quinta-feira, dezembro 30, 2010

Vm = Δs/Δt

Renan Damasceno
Estado de Minas


Se o brasileiro Alfredo Gomes, primeiro campeão da Corrida de São Silvestre, em 1925, largasse lado a lado de Paul Tergat, 70 anos depois, ele completaria a prova, em frente à Fundação Cásper Líbero, em São Paulo, 13min34 depois do queniano, detentor do recorde da prova. Na primeira edição, o atleta verde-amarelo completou o trajeto de 8,8 quilômetros em 33min21 (velocidade média de 15,84 km/h), performance muito inferior ao do pentacampeão Tergat, que em 1995 fez o percurso atual de 15 quilômetros em incríveis 43min12, correndo 20,8km/h em média. O recorde já dura 15 anos.

Se estivesse na linha de largada para a 86ª edição da corrida internacional, amanhã à tarde, na capital paulista, Alfredo, que também acumula o feito de ter sido o primeiro negro a integrar a delegação de atletismo do Brasil em uma Olimpíada (Paris’1924), não estaria sequer na elite da prova, composta por 142 atletas do Brasil e do mundo.

Em 85 anos de história, o misto de superação, profissionalismo e alta performance é a receita para vencer. Muito antes de os africanos dominarem as ruas paulistas, o lendário corredor tcheco Emir Zatopek foi um divisor de águas para a história da prova. Em 1953, um ano depois de se consagrar na Olimpíada de Helsinque, sendo o único a vencer os 5 mil metros, 10 mil metros e a maratona numa mesma edição, a Locomotiva Humana, como era conhecido, desembarcou em São Paulo para completar os 7,3 quilômetros em apenas 20min30s – maior média de velocidade da história (21,36km/h). Mesmo sendo aberta a atletas internacionais desde 1945, foi a partir do feito de Zatopek que a São Silvestre ganhou notoriedade.

O domínio dos atletas africanos começou em 1992, logo depois de a prova ser estabelecida nos padrões de percurso e horário atuais. O primeiro a vencer foi Simon Chemwoyo (1992 e 1993), que abriu caminho para os cinco títulos de Tergat (1995, 1996, 1998 e 2000).

terça-feira, dezembro 07, 2010

E eu nem li o jornal



Tua cor é o que eles olham, velha chaga
Teu sorriso é o que eles temem, medo, medo

Feira moderna, o convite sensual
Oh! telefonista, a palavra já morreu
Meu coração é novo
Meu coração é novo
E eu nem li o jornal

Nessa caverna, o convite é sempre igual
Oh! telefonista, se a distância já morreu
Indepedência ou morte
Descansa em berço forte
A paz na Terra amém

terça-feira, novembro 30, 2010

Mário Monicelli (15/05/1915-29/11/2010)

Conheci os filmes do diretor italiano Mário Monicelli em uma daquelas mostras de clima cineclubísticos que aconteciam no sóton do Centro de Cultura de Belo Horizonte – um prédio quase centenário que parece uma igreja, na esquina de Augusto de Lima com Bahia, na capital.

Os filmes eram precedidos pelas aulas do professor Mário Alves Coutinho, responsável, entre outras obras, pela tradução para o português das poesias de Willian Blake e autor do livro Escrever com a câmera, sobre a literatura na obra de Jean-Luc Godard.

Os Eternos Desconhecidos, de 1958, o primeiro que vi, é meu favorito. Marcello Mastroianni, Vittorio Gassman, Cláudia Cardinale (ahhh, Cláudia), contracenando com o veterano da comédia spaghetti, Totó. Foi a segunda película da parceria entre o diretor e Gassman - ao contrário de meio mundo que prefere Mastroianni, é o ator italiano que mais gosto.

Com o dramaturgo, Monicelli ainda repetiria o sucesso um ano depois com A grande guerra (produção de Alberto Sordi, vencedor do Leão de Ouro, em Veneza), em dois filmes da saga do cavaleiro Brancaleone (1966 e 1970) e tantas outras produções de 1955 a 1987.

Em 3/4 de século de direção, o diretor colocou a comédia em patamar mais nobre do que geralmente é submetida na história do cinema, mesmo em um país de produção tão intensa e de qualidade (qual outro país, fora Estados Unidos, que tem pelo menos uma mão cheia de grandes nomes da direção. França é que chega mais perto). Seus roteiros não eram limitados às tipificações e, sim, se propunham a refletir, de forma bem humorada e satirizada, os costumes dos italianos.

Vítima de um câncer terminal no intestino, Mário Monicelli, aos 95, se atirou da janela do 4º andar do hospital San Giovanni, em Roma, nesta segunda-feira (29/11).

sábado, novembro 27, 2010

Mentaliza a energia

Um cigarro de ervas medicinais à venda num bar do edifício Maleta, esquina de Augusto de Lima com Baêa, em Belo Horizonte, me chamou atenção nesta sexta-feira, entre uma e outra Backer de trigo consumida no antro boêmio da capital.

O 'milagroso' Pradense, produzido na região da serra de São João, em Prados, no Campo das Vertentes de Minas Gerais, é um cigarro que não contém nicotina, feito à base da mistura de manjericão, hortelã, guaco, alecrim e alfavacão (seja lá o que isso for).


O gosto leve e adocicado e o cheiro detestável, certamente, não são merecedores de tal post. O que impressionou foi a descrição que o Pradense traz no verso...

Seu corpo em
sintonia com o Cosmo

"Composto de ervas cultivadas e potencializadas numa conexão do microcosmo (órgãos físicos densos camadas sutis) com o macrocosmo universal, objetivando a circulação da energia vital.

Esse produto contém substâncias descongestionantes, anti-sépticas, expectorantes, desintoxicantes, purificadoras, aliviadoras da tensão entre outras, que não causam dependência física e psíquica causada pela ingestão de substâncias tóxicas contidas em produtos industrializados.

A natureza, a biodiversidade brasileira, a terra, o planeta, o Cosmo, as energias sutis agradecem"


Não é demais?

November Rain

19h37


19h44


20h08


quarta-feira, novembro 24, 2010

Sobre cafés e Julie London


Esse blog se esforça para encontrar combinações perfeitas e saborosas - quando muito, sinestésicas -, de jazz, café e cinema. Já misturou Ron Carter, esguio e elegante como um contrabaixo, com café torrado na hora, em comercial da Tully's; as notas soturnas de Miles, Jeanne Moreau e as noites parisienses, em Ascenseur pour L'èchafaud; Dizzy Gillespie com mocotó, em gravações esquecidas desde a década de 1970; entre outras viagens musicais, gastronômicas, astronômicas.

Um dos standards preferidos pelas divas do jazz (Ella, na versão mais popular, Sarah Vaughan, Peggy Lee, entre outras) Black Coffee demorou para emplacar suas notas no Moviola. E de todas versões, executadas entre as décadas de 1940 e 1960, escolhi a voz rouca e sexy da atriz Julie London, frequentemente lembrada pela atuação ao lado Gary Cooper, em O Homem do Oeste, faroeste de Anthony Mann.

Mesmo sem a extensão vocal de outras conceituadas cantoras de seu tempo, Julie tem respeitada discografia, com interpretações de Irving Berlin e irmãos Gershwin a Cole Porter e Tom Jobim. Foi a cantora mais popular por três anos consecutivos, conferidos pela Billboard, de 1955-57. Cry Me a River, de Arthur Hamilton, talvez seja sua interpretação mais lembrada.



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terça-feira, novembro 16, 2010

Bichinho - Minas Gerais

O distrito de Vitoriano Veloso, conhecido como Bichinho, é um lugarzinho perdido entre as pedras e histórias da Estrada Real. Está a 7Km de Tiradentes e a 12km de Prados - município no qual pertence.



O caminho de sete quilômetros que separam Tiradentes de Bichinho já valem a viagem. As curvas da estrada dão vista para o verde que se encontra com as pedras da Serra de São José lá longe. Casas coloniais, pousadas, artesanato e o museu do Automóvel da Estrada Real estão ao longo do trecho.

Um portal de pedra, a 2 km do povoado, dá início a uma sequência de casebres de tijolo adobro, enfeitados com fitas, esculturas de madeira, bandeirolas, namoradeiras, pinturas, fuxicos e crochês. Tudo se vende no Bichinho - e muito caro.

Vitoriano Veloso - nome em homenagem ao inconfidente de mesmo nome, um alfaiate e escravo alforriado - pertence ao município de Prados desde 1938. É um povoado que se formou com a descoberta de ricas lavras de ouro no século XVIII (a igreja Nossa Senhora da Penha foi construída em 1771) e hoje sobrevive do turismo, artesanato e culinária.

O convite ao pecado da gula está no simples e requisitado Tempero da Angela, que já conquistou o paladar dos brasileiros e as páginas do New York Times (A reportagem In Minas Gerais, an other Brazil, de março de 2009, foi emoldurada e pendurada na parede como uma medalha aos olhos de quem quiser ver).

Dona Ângela divide sua atenção em atender bem os clientes e não deixar as costelinhas fritas na gordura de porco passar do ponto. Enquanto um dos empregados colhem as alfaces na horta dos fundos, outro chega com o caldeirão de frango ao molho pardo. Come-se bem, e muito no Bichinho.

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sexta-feira, novembro 12, 2010

O mundo dentro de uma xícara

Tarde no Octávio Café, em São Paulo.


domingo, novembro 07, 2010

O paraíso na outra esquina



Do caderno
Paladar, do estadão.

Foi mais difícil convencer o cafeicultor Paulo Sérgio de Almeida a vender duas sacas de um de seus melhores cafés do que encontrar este microlote para servir no Octávio Café, em São Paulo.

Muita conversa depois, a barista Silvia Magalhães persuadiu o produtor: o microlote da Fazenda Santa Terezinha, em Paraisópolis, no sul de Minas Gerais, será o primeiro a ser oferecido no café, a partir desta terça-feira.

Por que tanta insistência? A qualidade da bebida, provada em primeira mão pelo Paladar na última semana, explica. É um café extremamente doce, no nariz e na boca. Tem corpo aveludado e aroma intenso de frutas vermelhas – características percebidas especialmente quando foi preparado na prensa francesa.

Cultivado a 1.200 m de altitude, em uma região de solo vulcânico próximo a Poços de Caldas, os grãos são colhidos manualmente quando estão maduros – daí a doçura elevada do café.

"Fiquei surpresa, porque ele é um café (da variedade) mundo novo, e eu odeio mundo novo", diz Silvia Magalhães. "É cultivado numa área sombreada que nem parece lavoura de café, e sim uma mata. É tudo artesanal, colhido manualmente. Demorou 15 dias para secar, em uma estufa suspensa e coberta."

O café deste talhão, o colônia mundo novo, conquistou fãs não só aqui. As outras seis sacas do microlote, só com cereja natural, já têm destino: Dinamarca.

"O comprador disse que só tomou um café igual ao meu, em complexidade, na Etiópia. Não esperava encontrar um café assim aqui", diz o cafeicultor Paulo Sérgio de Almeida. "Eu mesmo ainda não provei. Estou curioso para beber este café."

Este microlote da Fazenda Santa Terezinha poderá ser degustado em todos os métodos de preparo disponíveis no Octávio Café. Quem quiser também poderá comprá-lo para preparar em casa (em grão ou moído), em embalagem com 250g (R$ 44).

"Vamos torrar aos poucos, em pequenas quantidades, conforme houver demanda, para ter café sempre fresquinho", diz Silvia.

Embora ainda não tenha data marcada para começar a servir os próximos microlotes selecionados, a barista adianta quais são as origens: Divinolândia, Caconde e São Sebastião da Grama, no interior de São Paulo.

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Foto: Renan Damasceno. Café Viena, Aeroporto de Brasília. 04/11/10. Mais fotos minhas de café, aqui.

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sábado, novembro 06, 2010

Da janela lateral

O clima anda mesmo baralhado. A chuva que chega, cumprindo ritual quase religioso, no dia de Finados, este ano não veio. Não me lembro de outro dia dos mortos, em 23 anos, em que as águas da primavera não se derramassem sobre as lápides, apagando velas e ressuscitando as flores sufocadas pelos vasos de porcelana - ou embrulhos de plástico de última hora.

Com atraso, as nuvens avançaram Serra do Curral adentro e despejaram água, raios e trovões nesta sexta-feira, apagando o fogo de quem se preparava para o fim de semana. em Belo Horizonte. Aproveitei para tirar essas fotos, às 3h deste sábado, 6 de novembro, da janela lateral dum quarto de dormir.

Foram algumas experiências com balanço de branco e maior tempo de exposição do diafragma, uns 15 segundos recebendo luz ambiente. Ta-hí:




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terça-feira, novembro 02, 2010

sexta-feira, outubro 22, 2010

Canoa canoa desce



Barcos, veleiros e remadores do cotidiano da Ilhabela, único município-arquipélogo do Brasil, localizado no litoral norte de São Paulo. Fotos: Renan Damasceno, outubro/2010

quinta-feira, outubro 21, 2010

Hoje é dia de Dizzy


O Google homenageia hoje, 21 de outubro, os 93 anos de nascimento de Dizzy Gillespie, ao lado de Charlie Parker, considerado pai do bebop e um dos principais difusores do Latin Jazz na América.

