quando se imaginava que a morte por inanição de duas ou três modelos brasileiras iria restabelecer o primado de mulheres minimamente saudáveis nas passarelas, as semanas de moda em São Paulo e no Rio voltaram a apresentar o costumeiro desfile de "grotesqueries", a ponto de alguns na plateia se perguntarem se esta ou aquela menina não estaria doente. A resposta é: "Claro que está".


Se a média de idade das atuais modelos for de 20 anos, significa que elas tinham menos de 15 quando trocaram suas quatro refeições diárias por uma dieta de água, café e cigarros para ficar no peso ideal para estilistas e agências. Considerando-se que ainda estavam em fase de crescimento quando aderiram a esse ritual macabro, não admira que seu índice de massa corporal, avaliado pela Folha, seja igual ao de uma criança.


Há muito me convenci de que o sonho dos criadores de moda era ter como modelo o zumbi Cesare, interpretado por Conrad Veidt, no filme de Robert Wiene, "O Gabinete do Dr. Caligari", de 1920. Ele era magérrimo, tinha cabelos pretos escorridos e úmidos, grandes olheiras, beiços de batom escuro e usava uma malha preta inteiriça que lhe realçava os braços e pernas de graveto. A diferença para com as modelos de hoje é que Cesare se vestia melhor.


E essa é a contradição. Talvez eu não frequente os ambientes certos, mas não vejo as "criações" exibidas na passarela se transferirem para as ruas. Nem poderiam. Como imaginar que roupas criadas para menores de 50 kg se adaptem às mulheres da vida real, cujo dia a dia se compõe de cachorro quente, batata frita e torta de brigadeiro?

Ou talvez o mundo da moda seja apenas uma outra forma de teatro, em que - ao contrário deste, que retrata a vida- as pessoas se vistam a caráter para morrer.

terça-feira, dezembro 15, 2009

Querelas em torno de Tom


Da coluna de Ruy Castro, semana passada na Folha:


Ontem (8 de dezembro, grifo meu), 15 anos da morte de Tom Jobim. Bem à brasileira, o silêncio pela data foi esmagador. Alguns clipes e rádios lembraram sua música, mas não se observou nada especial ou novos CDs que não contivessem os mesmos e tão sovados fonogramas. E ainda há muito de Tom a descobrir. Principalmente nas catacumbas das gravadoras Continental e Odeon, em que ele trabalhou como arranjador ou maestro, em discos de Dick Farney, Dalva de Oliveira, Orlando Silva e outros.

Nas últimas semanas, Tom tem sido mais citado em querelas que passam ao largo de sua obra. Outro dia, no próprio aeroporto que o homenageia, o Galeão-Tom Jobim, um urubu distraiu-se e entrou pela turbina de um avião que acabara de decolar, o qual teve de voltar à pista. Isso vive acontecendo.
O cruel é que aconteça com urubus, que Tom adorava, e, com frequência, no Galeão, palco de manchetes indignas de sua memória:

"Tom Jobim atrasa 20 voos", "Tom Jobim caindo aos pedaços", "Cocaína apreendida no Tom Jobim". Foi para isso que deram seu nome ao aeroporto?


Outro arranca-rabo envolve a nova saída do metrô carioca a ser inaugurada: a de Ipanema. Alguns querem chamá-la de Tom Jobim; outros, de General Osório, em cuja praça fica, para que os turistas não a confundam com o aeroporto. Ao mesmo tempo, corre a pendenga sobre a localização de sua futura estátua: na praia ou na dita saída do metrô? E há os que querem mandar de vez para a reserva o velho Osório e dedicar a praça a Tom, que tanto a amou e namorou nela.

Em São Paulo, Tom Jobim (assim como Paulo Autran e Ayrton Senna) é um túnel. Mas, se a ideia de batizar um logradouro é o grande homem ter o seu nome imortalizado em envelopes, postais, telegramas etc., esta se frustrou -porque ninguém escreve para um túnel.

