quarta-feira, janeiro 31, 2007

Diamante de Sangue - A África Hollywoodiana


Por: Renan Damasceno

Em um dos diálogos marcantes do filme Hotel Ruanda (EUA, 2004, dir:Terry George ), um comissário da ONU diz ao negro tutsi (interpretado por Don Cheadler), em claras e ríspidas palavras, que o mundo não se preocupa com os africanos porque estes não rendem dinheiro nem voto e tampouco têm importância política. Um ano depois, o cinema lança novamente os olhares sobre o continente africano. Desta vez para denunciar o uso de cobaias humanas e outros crimes cometidos pela indústria farmacêutica em O Jardineiro Fiel, do diretor brasileiro Fernando Meireles.

Politicamente, os 53 países africanos podem não exercer grande influência – com exceção da África do Sul, voz ativa do continente -, mas parecem render boas cifras ao império roliudiano. As bilheterias e indicações ao Oscar, dadas como certa, nos três casos, não deixam dúvidas.

Diamante de Sangue concretiza a hipótese. E prova que os países desenvolvidos passam mais tempo lendo National Geografic que realmente preocupados com a miséria e as guerras civis terceiromundista.

A problemática apresentada nos três filmes é extremamente atual e longe de qualquer resolução. O primeiro (Hotel Ruanda), traz aos olhos do mundo desenvolvido a autodestruição do povo africano causada pela união forçada de etnias rivais durante a divisão do continente pelos europeus no século XIX (no filme, a luta do povo hutus contra os tutsis na Ruanda, sul do continente).
Diamante de Sangue mostra o que a riqueza das pedras preciosas trouxe para Serra Leoa: contrabando, mortes e o surgimento de milícias armadas na disputa pelo poder. Além da presença de multinacionais interessadas no contrabando de diamantes e crianças separadas dos pais nas invasões de aldeias de pescadores, obrigadas a entrar para a luta armada aos 10 anos de idade.

Serra Leoa, na costa ocidental do continente, é um país que se dissolve em sangue. Corpos mutilados bóiam nas águas do mar e se espalham na rua da Capital, Freetown (os guerrilheiros têm o hábito de decepar as mãos da população para impedir o voto e riscam a faca no corpo dos prisioneiros mensagens aos inimigos)

Porém, ao contrário de Hollywood, o final não é feliz. Aliás, esses problemas estão longe de apresentar um final.
Tecnicamente, são três bons filmes. Nada mais que isso.
Nos filmes não há denúncias, mas meras constatações. Porém, Diamante de Sangue assume uma posição importante ao criticar a imprensa mundial por se limitar aos relatos sobre a guerra e a fome do povo africano. Apelar para testemunhos de famílias dilaceradas ao longo de todo o continente em matérias ilustradas por fotos de crianças negras, subnutridas ou mulheres se desintegrando, vítimas do HIV. Sofrimento vende e reúne todo o mundo num sentimento de comoção e piedade.
Aliás essa é a estética desses filmes: A criação de um sentimento de comoção e não de indignação. O espaço de reflexão é limitado a curtos diálogos e seqüências de imagens. O “happy end” conforta o público, mesmo sabendo que este final é provisório, pois no fundo todos pensamos que não há solução para o povo africano. Então, é melhor não pensar no futuro e aceitar que o contrabandista de diamantes ficou amigo do nativo que será ajudado futuramente pela jornalista, reencontrará sua família e viverá em Londres.
Vale lembrar que a emoção traz lucro à indústria do cinema e nada melhor que miséria para arrancar lágrimas do público. Sensacionalismo vende. Foto de subnutridos africanos vende. Matérias, relatos de guerra é entretenimento na mesa de café da manhã dos empresários e sinônimo de boas matérias para os jornais do mundo todo.
LINKS, INFORMAÇÕES E TRAILERS:

Um comentário:

Anônimo disse...

Ih Renanzinho, você ta rabugento heim, deixa o povo ser cobaia sô, eles estão cheios de doença, a maioria delas letais, sem esperança de vida, vai que algum desses remédios funciona?!.

Eu queria ser cobaia, se tivesse uma doença grave, primeiro pra tentar me salvar, segundo pra tentar salvar o mundo.

Bom, eu não vi o filme, claro, isso é pelo simples prazer de descordar de você.
Mas como vc já contou o final...
"o contrabandista de diamantes ficou amigo do nativo que será ajudado futuramente pela jornalista, reencontrará sua família e viverá em Londres."
.

também não quero ver
=P


adoro-te rabugentinho lindo do meu core. vamso no cinema comigo vamos???