Dizzy nutria grande admiração pela música brasileira, gravou Chega de Saudade, de Tom (música) e Vinícius (letra), além de raríssimas sessões com o Trio Mocotó, em São Paulo (1974) – gravações reencontradas no começo de 2009 e que se transformara em uma das mais cobiçadas peças de colecionadores.

"Acho que em 15, 20 anos a música dos Estados Unidos, de Cuba e do Brasil, que são as mais importantes do mundo, vão se tornar uma só. E eu vou estar aí pra ver"

Dizzy não viu sua profecia, feita em 1985, se concretizar, pois morreu oito anos mais tarde.

Abaixo, gravação de No More Blues (Chega de Saudade), na riviera francesa, em 1965:




Trumpet - Dizzy Gillespie
Saxaphone/Flute - James Moody
Bass - Christopher White
Piano - Kenny Barron
Drums - Rudy Collins




___________________________

Conforme já apresentou este blog, Dizzy gravou, em turnê por terras brasileiras, em 1974, um disco raríssimo com o Trio Mocotó, material nunca lançado, que ficou sumido até 2009. Sobre Dizzy e a música cubana, leia isso . O bebop é citado no texto O Jazz na tela grande. A música cubana, por regra, foi representada pelo post sobre Buena Vista Social Club e demais ritmos latinos estão aqui.

sábado, outubro 09, 2010

In Vento Cais



Para quem quer se soltar invento o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor e sei a dor de me lançar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir eu quero mais
Tenho o caminho do que sempre quis
E um saveiro pronto pra partir
Invento o cais
E sei a vez de me lançar

terça-feira, outubro 05, 2010

Centoequatro Jazz

O som reverbera pelo salão amarelado
Do centenário Centroequatro.

Reluz o sax, bailam
bonecos de arame
Mesas e cadeiras
No compasso do jazz




Como se preparar para trabalhar em assessoria

Do blog Novo em Folha

Atualmente, a área de assessoria de imprensa implica que o profissional tenha mais habilidades do que as de um jornalista “puro”. As demandas das organizações públicas ou privadas envolvem hoje conhecimentos de marketing/branding, relações públicas e institucionais, redes sociais, comunicação interna e outras áreas do que se chama “comunicação corporativa”.

Assessoria de imprensa faz parte de um plano muito mais amplo, no qual o relacionamento com a imprensa deve estar alinhado com as outras ações de comunicação da organização, seja na publicidade, no relacionamento com parceiros e funcionários e com instituições do poder público e da sociedade civil.

Se esse profissional atuar diretamente nas organizações, como funcionário, certamente terá de planejar a estratégia dessas atividades.

Se atuar em agências de comunicação, terá de apoiar o cliente no planejamento e na execução.

Portanto, além do “skill” próprio do jornalista – ter “faro” para o que é notícia dentro das empresas e elaborar boas pautas, além de conhecer a linha editorial dos veículos e a dinâmica dos fechamentos --, o profissional de assessoria de imprensa deve procurar cursos e experiências que o atualizem nas áreas citadas acima.

Hoje, uma demanda muito forte das companhias tem sido o trabalho de comunicação em redes sociais. É uma especialização que o profissional de assessoria de imprensa deve procurar desenvolver – até para eventualmente indicar que esse trabalho é absolutamente desnecessário e infrutífero para muitas empresas que “acham” que devem atuar na web (nem todas precisam porque seus públicos não estão na rede).

(Nem) Tudo é Jazz 2010 - Ouro Preto/MG - Set.2010

quarta-feira, julho 14, 2010

Crônica de uma morte anunciada - PARTE 1


Tanure anuncia o fim do "JB" impresso

FOLHA DE S. PAULO, de 14/07/10

O "Jornal do Brasil" publica hoje um comunicado aos leitores anunciando o fim de sua edição impressa, a partir do dia 1º de setembro. Seu conteúdo, a partir de então, ficará disponível apenas na internet, com preço de assinatura de R$ 9,90 por mês.
O fim do "JB" impresso abalou o comando da empresa. O presidente do jornal, Pedro Grossi Jr., discordou da decisão e não apareceu na Redação ontem, apesar de o empresário Nelson Tanure, arrendatário da marca JB, negar que o tenha demitido.
O "Jornal do Brasil" vem de longa crise financeira, agravada por passivos fiscais e trabalhistas herdados dos antigos gestores, mas o comunicado de Tanure tenta desvincular a modificação da situação de crise. O texto diz que o jornal fez uma consulta eletrônica aos leitores no último mês e que eles apoiaram a mudança.
""O "JB" vai sair do papel. E entrar para a modernidade", diz o texto, encaminhado à Folha por Nelson Tanure. O comunicado diz que os leitores economizarão R$ 40 por mês ao trocarem a assinatura mensal do jornal impresso, de R$ 49,90, pela assinatura do portal.

CIRCULAÇÃO EM QUEDA


A Folha apurou que a migração vai provocar corte de pessoal. O "JB" tem 180 funcionários, 60 dos quais na Redação. A família Nascimento Britto, dona da marca e antiga proprietária do "JB", disse não ter informação sobre o projeto de Tanure.

O jornal tinha uma circulação diária de 76 mil exemplares quando passou para Tanure. Em 2003, iniciou um caminho de recuperação, chegando a 100 mil exemplares em 2007, para novamente entrar em rota de queda.
Em março deste ano, quando a circulação estava em 20.941 exemplares, Tanure contratou Pedro Grossi Jr. para administrar o jornal.
Já circulava a informação de que Tanure iria acabar com o jornal impresso. No último dia 28, Nelson Tanure confirmou a intenção a Pedro Grossi, que começou a articular um meio de manter o jornal impresso.
Estudou-se transferir o contrato para outra empresa, blindada contra as ações trabalhistas e fiscais remanescentes. O negócio foi desaconselhado porque a Justiça tem considerado que os novos donos são sucessores na dívida.

FORA DA MÍDIA


O fim do "JB" impresso será também o fim da experiência de Nelson Tanure como empresário de mídia. Ele disse à Folha que não quer mais atuar nesse setor e que vai se concentrar em telecomunicações.
Ele tem 5,15% da TIM Participações (subsidiária da Telecom Italia, que atua em telefonia celular, telefonia fixa local e de longa distância).
Tanure só acumulou fracassos em suas incursões na mídia. Em 2002, comprou os direitos de publicação da revista "Forbes", no Brasil. Um ano depois, a "Forbes" rompeu o contrato.
Em 2003, arrendou o jornal econômico "Gazeta Mercantil", que, como o JB, acumulava grande passivo. O jornal deixou de funcionar no ano passado, e a marca foi devolvida ao antigo dono.
Em 2007, Tanure lançou a JBTV, que durou seis meses. Ainda arrendou a Editora Peixes, que também voltou para os antigos donos. Ele diz que perdeu todo o investimento que fez no "JB".