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Neste blog, Tom foi citado no artigo A história e as histórias do Farney-Sinatra Club e em outros textos sobre a Bossa Nova. Sobre Dick o Moviola publicou "As façanhas de Farnésio". Do Ruy Castro, esta salada mista aqui ó.



terça-feira, novembro 10, 2009

Sobre minissaias e saias justas


Está na coluna de Ruy Castro desta semana:

A história de Geyse, a estudante agredida por 700 colegas de faculdade em São Bernardo do Campo por usar um vestido curto, me devolveu a 1967, quando nós, os rapazes do 1º ano do curso de Ciências Sociais da FNFi (Faculdade Nacional de Filosofia), no Rio, víamos com muito prazer o fato de que a maioria das meninas da turma ia de minissaia à aula.

Não eram minissaias sóbrias, a menos de um palmo do joelho, como o vestido de Geyse. Eram muito mais curtas. E nenhuma das moças, por mais bonita, fazia aquilo para provocar. Elas eram modernas, liberadas e gostavam de namorar – claro que só namoravam quem quisessem. Algumas liam Régis Débray; outras, Hermann Hesse; e, ainda outras, “Peanuts”; mas todas eram divertidas, inteligentes e politicamente atuantes.

No dia seguinte às passeatas contra a ditadura na avenida Rio Branco, uma ou duas apareciam na faculdade com as coxas e canelas salpicadas de curativos, resultado das bombas de 'efeito moral' que os agentes do Dops soltavam no meio da turba e, ao explodir, despejavam estilhaços que cortavam de verdade. Ao contrário de nossos jeans, grossos como couro e que nos protegiam as pernas, as minissaias expunham as garotas a esses riscos – que elas enfrentavam com graça e coragem.

Várias lutaram à vera contra os militares e pagaram o preço, na forma de prisão, tortura, exílio ou morte de alguém próximo. Mas, sabe-se como, todas completaram o curso. No futuro, muitas se tornaram mestras ou doutoras respeitadas em suas carreiras, ainda que fora da sociologia.

Às vezes, reencontro-as em reuniões aqui no Rio. Estamos 40 anos mais velhos, mas, nas minhas fantasias, elas continuam as mesmas meninas de 1967: alegres, responsáveis, cultas e irresistíveis em suas minissaias.

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+ de Ruy Castro neste blog:

Ruy Castro: O Leitor Apaixonado
Vídeo - Ruy Castro debate 50 anos da Ilustrada

Artigo - 50 Anos sem Billie Holliday

Artigo - Afinal, o que é MPB

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domingo, setembro 13, 2009

Ruy Castro: O Leitor Apaixonado


Está no Digestivo Cultural desta semana:



Embora tenha se consagrado através de suas biografias, e de seus textos sobre música popular e cinema, Ruy Castro, em seu novo livro, revela uma ligação profunda com a literatura. O Leitor Apaixonado, na sequência de Um filme é para sempre (2006, cinema) e Tempestade de Ritmos (2007, música), é uma compilação também de Heloisa Seixas, pela Companhia das Letras, reunindo matérias de Ruy sobre livros, escritores e o universo literário.


Desde os primeiros contatos na infância, com uma edição de Alice no País das Maravilhas, traduzida por Monteiro Lobato, até o début do jornalista Ruy Castro, cobrindo a posse de Guimarães Rosa na Academia Brasileira de Letras, em 1967 (com foto). Ruy aproveita e revisita temas aos quais está, historicamente, associado: Nélson Rodrigues, com quem conviveu (além de ter biografado); Paulo Francis, de quem foi amigo (e que mudou sua vida, com uma promoção); e o Correio da Manhã, que era lido por seu pai e seu avô (e que, em sua redação, abrigou a fina flor da literatura brasileira).

O jornalismo ainda se faz presente graças outras publicações, como New Yorker e Esquire; assim como a influência dos EUA na cultura do século XX, através de autores como Gertrude Stein e de grupos como o do Algonquin. O apego à cultura do Rio de Janeiro igualmente se reflete em O Leitor Apaixonado, mas a surpresa fica por conta de artigos de Ruy dedicados Oswald e Mário de Andrade. Outra surpresa é um texto sobre Paulo Coelho – o best-seller inevitável.

