quinta-feira, janeiro 27, 2011

Especulação funerária

Com a taxa de mortalidade no Brasil estável em 6,3/1.000 habitantes na última década, cerca de 1, 2 milhão de brasileiros batem as botas todos os anos. Com o aumento na demanda por uma vaguinha bem acomodada a sete palmos do chão, "ser jogado na vala comum" se transformou de despretensioso provérbio a motivo de insônia aos que anseiam um sono eterno sossegado.

Tomei conhecimento há alguns meses em conversa com meu pai e depois com o Marcelo Dias - um amigo advogado muito atento aos negócios, de pés de eucaliptos a pés na cova -, sobre o aumento na procura por terrenos em cemitérios, por necessidade familiar ou por precavidos com medo de passar a eternidade loteado em um cubículo de repartição pública.

Nossa cultura escatológica explica tanto temor dos tementes a Deus. Religiões monoteístas ocidentais, como a Católica e as Neo-pentecostais que gorjeiam por cá, pregam que seus membros valorosos de uma fé verdadeira serão "livrados do fogo do inferno" e "suas almas levadas todas para o céu".

Porém, tamanha benesse divina e promessas de vida eterna em suaves prestações têm custado caro aos cristãos. Um terreno no cemitério de Alfenas, por exemplo, com pouco mais de dois metros quadrados que custava R$ 2,5 mil, é vendido, hoje, a cerca de R$ 6 mil.

A inflação foi puxada por uma mórbida "especulação funerária", de funcionamento simples: o empresariado ávido por negócios, certo que sua hora ainda não chegou, comprou o cercadinho há alguns anos e, hoje, com a iminente lotação dos cemitérios municipais, vende a preços exorbitantes, alavancando também o valor dos que garantiram seu pedaço de terra sem esse propósito.

Mais uma vez, os analistas de mercado tiveram olho-vivo, ainda mais que as opções oferecidas ao certâme de defunto não têm sido das melhores, assim na terra como no céu.

sábado, janeiro 22, 2011

O tempo e o vento



ILICÍNEA. Nome originado da planta Congonha, da família das Ilicinaseas, muito usada no Sul de Minas Gerais. O chá de suas folhas exalam sabor e aroma peculiares. Congonhas foi o primeiro nome do povoado que, em 1938, como distrito, recebeu o nome de Ilicínea. Em 1953, desmenbrada do município de Boa Esperança, foi elevada a igual categoria. As fotos, de janeiro de 2006, são de casas de quase um século, de meus bisavós, avós, tios-avós, na zona rural da cidade, na qual nasci em 1986.

quarta-feira, janeiro 19, 2011

A outra esquina

O ano era 1988. Na extinta casa noturna Pianíssimo acontecia o encontro memorável de dois grandes músicos. No piano, aquele que deu as primeiras bases para a formação do Clube da Esquina, ainda no edifício Levy da Avenida Amazonas; na guitarra, um ícone do rock progressivo brasileiro. Numa sequência de shows, desfilaram pelos acordes de Marílton Borges e Fredera temas de jazz, bossa nova e da MPB.

Música Popular Brasileira que por sinal reserva uma importante página para essa atuação. No disco Os Borges (1980), a faixa Outro Cais, composição do primogênito da família, Marílton, traz Elis Regina conduzida pelo timbre marcante de Fredera. O álbum, que revela toda a capacidade artística dos Borges, também contou com Milton Nascimento e Toninho Horta.

Apesar do sumiço das últimas décadas, Fredera fez história na música do país. Ainda na década de setenta, foi considerado uma lenda do rock brasileiro, através de composições ao mesmo tempo densas e irreverentes e solos de guitarra eletrizantes para um dos principais grupos progressivos da época, o Som Imaginário – banda que acompanhou Bituca por certo tempo e que trazia nomes como Robertinho Silva, Wagner Tiso, Zé Rodrix e Naná Vasconcelos.

Na década de 1980 ele lançou o álbum solo Aurora Vermelha, disco premiado e que representou um marco para a música instrumental do país, segundo o maestro canadense Gil Evans. Mesmo deixando os palcos depois de acompanhar artistas como Gal Costa, Ivan Lins, Gonzaguinha e Raul Seixas, consolidou-se como um intelectual (é autor de diversos livros) e artista versátil, atuando ativamente ainda hoje na área das artes plásticas. (João Marcos Veiga)

terça-feira, janeiro 18, 2011

Enbrulhando peixes

Rio de Janeiro. 18/01/1915.
"Toda vez que um temporal desaba sobre esta cidade e ela, em alguns pontos, sofre os terríveis efeitos das inundações, a imprensa no dia seguinte, ao passo que noticia minuciosamente todos os horrores por que passaram os habitantes das ruas e bairros inundados, clama por uma providência, chama a atenção dos poderes públicos municipais, apela para as altas autoridades da República, convencida de que cumpre um dos seus mais sagrados deveres: O de zelar pelo bem estar da população, pugnando pelos seus direitos". (Jornal do Brasil)

segunda-feira, janeiro 17, 2011

A volta do ditador

Como não há catástrofe que não possa piorar - mesmo depois de terremoto com saldo superior a 250 mil mortes, fraude eleitoral e uma epidemia de cólera que já levou outras 3 mil -, o ex-ditador haitiano Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc, pousou no solo do país mais pobre da América Latina neste domingo (16/01), em voo da Air France vindo da França - país no qual o aceitou em exílio político, em 1986, após outros países recusar estadia.