Crônica de uma morte anunciada - PARTE 2

RUY CASTRO

Último da turma

RIO - Em maio de 1959, o "Jornal do Brasil" carregava o peso de seus 68 anos. Era um jornal caótico, feio e ultrapassado -alguns de seus colaboradores ainda usavam bigode encerado. Era, sobretudo, um jornal de classificados- os anúncios ocupavam quase toda a primeira página, e quem fosse visto lendo-o estava procurando emprego ou faxineira.

E, então, sem aviso nem fanfarra, na manhã de 2 de junho, diante de um quase irreconhecível "Jornal do Brasil" nas bancas, todos os outros jornais é que pareceram caóticos, feios e ultrapassados. Ele ficara limpo, elegante e moderno, com os títulos parangonados, os textos e fotos dispostos geometricamente, as colunas separadas por espaços, e não fios. Mas o principal seria sua reforma jornalística, capitaneada pelo jovem Janio de Freitas, depois continuada por seus sucessores.

A partir daí, trabalhar no "JB" tornou-se a aspiração de todo jornalista. Equivalia a um Ph.D. E mesmo os que, como eu, amavam o "Correio da Manhã" flertavam com o "JB". Bem, deu-se que, muito depois, em 1975, eu fosse levado para lá, para criar uma revista colorida dentro do jornal: "Domingo", a primeira do gênero no país.

Fiquei dois anos no "JB", numa redação estrelada por Elio Gaspari, Marcos Sá Corrêa, Zozimo, João Saldanha, João Máximo, Renato Machado, Norma Couri. Deu para sentir a diferença em relação a empregos anteriores: ao telefonar para alguém e me apresentar como "Fulano de Tal, do "Jornal do Brasil'", ninguém deixava de vir correndo ao aparelho.

A mística do "JB" durou até 1990, quando uma sucessão de erros administrativos, financeiros e editoriais começou a destruir o jornal. Chega agora ao fim, aos 119 anos, com a decisão de limitar-se à versão internet. Parece incrível, acordar e não ter o "JB" de papel para folhear. Mas há muito eu era o último de minha turma a ainda fazer isto.

Crônica de uma morte anunciada - PARTE 3

Jornal do Brasil foi o sonho
profissional de uma geração

FERNANDO GABEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O "Jornal do Brasil" foi o sonho profissional da nossa juventude desde os anos 1950 até o princípio dos anos 1960. Representou o sonho profissional de toda uma geração no início da década de 1960. Foi a mais radical reforma jornalística feita no país até aquela data.
O uso do espaço em branco na introdução de fotografias com a luz ambiente e excelentes reportagens eram alguns dos seus componentes.
O desenho do jornal, trabalhado por Amílcar de Castro e inspirado no pintor holandês Mondrian, representou durante muito tempo uma atração internacional, porque muitos jornalistas vieram do exterior para observar aquelas mudanças.
Na parte cultural, o "Jornal do Brasil" inovou lançando um suplemento literário voltado para o concretismo, mas que revelou alguns dos principais poetas e escritores do país.
Nos últimos anos, o "Jornal do Brasil" tornou-se um fantasma do que era, conservando a máxima de que um jornal leva mais de uma década para morrer.


O jornalista FERNANDO GABEIRA é deputado federal (PV-RJ) e trabalhou no "Jornal do Brasil".

Crônica de uma morte anunciada - PARTE 4

Reproduzido do blog do autor, 13/7/2010; título e intertítulos do Observatório da Imprensa.

Notícia de uma morte anunciada

Por Ricardo Kotscho em 14/7/2010

Só falta marcar a data da morte, aos 119 anos, do melhor jornal em que já trabalhei na vida, um símbolo da imprensa brasileira do século passado.

Ainda esta semana, Nelson Tanure, o atual dono da marca, vai anunciar o dia em que deixará de circular o Jornal do Brasil, um dos mais antigos, revolucionários e respeitados veículos já publicados no país. Fosse uma pessoa, era o caso de dizer como antigamente: trata-se de uma perda irreparável. Para lembrar dele, restará apenas uma versão eletrônica.

O necrológio já havia sido muito bem escrito pelo colega Carlos Brickmann, semana passada, em sua coluna no Observatório da Imprensa. Agora, quem anunciou oficialmente o desenlace, em sua edição desta terça-feira [13/7], por ironia do destino, foi justamente O Globo, outrora principal concorrente e algoz do Jornal do Brasil.

Prestígio

Trabalhei por três temporadas no JB, primeiro como seu correspondente na Europa, na década de 1970, e depois na sucursal paulista, nos anos 80/90.

Para se ter uma idéia da força e do prestígio deste jornal, quando fui contratado pela grande jornalista Dorrit Harazim para ser seu correspondente na então Alemanha Ocidental, ela me alertou para a responsabilidade: "Você vai ter que se comportar como se fosse um embaixador do JB na Europa".

No elegante restaurante da diretoria, onde fui convidado a almoçar para ser apresentado aos meus novos chefes, os homens estavam todos de terno e havia tantos copos e talheres à minha frente que não sabia nem por onde começar – ainda mais, depois da advertência da Dorrit, a chefe dos correspondentes internacionais do jornal.

De roupa esporte, me senti um verdadeiro caipira sentado à mesa da rainha da Inglaterra. Meses depois, participaria com Dorrit de uma reunião dos correspondentes do JB na Europa, um timaço com mais de dez jornalistas na época, convocada para acontecer num grande hotel de Paris –vejam que chique…

Craques

O JB deste tempo ainda reunia a seleção brasileira da imprensa. Não havia limite de despesas para se fazer uma boa reportagem. O grande sonho de todo jornalista era trabalhar lá um dia. Tinha vários craques em cada editoria. Ouso afirmar que nunca mais se montou uma redação daquela qualidade em jornal algum.

Não vou me meter a elencar os nomes, como fez o robusto Carlinhos em sua coluna, "O circo da notícia", porque eram tantas as estrelas que não vou me lembrar de todos os mestres com quem convivi. Basta apenas lembrar, por exemplo, que trabalhei ao lado de Walter Fontoura, Elio Gaspari, Ancelmo Góis, Zuenir Ventura, Ricardo Setti, Célia Chaim, Renato Machado, Augusto Nunes e Evandro Teixeira, entre tantos outros cobras do jornalismo.