Já do século XIX, Ruy Castro puxa Oscar Wilde, escritor celebridade pré-1900, e da relembrada crise de 1929, resgata Nathanael West, outra consagração literária póstuma. Na capa, para completar, uma foto da biblioteca de Ruy, sugerindo um lugar onde passou longas horas entre livros e escritores (daí o subtítulo “Prazeres à luz do abajur”). Enfim, por mais que Ruy Castro tenha sido comumente associado a outras artes, nunca restou dúvida de que seu estilo tinha uma origem inescapável: o amor à literatura.

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+ Ruy Castro neste blog:

Vídeo - Ruy Castro debate 50 anos da Ilustrada

Artigo - 50 Anos sem Billie Holliday
Artigo - Afinal, o que é MPB

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sexta-feira, julho 17, 2009

50 anos sem Billie Holiday



por Ruy Casto, na Folha de 15/07/2008:

Em 1948, o baiano Jorge Cravo, Cravinho, 21 anos, relapso estudante de administração em Nova York, não saía do cinema. Não pelos filmes, de que não queria nem saber, mas pelos minishows de palco que os cinemas apresentavam entre as sessões – cinco ou seis por dia, estrelando um grande cantor ou orquestra.


Com um único ingresso, Cravinho assistia ao primeiro show, via o filme uma vez, assistia ao segundo show, dormia na sessão seguinte, assistia ao terceiro show, ia namorar a garota da bombonière durante mais uma sessão e assim por diante. E quem se apresentava nos cinemas? Frank Sinatra, Duke Ellington, Billy Eckstine, Tommy Dorsey, Nat King Cole etc. Certo dia, foi a vez de Billie Holiday.

Ao fim do último show de Billie, o emocionado Cravinho postou-se nos fundos do cinema e a viu sair, linda, de vestido justo e gardênia no cabelo. Seguiu-a até um botequim, entrou também e sentou-se ao balcão, a um ou dois banquinhos da deusa. Mas respeitou sua solidão e não a importunou.

Dois anos depois, de volta ao Brasil, Cravinho escreveu-lhe uma carta, aos cuidados da Decca, sua gravadora, convidando-a a cantar na Bahia. Para sua surpresa, Billie respondeu, autorizando-o a falar com um brasileiro amigo dela, chamado Guinle (Jorginho, claro), a respeito disso. Mas nada resultou, e a própria carta se perdeu.

Passaram-se séculos e, nos anos 80, Cravinho vendeu sua fabulosa coleção de LPs de cantores de jazz para um americano. E pode-se imaginar a surpresa deste ao abrir um LP de Billie Holiday e ver cair uma carta da cantora, dirigida a seu fã brasileiro, o qual só depois se lembrou de que a guardara dentro de um disco.

Nesta sexta-feira, são 50 anos da morte de Billie. Foi uma morte anunciada, mas Cravinho e o mundo até hoje não se refizeram.


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quinta-feira, maio 07, 2009

Afinal, o que é MPB?


Está na coluna de Ruy Castro, na Folha de São Paulo de 27/04/2009:

MPB não é apenas uma abreviatura de “Música Popular Brasileira”. Antes cêsse, mas não ésse. Quando foi criada, por volta de 1965 ou 1966, significava um tipo de música então emergente, que não se sabia bem o que era – mas já não era bossa nova, não queria mais ser o samba e, muito menos, iê-iê-iê.

Seu primeiro produto, ainda sem o rótulo, pode ter sido ‘Arrastão’, de Edu Lobo e Vinicius de Moraes. Logo vieram ‘Lunik 9’, de Gilberto Gil, ‘Upa, neguinho’, de Edu e Guarnieri, ‘Roda Viva’, de Chico Buarque, e outras que, com um certo ‘conteúdo’ em comum, também não se encaixavam em nenhum gênero familiar. Donde só podiam ser ‘MPB’.

Quando a ‘MPB’ minguou, dois ou três anos depois, a sigla sobreviveu e começou a ser aplicada – até hoje – a toda música produzida no Brasil, do padre José Mauricio ao padre Marcelo e de Chiquinha Gonzaga ao É o Tchan. Com isso, deseducaram-se várias gerações quanto à memória da nossa diversidade rítmica, até então classificada por sambas (em suas mil variações), marchas, choros, baiões, frevos, valsas, foxes, baladas, cocos etc. Virou tudo ‘MPB’.

