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sexta-feira, outubro 16, 2009

A história (e as histórias) do Sinatra-Farney Fan Club

Celinha me escreveu ensandecida reclamando a maternidade do Sinatra-Farney Fan Club à sua avó, Didi Reis. Em texto publicado nesta Moviola, em abril, atribuí erroneamente a criação do clube aos compositores Carlos Lyra e Roberto Menescal. Puro descuido de apuração e falha de memória.

Celinha, que não deixou e-mail, lenço nem documento, me indicou a leitura de Chega de Saudade, de Ruy Castro, para me interar melhor do assunto. O li há uns quatro anos. Mas como sou aplicado resolvi ler trechos novamente.

O Farney-Sinatra Fan Club, sediado na Tijuca, no Rio, fora criado para homenagear os cantores Dick Farney e Frank Sinatra. Segundo Castro, foi o primeiro fã-clube brasileiro. Iniciou suas atividades no porão da casa da avó de Celinha, mãe de Didi, e teve apenas 17 meses de vida – de fevereiro de 1949 à julho de 1950. E eis a ratificação: fora criado pelas meninas Joca, Teresa e Didi Reis.

Carlos Lyra era sócio, me alertou Celinha. Assim como João Donato, Johny Alf e tantos outros que já respiravam ares de Bossa Nova dez anos antes da gravação do Chega de Saudade, por João Gilberto.

Celinha me confidenciou na mensagem que está escrevendo um livro sobre a história do fã-clube. Fico no aguardo. Sempre bom existir registros para evitar que blogueiros cometam injustiça.

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+ Música Brasileira neste blog:

As façanhas de Farnésio
Afinal, o que é MPB?
Dizzy com Mocotó
Woodstock à mineira


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sexta-feira, julho 17, 2009

50 anos sem Billie Holiday



por Ruy Casto, na Folha de 15/07/2008:

Em 1948, o baiano Jorge Cravo, Cravinho, 21 anos, relapso estudante de administração em Nova York, não saía do cinema. Não pelos filmes, de que não queria nem saber, mas pelos minishows de palco que os cinemas apresentavam entre as sessões – cinco ou seis por dia, estrelando um grande cantor ou orquestra.


Com um único ingresso, Cravinho assistia ao primeiro show, via o filme uma vez, assistia ao segundo show, dormia na sessão seguinte, assistia ao terceiro show, ia namorar a garota da bombonière durante mais uma sessão e assim por diante. E quem se apresentava nos cinemas? Frank Sinatra, Duke Ellington, Billy Eckstine, Tommy Dorsey, Nat King Cole etc. Certo dia, foi a vez de Billie Holiday.

Ao fim do último show de Billie, o emocionado Cravinho postou-se nos fundos do cinema e a viu sair, linda, de vestido justo e gardênia no cabelo. Seguiu-a até um botequim, entrou também e sentou-se ao balcão, a um ou dois banquinhos da deusa. Mas respeitou sua solidão e não a importunou.

Dois anos depois, de volta ao Brasil, Cravinho escreveu-lhe uma carta, aos cuidados da Decca, sua gravadora, convidando-a a cantar na Bahia. Para sua surpresa, Billie respondeu, autorizando-o a falar com um brasileiro amigo dela, chamado Guinle (Jorginho, claro), a respeito disso. Mas nada resultou, e a própria carta se perdeu.

Passaram-se séculos e, nos anos 80, Cravinho vendeu sua fabulosa coleção de LPs de cantores de jazz para um americano. E pode-se imaginar a surpresa deste ao abrir um LP de Billie Holiday e ver cair uma carta da cantora, dirigida a seu fã brasileiro, o qual só depois se lembrou de que a guardara dentro de um disco.

Nesta sexta-feira, são 50 anos da morte de Billie. Foi uma morte anunciada, mas Cravinho e o mundo até hoje não se refizeram.


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50 anos do Kind of Blue
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sexta-feira, abril 17, 2009

Fim de Semana - As façanhas de Farnésio


Em 16 de abril foi comemorado o dia da Voz. Não sabia até ligar a televisão para assistir o Pontapé Inicial, melhor programa de esporte da televisão, comandado por José Trajano, na ESPN Brasil. Embora Trajano, ardoroso torcedor do América carioca, tenha se lembrado de grandes intérpretes como Frank Sinatra e Lúcio Alves, cometeu uma injustiça: esqueceu Dick Farney.

Farnésio Dutra e Silva, o Dick, conta Ruy Castro em Chega de Saudade, arrebanhou fãs no período pré-Bossa Nova e continuou afinado com o novo estilo nas décadas seguintes. O Sinatra-Farney Fan Club, fundado por Carlos Lyra e Roberto Menescal, era dos mais populares do Rio e rival do Haymes-Lúcio Fan Club, dedicado a Dick Haymes e Lúcio Alves. Mesmo com a rivalidade dos fãs, os dois brasileiros estavam longe de alimentar qualquer briga, tanto que gravaram juntos discos e clássicos como “Tereza da Praia”, ao lado de “Copacabana”, a mais famosa gravação de Dick.

Para Ruy Castro, Farney foi uma espécie de São João Batista da Bossa Nova – mesmo com pouco mais de 30 anos, já era veterano nas boates, com passagens por Hollywood, padrinho de cantores como Johnny Alf e admirado até por Bing Crosby. Seu arquivo de foto é recheado de personalidades como o próprio Sinatra e Nat ‘King’ Cole.

Mas sua façanha maior é de ter sido, possivelmente, o primeiro a gravar “Tenderly", em 1947. Biógrafos não chegam a uma conclusão, atribuindo o debute também a Sarah Vaughan. Discussões à parte, o intérprete e pianista deixou um playlist enorme de clássicos e versões, em português e inglês...”Inútil Paisagem”, “Fotografia”, “Marina”, “Night and Day”, “This Love of Mine”....

Encontrei, no Youtube, um documentário dedicado a Dick feito pela TV Cultura, em 2007, em sete partes: