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sexta-feira, julho 17, 2009

50 anos sem Billie Holiday



por Ruy Casto, na Folha de 15/07/2008:

Em 1948, o baiano Jorge Cravo, Cravinho, 21 anos, relapso estudante de administração em Nova York, não saía do cinema. Não pelos filmes, de que não queria nem saber, mas pelos minishows de palco que os cinemas apresentavam entre as sessões – cinco ou seis por dia, estrelando um grande cantor ou orquestra.


Com um único ingresso, Cravinho assistia ao primeiro show, via o filme uma vez, assistia ao segundo show, dormia na sessão seguinte, assistia ao terceiro show, ia namorar a garota da bombonière durante mais uma sessão e assim por diante. E quem se apresentava nos cinemas? Frank Sinatra, Duke Ellington, Billy Eckstine, Tommy Dorsey, Nat King Cole etc. Certo dia, foi a vez de Billie Holiday.

Ao fim do último show de Billie, o emocionado Cravinho postou-se nos fundos do cinema e a viu sair, linda, de vestido justo e gardênia no cabelo. Seguiu-a até um botequim, entrou também e sentou-se ao balcão, a um ou dois banquinhos da deusa. Mas respeitou sua solidão e não a importunou.

Dois anos depois, de volta ao Brasil, Cravinho escreveu-lhe uma carta, aos cuidados da Decca, sua gravadora, convidando-a a cantar na Bahia. Para sua surpresa, Billie respondeu, autorizando-o a falar com um brasileiro amigo dela, chamado Guinle (Jorginho, claro), a respeito disso. Mas nada resultou, e a própria carta se perdeu.

Passaram-se séculos e, nos anos 80, Cravinho vendeu sua fabulosa coleção de LPs de cantores de jazz para um americano. E pode-se imaginar a surpresa deste ao abrir um LP de Billie Holiday e ver cair uma carta da cantora, dirigida a seu fã brasileiro, o qual só depois se lembrou de que a guardara dentro de um disco.

Nesta sexta-feira, são 50 anos da morte de Billie. Foi uma morte anunciada, mas Cravinho e o mundo até hoje não se refizeram.


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segunda-feira, janeiro 26, 2009

Kind of Blue: 50 anos - Jimmy Cobb no Brasil


Último remanescente do sexteto que gravou o cultuado Kind of Blue, de Miles Davis, o baterista Jimmy Cobb virá ao Brasil para um concerto comemorativo dos 50 anos dessa obra-prima do jazz, gravada em 1959, pela Columbia Records, em Nova York – John Coltrane, Paul Chambers, Bill Evans, Cannonball adderley, já falecidos, completavam o grupo.

O show fará parte do 2º festival Bridgestone Music, que acontecerá em maio, no Citibank Hall, em São Paulo. Cobb, que nos anos 70 esteve no Brasil com Sarah Vaughan, terá a seu lado a So What Band. O concerto "Kind of Blue @ 50" já está agendado para alguns dos maiores festivais americanos, além de clubes e festivais da Europa e do Japão.

O músico estadunidense, de 79 anos, tem currículo invejável: já acompanhou Dizzy Gillespie, Gil Evans e Billie Holiday, mas costuma ser mencionado como o baterista do cultuado disco de Miles, o mais vendido de todos os tempos, com cerca de 3 milhões de cópias. "Se Miles pudesse saber que 'Kind of Blue' se tornaria tão famoso, teria exigido ao menos uma ou duas Ferraris como adiantamento para gravá-lo", disse o baterista, em entrevista à Folha, em janeiro.