Mas não para sempre, espero. Se o exemplo do MIS vingar, vamos passar a chamar ‘Garota de Ipanema’ de samba, ‘Alegria, Alegria’, de marchinha, ‘Domingo no Parque’, de baião, ‘Travessia’, de toada, ‘Caminhando’, de guarânia, ‘Mania de Você’, de rumba, ‘Beatriz’, de valsa, ou ‘Como uma Onda’, de bolero. Que, muito mais que ‘MPB’, é o que eles são.

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+ Música brasileira neste blog:
As façanhas de Farnésio
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terça-feira, abril 21, 2009

Frase

"O dia em que se estudar as causas da integração nacional, vai-se descobrir que, além do Flamengo, somente a Igreja Católica e o jogo do bicho são tão abrangentes. Não por acaso, essas instituições se alimentam da mesma matéria-prima: a fé"

Ruy Castro

sexta-feira, abril 17, 2009

Fim de Semana - As façanhas de Farnésio


Em 16 de abril foi comemorado o dia da Voz. Não sabia até ligar a televisão para assistir o Pontapé Inicial, melhor programa de esporte da televisão, comandado por José Trajano, na ESPN Brasil. Embora Trajano, ardoroso torcedor do América carioca, tenha se lembrado de grandes intérpretes como Frank Sinatra e Lúcio Alves, cometeu uma injustiça: esqueceu Dick Farney.

Farnésio Dutra e Silva, o Dick, conta Ruy Castro em Chega de Saudade, arrebanhou fãs no período pré-Bossa Nova e continuou afinado com o novo estilo nas décadas seguintes. O Sinatra-Farney Fan Club, fundado por Carlos Lyra e Roberto Menescal, era dos mais populares do Rio e rival do Haymes-Lúcio Fan Club, dedicado a Dick Haymes e Lúcio Alves. Mesmo com a rivalidade dos fãs, os dois brasileiros estavam longe de alimentar qualquer briga, tanto que gravaram juntos discos e clássicos como “Tereza da Praia”, ao lado de “Copacabana”, a mais famosa gravação de Dick.

Para Ruy Castro, Farney foi uma espécie de São João Batista da Bossa Nova – mesmo com pouco mais de 30 anos, já era veterano nas boates, com passagens por Hollywood, padrinho de cantores como Johnny Alf e admirado até por Bing Crosby. Seu arquivo de foto é recheado de personalidades como o próprio Sinatra e Nat ‘King’ Cole.

Mas sua façanha maior é de ter sido, possivelmente, o primeiro a gravar “Tenderly", em 1947. Biógrafos não chegam a uma conclusão, atribuindo o debute também a Sarah Vaughan. Discussões à parte, o intérprete e pianista deixou um playlist enorme de clássicos e versões, em português e inglês...”Inútil Paisagem”, “Fotografia”, “Marina”, “Night and Day”, “This Love of Mine”....

Encontrei, no Youtube, um documentário dedicado a Dick feito pela TV Cultura, em 2007, em sete partes:

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Supermercado de produtos culturais


Dizem por aí que já não se faz jornalismo cultural como antigamente, com textos extensos, críticas mordazes e perfis minuciosos e densos. Aliás, falam por todos os cantos que tudo que é bom está morrendo: o futebol arte, o cinema como arte, a arte.

Encontram fundamentos para julgar os cadernos de cultura atuais, os críticos que destacam que essas páginas tem se transformado em um aglomerado de textos de serviços. Talvez isso seja reflexo da própria cultura: se vende um espetáculo, um filme. Lógica do consumo. Lobão – que está longe de ser um grande ídolo meu –, já esbravejou uma frase sintomática: 'A arte se torna arte ao ser consumida'.

A Folha está comemorando os 50 anos do caderno Ilustrada. Uma série de debates sobre o passado e o futuro da cultura e do jornalismo ocorre no MASP, em São Paulo, que pode ser acompanhado na íntegra no Folha Online.

Aos fãs das rodas de boa conversa, abaixo está o vídeo integral da discussão sobre "Cultura e Jornalismo" – o último de três debates. Estão presentes, Ruy Castro e Martinas Suzuki. Vale a pena.





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A arte dos obituários
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Ilustrada – Especial 50 anos
Gonzo – O filho bastardo do newjournalism
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