sexta-feira, abril 27, 2012

Gràcies, Pep!

Este blog fala pouco de futebol - deixo isto para meu trabalho nas páginas diárias. Mas como o Barcelona é, antes de tudo, uma expressão de arte e meu texto no papel servirá apenas para embrulhar peixe amanhã, não pude deixar de registrar aqui a despedida de Pep Guardiola do comando da seleção catalã (seleção, sim, pois é um selecionado de nijinskys em busca da perfeição).

Por este perfeccionismo, poderia comparar o estilo Guardiola à direção de Stanley Kubrick, que repetia cada enquadramento à exaustão, ou a um conto de Borges, onde cada palavra, maior ou menor, tem sua parcela na métrica, no ritmo. Falar que o Barcelona joga por música é lugar-comum.

Da mesma forma que ouço saudosismos sobre as seleções de 1970 e 1982, de Zizinho, Pelé, Platini, Cruijff e Beckenbauer, poderei contar aos meus netos que vi dois momentos inesquecíveis no futebol: o gol de Petkovic na final do Carioca'2001 -- que é o maior momento da história esporte -- e o Barcelona de Pep Guardiola.

(Vale a pena ler o perfil de Pep, publicado no El País e traduzido pelo Ilustríssima, da Folha, sobre os dois anos sabáticos do treinador antes de assumir o Barça. Exemplar)



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quarta-feira, abril 25, 2012

Esporte e pedofilia, uma cortina de silêncio

No início de maio, ao lado do fotógrafo Jair Amaral, fui à Caratinga, no Vale do Rio Doce, para saber como reagiram amigos e parentes de alguns garotos vítimas de suposto abuso sexual por parte de um treinador de futebol local, Maguila, que tinha bom trânsito entre grandes clubes do Rio e de Minas. 

Uma operação deflagrada em janeiro pela Polícia Civil acusou o treinador de induzir e seduzir jovens a atos sexuais, vendendo-lhes a falsa ilusão de conseguir espaço em algum grande clube do país.

A história dos meninos de Caratinga se repete Brasil afora, mas são abafadas pela conveniência, pelo medo e a vergonha. E não é de hoje, como comprova denúncias de esportistas famosos que vão das ginastas Nádia Comaneci e Olga Korbut à nadadora Joanna Maranhão, que dá nome a projeto de lei em tramitação que amplia o tempo para prescrição do crime.

O acesso às pessoas próximas ao caso foi difícil e a recepção, inóspita. Segundo o delegado do caso, os pais preferiam acreditar que era mentira da polícia a aceitar que o filho havia sido abusado.O que me surpreendeu foi a cortina de silêncio na cidade. A pedofilia é uma mancha que, mesmo acobertada, macula o esporte.




A REPORTAGEM COMPLETA ESTÁ AQUI

terça-feira, abril 24, 2012

Hemingway and Gelhorn

Pouco mais de um ano depois de ser interpretado por Corey Stoll, no genial Meia-noite em Paris, Ernest Hemingway volta às telas, desta vez como protagonista. 

A HBO divulgou o primeiro trailer de Hemingway & Gelhorn, estrelado por Clive Owen e Nicole Kidman, sobre a relação entre o romancista e a correspondente de guerra Martha Gellhorn (mais sobre os dois aqui)

Eles se conheceram na Flórida, em 1936, e em seguida Gelhorn foi destacada para cobrir a Guerra Civil Espanhola (1936-1939). O divórcio inspirou Hemingway a escrever o romance Por quem os sinos dobram. 

Aos apaixonados por literatura, lembro que está previsto para o fim do ano o lançamento de On the Road, de Jack Kerouac (dir. Walter Salles), que concorre à Palma de Ouro em Cannes.

segunda-feira, abril 23, 2012

Para que serve um blog?

Este blog entrou em crise de identidade - haja visto a infrequência das postagens. Ficou vago, perdido entre tantas formas de produção de conteúdo que, voluntária ou involuntariamente, despejamos nas redes sociais.

Usava este espaço para textos mais longos, mas o tempo para reflexão ficou espremido entre frases de 140 caracteres que posto todo dia o dia todo no Twitter, alguns links que compartilho no Facebook e fotos (agora com filtros cool!) que descarrego no intagram.

Confesso que esta criação full time e multimidiática me dá a sensação de estar em uma barraquinha que, entre maçãs do amor e algodão doce, está pendurado a placa "troco frases, fotos e sacadas descartáveis por likes e compartilhamentos".

Vou tentar tocar esta Moviola, cada vez mais dando jus ao nome: recortando e montando alguns fragmentos da realidade. Mas agora em versão curta-metragem.