O que mais me fascinava no Jornal do Brasil era o ameno ambiente de trabalho e a absoluta independência editorial. Para se ter uma idéia, a dona era uma condessa, a condessa Pereira Carneiro, e o diretor, um lorde, o seu genro Nascimento Brito.

Nunca os vi de perto e jamais recebi uma "ordem da diretoria" para fazer ou deixar de fazer determinada matéria. Mais tarde, as coisas mudariam, e o jornal entraria numa crise financeira e editorial que o levaria à decadência, até ser arrendado para o empresário Nelson Tanure, em 2001. Começava ali a sua agonia. Em 2009, Tanure levou à morte outro grande jornal, a Gazeta Mercantil.

Tempos difíceis

Teria mil histórias a contar sobre o meu trabalho no JB, que não cabem num blog, mas podem ser encontradas no meu livro de memórias "Do Golpe ao Planalto – Uma vida de repórter", da Companhia das Letras.

Ao ver a notícia do falecimento esta manhã, fiquei muito triste. Foi como se estivessem apagando da paisagem e levando embora para sempre o lugar onde passei a melhor fase da minha já longa vida profissional.

Restavam lá trabalhando apenas 60 jornalistas, a circulação vinha minguando abaixo dos 20 mil exemplares, o jornal já tinha encolhido de tamanho e o passivo chegava a 100 milhões de reais. Alguns dos seus antigos craques hoje ainda podem ser encontrados nas páginas de O Globo. A imprensa brasileira deveria decretar três dias de luto.

terça-feira, julho 06, 2010

Brasileirinhas ....


De @luisabrasilm, no Portal Uai.

Que o Brasil é referência quando o assunto é pornografia, é fato. O país não é somente um dos maiores consumidores de filmes pornôs do mundo, como também é o maior produtor de filmes do gênero na América Latina. Mas o que se passa nos bastidores da produção brasileira ainda é assunto pouco discutido. Movida por esse questionamento, a antropóloga Maria Elvira Díaz-Benítez passou um ano e meio estudando essa indústria para sua tese de doutorado, que deu origem ao livro ''Nas redes do sexo''. A obra chega nessa semana às livrarias, pela editora Zahar.

Maria conta que sua motivação inicial para a pesquisa foi tentar entender de onde vinham os profissionais que trabalhavam na indústria de filmes pornôs. Ao longo do trajeto, ela constatou que não é possível encontrar uma resposta que generalize quem são esses profissionais. A pesquisadora descobriu que não há distinção de origem, gênero ou classe, e que os motivos que levam as pessoas a entrarem no mundo do pornô são variados.

''São pessoas bem diversas, não dá para responder essa pergunta de maneira fácil. Não existe um padrão, mas tem muita gente do Rio, São Paulo e do Sul. Principalmente a rede de atrizes está bem concentrada nessa região'', afirma.

Em sua tese, no entanto, ela identifica os locais onde ocorrem a maior parte do recrutamento dos atores e atrizes, e a maioria deles está ligada à prostituição, como boates, pontos de rua ou sites de acompanhantes.

Em sua pesquisa, Maria Elvira acabou traçando um perfil do universo pornô brasileiro, mas ela conta que foi dificil quebrar a barreira inicial para entrar nesse mundo. ''Eu escrevia para produtoras, entrava em contato pelo 'fale conosco', mandava mensagens por Orkut e nunca tinha resposta''.

Sua sorte mudou quando um jornalista do Rio lhe passou o telefone pessoal de Rita Cadillac. A ex-chacrete e atriz pornô não só aceitou dar uma entrevista à pesquisadora como conseguiu outros contatos para ela. Na mesma semana, outro golpe de sorte: um produtor da Brasileirinhas, a maior produtora de filmes pornográficos do país, entrou em contato com Maria Elvira e a convidou para o lançamento do filme pornô de Mateus Carrieri. A partir daí, tudo ficou mais acessível e, entre 2006 e 2008, a antropóloga entrevistou mais de 50 pessoas e acompanhou várias produções em São Paulo, desde o recrutamento dos atores até as gravações e distribuição dos filmes. Segundo ela, o recrutamento dos atores, no chamado pornô comercial, passa por vários estereótipos.

''O mundo do pornô joga com esses estereótipos. Um deles é o mito da sexualidade bestial do negro'', explica a pesquisadora. Isso faz, por exemplo, com que os negros sejam bem colocados nesse mercado, por eles são estigmatizados como ''bem dotados'' e amantes ''selvagens''. (...)

Portal Uai: Livro desvenda os bastidores da
produção pornográfica brasileira

Entrevista de Maria Elvira ao catálogo da Zahar

sábado, julho 03, 2010

Rio technicolor - Copacabana Palace (1962)


(via @luisnassif)

Produção Franco/ Italiana/ Brasileira de 1962, Copacabana Palace é um filme que não passaria de médio não fosse a qualidade da trilha sonora, onde estão presentes João Gilberto, Tom Jobim, Luis Bonfá, Os Cariocas e Norma Bengell. Além disso, as imagens em Technicolor de um Rio de Janeiro do princípio da década de 60 são belíssimas.

O filme começa com um avião da Panair pousando no Santos Dumont, enquanto, na trilha sonora, uma cantora italiana emite em bom português os acordes de ‘Samba do avião’. Mylene Dèmongeot, que - parece - teve um caso com Tom Jobim no Rio, até hoje conta que a música foi composta para ela.

Três estrangeiros desembarcam no Rio: uma princesa (Mylene), que chega cheia de fantasias de passar três noites de amor tórrido com o amante que trouxe da Europa; um golpista que banca o milionário para roubar as jóias de milionários de verdade; e uma aeromoça (Koscina), que quer aproveitar a escala no Rio para travar um contato mais profundo com um artista brasileiro que tinha conhecido em Lisboa: Tom Jobim!!! Todos se hospedam no Copacabana Palace.







sábado, junho 19, 2010

Sudanês Manute Bol morre aos 47 anos

Renan Damasceno

Morreu no início da tarde deste sábado, aos 47 anos, em Kansas City (EUA), o ex-jogador de basquete sudanês Manute Bol. O jogador, que atuou na liga norte-americana de 1985 a 1994, estava internado desde 12 de maio com problemas renais e Síndrome de Stevens-Johnson, que causa a separação de camadas da pele, parecido com o que acontece com vítimas de queimaduras.


Nos últimos anos, Manute, que ficou famoso pela imensa estatura (2,31) e pouquíssimo peso (102 Kg) , se dedicou ao ativismo social em seu país, construindo escolas e ajudando tribos dizimadas pela guerra civil.