Recebido efusivamente por descamisados de memória curta, aos gritos de "Viva Duvalier", o ex-ditador disse que gostaria de ajudar a reconstruir a nação devastada por um terremoto. Usando terno e gravata azuis e acompanhado de sua atual esposa francesa, Veronique Roy (sempre foi um gorducho mulherengo), ele afirmou que sentiu grande alegria ao colocar os pés novamente em solo haitiano.

O retorno inesperado ocorre no momento em que o país enfrenta uma crise política, além de epidemia de cólera e dificuldades da reconstrução após o terremoto devastador de janeiro do ano passado. A data escolhida, talvez a dedo, aconteceu também no dia exato em que deveria ocorrer o segundo turno das eleições presidenciais no Haiti, mas a votação foi adiada por causa de uma disputa em torno dos nomes que deveriam constar na cédula eleitoral.

Perfil do ditador - Jean-Claude Duvalier tinha apenas 19 anos quando herdou o título de "presidente vitalício" de seu pai, François "Papa Doc" Duvalier, que governou o país de 1957 a 1971. Baby Doc, que pediu perdão ao povo haitiano em 2007, é acusado de corrupção, repressão e abuso de direitos humanos durante o tempo em que esteve no poder.

Como o pai, ele contava com uma milícia particular conhecida como os Tontons Macoutes. Os Duvalier são tidos por analistas como dois dos mais violentos governantes da História.

sábado, janeiro 15, 2011

Guerras desconhecidas do Brasil




O ESTADO CONTRA O POVO. A reportagem Guerras Desconhecidas do Brasil, do jornalista Leonêncio Nossa e do repórter fotográfico Celso Júnior, publicada em dezembro do ano passado pelo O Estado de S. Paulo, reúne relatos de 32 revoltas armadas que provocaram a morte de 538 civis e 100 baixas nas tropas legais do Estado no século no Brasil.

Os episódios mostram a paranoia do Estado brasileiro em usar seu poder de fogo para conter beatos barbudos, rezadeiras, descontentes com a política econômica ou pequenos agricultores em busca de terra, e tomar partido de latifundiários e grileiros nas brigas composseiros. Foram revoltas populares sem ideologia ou tutela de partidos políticos e instituições militares ou religiosas.

Um dos melhores trabalhos de apuração, texto, fotos e projeto gráfico que já li.

Para baixar o caderno Guerras Desconhecidas do Brasil, clique aqui.

domingo, janeiro 09, 2011

Prova cabal

Denunciado pelo morto. Reynaldo Dagsa, vereador em Manila, Filipinas, fotografou o momento em que seu assassino, Michael González, preparava a arma para o tiro. Segundo a polícia local, o político, que tirava foto da família, não percebeu que estava fotografando também seu algoz. González e seu cúmplice (atrás, de regata) foram presos graças à foto.

terça-feira, janeiro 04, 2011

E a gente sonhando ...

Milton Nascimento vai do jazz ao pop FM em disco ao lado
de jovens talentos de Três Pontas, Sul de Minas Gerais




... E A GENTE SONHANDO. O novo CD de Milton Nascimento é a prova mais viva de que a gente pode continuar sonhando. O sonho não acabou, a canção nunca se esgotou, pelo menos na discografia desse que é um dos músicos mais importante da nossa história.

A sua voz ressoa como se fosse o Milton do Clube da Esquina I e II, do Gerais, do Minas, do Angelus e do sensacional Pietá – disco que mereceria mais atenção por parte da crítica.

Em ...E a gente sonhando percebe-se o Milton jazzístico, da batida da bossa nova, das harmonias tão refinadas vindas desde sempre dos antológicos discos dos anos 70, do canto pungente, quase que um cântico religioso, vindo do fundo das igrejas mineiras, dos quintais, dos corais louvando a vida e a paz entre os homens.

Sim, Milton Nascimento (re)nasce um pouco em cada uma das 16 canções que compõem o CD".

Trecho da crítica do doutor em Letras pela USP, Mário Alex Rosa, publicada no Divirta-se.

+ Sobre o novo disco de Milton:

- Entrevista a'O Estado de São Paulo
- Vídeo - Entrevista ao Programa do Jô

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