
Texto: Renan Damasceno
“O seu palavreado diferente [de Guimarães Rosa] não é constituído propriamente de vocábulos “difíceis” ou desusados, como no caso de Euclides da Cunha ou Coelho Neto, mas de recriações e invenções forjadas a partir das virtualidades do idioma, que levam o leitor a constantes descobertas.” Augusto de Campos.
A Terceira margem do rio, sexto conto do livro Primeiras Estórias (1962), é uma celebração do silêncio, do sujeito que se desapropria da linguagem e fica à margem da vida. Uma narrativa silenciosa, que nos guia por um rio-texto, “rio abaixo, rio afora, rio adentro”.
O conto funda-se na narração do filho sobre seu pai “homem cumpridor, ordeiro, positivo” que decide viver em uma canoa à margem do rio. Narra o desgosto da família, seu sentimento de culpa, os anos que, rio acima, rio abaixo, seu pai vive sem se distanciar da margem. O conto termina quando a imagem do filho quase se funde com a do pai e o pedido do mesmo para quando morrer ser colocado em uma canoa, rio abaixo.
Guimarães Rosa se apropria da linguagem popular e cria um vocabulário calcado de neologismos, regionalismo e com sonoridades que se assemelham às criações joycianas. Metáforas e aliterações são comuns na narrativa como a seqüência fonética que dá fim ao texto “rio abaixo, rio afora, rio adentro – o rio”.
O personagem principal – o pai – caminha para uma não-existência ao quietar-se em sua canoa. Segundo Lacan, “existimos na linguagem e esta se relaciona com a cultura e com o social”, ao abrir mão desse instrumento de interação social, o personagem foge dessa ordem convencionada de existência.
O filho, incomodado com a situação, vive em sua culpa, de não ser capaz de tomar o lugar do pai e falha em sua última tentativa, ao fugir correndo pra longe da canoa.
Nesse conto de sentimentos desolados, culposos, de relação distanciada, tece a trama desse conto primoroso de Guimarães Rosa.
+ Guimarães Rosa na Internet:
O conto na íntegra : http://www.releituras.com/guimarosa_margem.asp
“O seu palavreado diferente [de Guimarães Rosa] não é constituído propriamente de vocábulos “difíceis” ou desusados, como no caso de Euclides da Cunha ou Coelho Neto, mas de recriações e invenções forjadas a partir das virtualidades do idioma, que levam o leitor a constantes descobertas.” Augusto de Campos.
A Terceira margem do rio, sexto conto do livro Primeiras Estórias (1962), é uma celebração do silêncio, do sujeito que se desapropria da linguagem e fica à margem da vida. Uma narrativa silenciosa, que nos guia por um rio-texto, “rio abaixo, rio afora, rio adentro”.
O conto funda-se na narração do filho sobre seu pai “homem cumpridor, ordeiro, positivo” que decide viver em uma canoa à margem do rio. Narra o desgosto da família, seu sentimento de culpa, os anos que, rio acima, rio abaixo, seu pai vive sem se distanciar da margem. O conto termina quando a imagem do filho quase se funde com a do pai e o pedido do mesmo para quando morrer ser colocado em uma canoa, rio abaixo.
Guimarães Rosa se apropria da linguagem popular e cria um vocabulário calcado de neologismos, regionalismo e com sonoridades que se assemelham às criações joycianas. Metáforas e aliterações são comuns na narrativa como a seqüência fonética que dá fim ao texto “rio abaixo, rio afora, rio adentro – o rio”.
O personagem principal – o pai – caminha para uma não-existência ao quietar-se em sua canoa. Segundo Lacan, “existimos na linguagem e esta se relaciona com a cultura e com o social”, ao abrir mão desse instrumento de interação social, o personagem foge dessa ordem convencionada de existência.
O filho, incomodado com a situação, vive em sua culpa, de não ser capaz de tomar o lugar do pai e falha em sua última tentativa, ao fugir correndo pra longe da canoa.
Nesse conto de sentimentos desolados, culposos, de relação distanciada, tece a trama desse conto primoroso de Guimarães Rosa.
+ Guimarães Rosa na Internet:
O conto na íntegra : http://www.releituras.com/guimarosa_margem.asp