Desde 2006, Bol, que é filho do chefe da tribo Dinka, ao sul do país, está envolvido com a ONG Sudan Freedom Walk, que discute soluções para o fim do genocídio na região de Darfur.

Bol é o único jogador na história da NBA com mais tocos do que pontos em sua carreira ( 2,086 contra 1,599). O pivô passou pelo Golden State Warriors, Philadélphia 76ers e Washington Bullets e Miami Heat. A partir de 1996, jogou em ligas paralelas nos Estados Unidos, como a Continental Basketball Association (CBA) e United States Basketball League.


Manute foi o primeiro jogador nascido na África draftado na NBA, no segundo round de 1985 . Draft é um sistema de escolha de jogadores, universitários ou não, promovido pela NBA. no qual os times mais fracos tem direito aos melhores atletas. Depois do sudanês, vários outros afrcanos ganharam destaque na liga, como super-pivô Dikembe Mutombo (Congo), o bicampeão Hakeem Olajuwon
(Nigéria)

Muito querido pelos companheiros de quadra (como a amizade com o astro Charles Barkley, companheiros de 76ers) e pelos fãs, uma página foi criada no Facebook para incentivar sua melhora. O nome da página é “Manute Bol, get well soon” (Manute Bol, melhore logo).






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Maluco Beleza

Não era um jogo de Copa do Mundo, mas a truculência, os erros de finalizações e o pouco brilho das principais estrelas fizeram do sétimo jogo da final da NBA, entre Los Angeles Lakers e Boston Celtics, um espelho do que, aqui no hemisfério Sul, andam praticando com a Jabulani nos pés.

O título ficou com a franquia californiana, pela segunda vez seguida, 16a conquista da história. Venceu por 83 a 79, com emoção reservada aos últimos minutos, com bolas de três para os dois lados (Rasheed Wallace e Rajon Rondo, pelos verdes, Ron Artest e um rebote milagroso de Pau Gasol, dando o troco pelos mandantes).

Nervos alterados e lances esquisitos no time de Boston: o intempestivo Wallace debruçou-se algumas vezes sobre a platéia para buscar bolas passadas ao léu. Ray Allen anulou Kobe Bryant, mas, no ataque, não repetiu as oito bolas de três (recorde histórico) que acertou no jogo 2, também no Staples Center. Kevin Garnett, já com a chancela de veterano, foi instável em toda série. Sem Kendrick Perkins, machucado, coube a Baby Davis e Wallace substituí-lo - sem sucesso. Rajon Rondo e a estrela Paul Pierce, cestinha da equipe, com 18 pontos, foram os melhores de Boston. Trocando em miúdos: pelo conjunto da obra, não mereciam o título.

Pelo lado do Lakers, Gasol foi gigante nos rebotes, mas errou sucessivamente nos arremessos. O veterano Derek Fisher, que estava na primeira conquista da era Phil Jackson em LA, em 1999, estava nervoso, faltoso, mas cobriu as expectativas, acertando em momentos oportunos. A eterna promessa Andrew Bynum não fez muito mais do que acostuma fazer.

Já o astro Kobe Bryant, indiscutivelmente o maior desde Michael Jordan, demonstrou o que falta para se igualar ao melhor de todos os tempos. Errou. Muito. De todos os jeitos, lados e situações. Até lance livre saia das mãos de Kobe feito tijolos. A luz que lhe restava foi suficiente para torná-lo, com muito custo, cestinha da partida: 23 pontos.

Sem Bryant inspirado, coube a Ron Artest salvar Jack Nicholson e todo Staples Center do sofrimento. E o fez, ao seu modo peculiar. Distribuiu beijos para a platéia, ensaiou uma confusão com Paul Pierce (relembrando seus ataques de loucura no Indiana Pacers e Houston Rockets) e acertou a mão de três pontos, além de roubar cinco bolas, pegar cinco rebotes.

Artest terminou o jogo com 20 pontos, quase o dobro de sua média nas finais. Na sua infindável lista de agradecimento, tinha amigos, familiares e vizinhos e destaque para Sandy, sua psiquiatra. Belo trabalho, Sandy!

quinta-feira, junho 03, 2010

Entrevista - Juan Luís Cebrián




O declínio do Quarto Poder
na nova sociedade em rede


Para o jornalista Juan Luís Cebrián, fundador do El País, o declínio do jornalismo - que sempre esteve "dentro dos palácios", inserida no estabilishment do poder - deve-se às mudanças da sociedade, que deixou de ser hierárquica e passou, na era digital, a se organizar em rede.

Trechos da entrevista:

"Os jornais vão perder esse aspecto central. Já perdemos isso, na formação da opinião pública nas democracias.(...) Os políticos sabem que isso está acontecendo, usam a internet. Obama ganhou as eleições graças ao Youtube e não ao New York Times.


(...) A relação dos jornais com o poder político e com poderes sociais, econômicos e religiosos, sempre foi conflitiva. E, por isso, que nós, jornalistas, acreditamos que estamos "fora do palácio" que nosso poder vem do fato de que representamos o povo. E isto não é verdade. O jornalista, o jornal, o sistema de informação de hoje, pertencem ao estabilishment do poder político.

(...) Fazemos parte do estabilishment do poder desde o princípio, de uma elite. O problema é que este estabilishment está se transformando. As relações sociais, a comunicação entre as pessoas e as relações de poder mudam na sociedade digital, que é muito menos hierárquica (...) E essa falta de hierarquia em um mundo que está em rede, e não é mais piramidal está afetando os meios de comunicação



quinta-feira, maio 20, 2010

Ah, sempre Borges.







"Sem leitura não se pode escrever. Tampouco

sem emoção, pois a literatura não é, certamente,
um jogo de palavras. É muito mais. Eu diria que a
literatura existe através da linguagem, ou melhor,
apesar da linguagem."

Jorge Luís Borges

terça-feira, maio 18, 2010

Uma pergunta para Ruy Castro


14h17. Abre a porta automática do estacionamento do Expominas, maior centro de convenções de Belo Horizonte, com impressionantes 72 mil m² de área construída. Apressado, o escritor Ruy Castro cruza acompanhado de uma assistente de organização os mais de 100 metros que o separa do Café Literário, espaço para 150 pessoas, devidamente decorado e ar condicionado de bater queixo, palco das principais palestras e debates da Bienal do Livro de Minas 2010.

“Ruy, posso lhe fazer uma pergunta?”, disparei despretensioso ao encontrá-lo a passos largos no hall de entrada. Antes que me respondesse, ou ao menos fizesse um aceno, três organizadores o cercaram, me encararam batendo o dedo indicador no relógio, alertando que o jornalista Paulo Markun, que dividiria o sofá com ele, e mais de 100 pessoas já o aguardavam no café, para um bate-papo sobre biografias – especialidade dos dois.

Munido de um bloco de papel e uma edição de “Um filme é para sempre” - coletânea de textos sobre cinema do jornalista, publicados ao longo de três décadas na grande imprensa e organizados, em 2006, por sua esposa, Heloísa Seixas -, o acompanhei à distância, peguei uma das 150 fichas que me dava acesso ao café e, atentamente, tomei nota de alguns trechos, que postarei depois.

Pouco mais de 1h15 depois, findado o arsenal de perguntas enfadonhas do público, daquelas que o entrevistador sabe a resposta, mas faz questão exibir seus conhecimentos, dotes e títulos, consegui, finalmente, fazer minha pergunta.

- Ruy, você levaria o Adriano pra Copa?

(risadas)

- Levaria o Vagner Love ...

domingo, maio 16, 2010

Folha de S. Paulo: +mais! ( 16/02/1992 - 16/05/2010)


O Mais! deixa de circular, legando exemplos de liberdade e atualidade na abordagem de temas culturais

ALCINO LEITE NETO
EDITOR DA PUBLIFOLHA

Quando o Mais! foi lançado, em 16 de fevereiro de 1992, uma das brincadeiras que mais ouvi, dentro e fora da Redação, indagava: "O caderno chama-se Mais! ou chama-se "Menos'?".
A reclamação, a princípio, fazia sentido.

O veículo foi criado para reunir num só lugar dois produtos bem-sucedidos do jornal: "Ciência" e "Letras". Também agregava assuntos da Ilustrada, que deixou de circular aos domingos, e uma seção que existia em Mundo, chamada "Multimídia Especial".

A criação do número 1, sob o comando de seu talentoso primeiro editor, Marcos Augusto Gonçalves, foi uma aventura que dificilmente esquecerei. Como fazer caber em suas 18 páginas parte do conteúdo habitual de todos aqueles cadernos suprimidos, mas sobretudo realizar uma "renovação do jornalismo cultural brasileiro", como o Mais! fora anunciado nas páginas do jornal?

Em oposição ao espírito acadêmico e literário que predominava nos cadernos culturais semanais da época, este foi erguido sobre o seguinte tripé: mais jornalismo, mais atenção aos temas atuais e mais intervenção polêmica no debate sociocultural (e mesmo político) brasileiro.

Na conta do jornalismo, praticamente todos os principais repórteres do jornal escreveram matérias de envergadura para o Mais!. O empenho dos editores Adriano Schwartz e Marcos Flamínio Peres fez adensar essa estratégia, que culminou nos anos recentes nas premiadas reportagens de Mário Magalhães e Joel Silva ("Os anti-heróis - O submundo da cana", 24/8/2008) e Raphael Gomide ("O Infiltrado -PM por dentro", 18/5/2008).

O caderno também cuidou de levar para o jornalismo cultural sofisticado os princípios que norteiam o "Manual da Redação" da Folha, inclusive no que diz respeito aos modelos de edição do jornal, com uso intensivo de recursos didáticos, mapas, gráficos e estatísticas.

Futurismo

A preocupação com trazer temas atuais à pauta, por sua vez, foi um modo de evitar a tendência ao passadismo e à museificação, que continuam sendo verdadeiras pragas do jornalismo cultural. Com isso, o semanário abriu-se a assuntos muito variados e heterodoxos, às vezes futuristas.
Foi o primeiro espaço da grande imprensa a levar a sério a internet, quando a web ainda era apenas uma fantasia (17/7/ 1994, em reportagem visionária de Maria Ercilia). Abro a edição de 9/4/2000, e vejo que o assunto de capa ("O livro morreu! Viva o e-livro!") traz uma reportagem minuciosa sobre as experiências com livros eletrônicos -dez anos antes do Kindle e do iPad.

Deixar o caderno bem próximo da atualidade exigia um trabalho imenso. Para começar, era fundamental ao editor e à equipe ter um sentimento acentuado de pertencimento à sua época. Precisávamos também ser tremendamente ágeis, porque não interessava ao Mais! a atualidade abstrata, mas o que havia acontecido na última semana. Recordo que, inúmeras vezes, edições já prontas foram substituídas por outras, na última hora, para trazer à capa um assunto mais quente e mais relevante no momento vivido pelo leitor.

Com isso, a partir de exemplos concretos e no calor dos acontecimentos, os principais debates do final do século 20 e do início do século 21 foram abordados: o fim do comunismo, a crise da esquerda, a globalização, o multiculturalismo, as políticas afirmativas, o colapso da psicanálise, a neurociência, a bioética, a entrada na era digital, o terrorismo e a política securitária pós-11 de Setembro, o neoconservadorismo etc. etc.

A ambição de intervir no debate sociocultural e político brasileiro também excitava muito os que participavam do caderno. Um dos "momentos culminantes" desse esforço jornalístico foi o debate desencadeado pelo economista José Luis Fiori, em reportagem de Fernando de Barros e Silva (de 3/7/1994), sobre a influência das diretrizes neoliberais do Consenso de Washington no plano de governo do então candidato presidencial Fernando Henrique Cardoso. Foi uma gigantesca polêmica, e o próprio FHC interrompeu a campanha para redigir uma longa réplica à reportagem.

Liberdade

À parte o tripé que associava jornalismo, atualidade e intervenção, o Mais! tinha outra base editorial, nos bastidores: mais irreverência, mais reflexão e mais liberdade. Das irreverências, dou apenas um exemplo (há vários).

Dezenas de pessoas cancelaram sua assinatura do jornal no dia seguinte à publicação de uma antologia de poemas dedicados à vagina. Para piorar, a edição (20/7/ 1997) estampava na capa o quadro "A Origem do Mundo", de Courbet -o "close" pictórico de uma genitália-, numa disposição gráfica arrojada e elegante, criada por Renata Buono, a designer que sempre esteve por trás da excelência visual do caderno.

Outra atitude foi a de nunca considerar o leitor um néscio e sempre acreditar que ele se interessa pelas reflexões mais complexas e mais ousadas. A editoria evitou a todo custo cair no anti-intelectualismo ou na aversão às "vanguardas" das artes e do pensamento -ressentimentos que atingem com frequência o meio jornalístico.

Assim, abriu-se à colaboração inestimável de um numeroso elenco de professores, intelectuais, escritores, dramaturgos, cineastas e artistas plásticos, entre outros profissionais, do Brasil e do exterior, dos mais diferentes matizes políticos e das mais diversas correntes culturais. Sem eles, teria sido apenas um caderno cultural qualquer.

Foi a tradição editorial da Folha de um jornalismo polifônico, aberto e tolerante -tradição erguida na luta contra a ditadura militar- que inspirou e alimentou essa dinâmica colaborativa, multidisciplinar e calcada na liberdade de pensamento.

É esta mesma liberdade, creio, o principal legado do Mais! ao novo e ilustríssimo caderno que o substituirá, a partir do próximo domingo.

quinta-feira, maio 06, 2010

Messi e Neymar – Acordes de um futebol subversivo


Lionel Messi está para o Tango Nuevo de Astor Piazzolla, assim como Neymar para o samba da velha guarda. O brilhantismo dos dois maiores jogadores de futebol do mundo na atualidade – posso me equivocar em atribuir tal prestígio ao premiado argentino -, subverte alguns conceitos que teimam em se arrraigar no chão de seus países. Enquanto a era Dunga suplanta os acordes alegres do samba de morro, com um jogo mais quadrado que bicordes de heavy metal, Lionel tenta bailar leve e sutilmente sobre as milongas tristes e chorosas dos argentinos.

O futebol de Neymar é curto e certeiro igual samba de Noel, fino que nem composição de Ismael Silva na voz de Francisco Alves, cheio de virtuose à Pixinguinha e malandro do tipo Cartola. É completo e já nasceu pronto, prato cheio para saudosistas que clamam por mais Canhoteiros, Zizinhos e Pelés, num país que não para de produzir volantes – ou transformar armadores em marcadores.

Já Lionel Messi, embora a derrota do Barcelona para o Bayern de Munique na Liga mereça trilha de Corsini ou Magaldi, se espalha pelos gramados do Camp Nou como os dedos de Piazzolla percorrem as teclas do bandoneón. Feito tarântula. Jovem, Messi tem a dura missão de dar brilho e brio ao cada vez mais acinzentado futebol argentino, ainda salvo por Sérgio Aguero, Higaín e o pouco notado Ricardo Noir, escondido no Boca Juniors.

No Brasil, o Santos bagunçou o esquema, assim como João Gilberto leu a cartilha do samba para nos presentear com a Bossa Nova. Já marcou uma centena de gols em quatro meses, jogando com três jogadores no meio-campo com características de armadores e apenas um carregador de piano auxiliado pelos laterais. O esquema é novo? Pode ser, mas o compasso é de samba velho, para nossa alegre apreciação – e felicidade de não encará-los como adversários na Copa.

Ao contrário, esperamos encontrar os argentinos em solo sul-africano. Teremos, para tanto, que enfrentar Lionel Messi e Cia., eliminá-los e fazê-los desabar em lágrimas ao som de um tango interpretado por Carlos Gardel ou Rosita Quiroga. E mostrar aos argentinos que “Que veinte años no es nada”, como canta Gardel em Volver, para vingar o gol de Cannigia na Copa do Mundo, em 1990, na Itália.


*Charge do Neymar, reproduzida do Flickr do Fábio Nada




quarta-feira, maio 05, 2010




Desculpe a falta de atualização.
Em breve, série nova.

segunda-feira, abril 12, 2010

Perguntas que ofendem, mas fazem o trem cultural andar


João Marcos Veiga

“Mineiro não briga, mas também não perdoa.” A frase atribuída ao político Hélio Garcia sintetiza o espírito que rege o cotidiano entre nossas montanhas. Uma cordialidade e tranqüilidade sempre pairam no ar até que tudo vem abaixo. São nesses momentos, entretanto, que aparece uma reflexão forçada de como o bonde está andando. Quem tem sido colocada sob suspeita ultimamente é a estabilidade do meio cultural na capital mineira, mas entre mortos e feridos temos alguns motivos para comemorar a permanência de espaços, iniciativas e a efervescência de nossa produção.

Um dos mais tradicionais e aguardados eventos da cidade, por pouco o FIT não sai da agenda de 2010, logo em sua décima edição. Depois de uma lavagem de roupa suja com direito a protestos de público e categoria e ameaças de abandono caso o barco voltasse a navegar de forma insatisfatória, Prefeitura e FMC garantiram sua realização. A situação evidenciou não só problemas, mas também a importância de um encontro de artes cênicas dessa amplitude para BH.


Mas eventos precisam de espaços. E a cidade perdeu alguns de seus mais im
portantes com a passagem de década. A Praça da Estação deixou de ser área de shows e voltou a ser apenas praça – e praia, em alguns divertidos sábados. Mas logo ali, em frente à bucólica Rui Barbosa, temos o Espaço 104, com sala de cinema e de exposição infelizmente às moscas. Falando em cinema, o Usina Unibanco fechou as portas para reforma na rua Aimorés sob dúvidas quanto a sua retomada.Das películas para os acordes, o Music Hall, que já havia anunciado seu fechamento, continua a oferecer uma das poucas boas estruturas para espetáculos de médio porte em BH.

Mas o equilíbrio entre verba de patrocinadores e a oriunda das entradas ainda causa insegurança. E foi num encontro ali que os brasilienses do Móveis Coloniais de Acaju de Brasília jogaram luz ontem sobre roqueiros mineiros que estão se destacando no nosso cenário alternativo, como Pequena Morte e Fusile.

Frescor de novidade foi o que se viu esta semana nas duas noites de sala lotada no teatro João Ceschiatti, que recebeu a banda Graveola e o Lixo Polifônico e Juliana Perdigão. Com arranjos que transitam entre uma irreverência festiva e uma inusitada concepção instrumental, o grupo mineiro comemora a seleção para o Conexão Vivo. O festival vai ecoar por duas semanas sonoridades de todas as matizes, que vão de Arnaldo Antunes a Burro Morto, de Macaco Bong a João Donato, do sul à Paraíba, da MPB ao rock experimental.


Juliana Perdigão também comemora a seleção para o edital Natura. Sua voz e seu belo clarinete poderão enfim estar num cd solo. Representante da excelência da música instrumental de BH, a sumidade Esdra “Nenem” é outro que vai registrar sua bateria em um álbum através do edital.


No cenário cultural da capital mineira algumas perguntas podem até ofender, mas são necessárias. É possível casas de show se manterem apenas com bilheteria? Até que ponto artistas estão atados e dependentes de editais? Temos espaços ao nível de nossa produção? Como acontecem as negociações para os grandes festivais? Perguntas que se justificam pelo patrimônio que temos na bateria de Nenem, no talento de Juliana e no espírito criativo do Graveola. E enquanto isso o trem da cultura segue tentando alinhar seus trilhos.