“Toda morte é inútil e toda vida vale a pena, nem que seja por um único e breve momento.”
Por: Renan Damasceno
O Maior Amor do Mundo, novo longa-metragem do diretor Carlos Diegues, não se trata de uma obra que merece destaque apenas pela grandiosidade de seu diretor – como acontece freqüentemente com diretores consagrados e suas obras imunes às críticas. Desde sua qualidade técnica (filmado em 16mm e pioneiro na finalização digital) à excelência da atuação do protagonista José Wilker, o filme define a maturidade do cinema brasileiro. Cacá Diegues, contemporâneo de Glauber Rocha e um dos expoentes do Cinema Novo, na década de 60, traz um roteiro menos pretensioso que as obras cinemanovistas, apostando numa “viagem pelo interior e pelo exterior do Rio de Janeiro”, como ele mesmo afirma.
Antônio (José Wilker), astrofísico brasileiro radicado nos Estados Unidos, resolve voltar para o Brasil após ser notificado de um tumor no cérebro que o levaria à morte em poucos dias.Antônio é marcado pelo sucesso profissional e pelo fracasso amoroso e afetivo.Nem mesmo o ardor revolucionário de seus contemporâneos, durante os anos de chumbo, foi capaz de despertar-lhe alguma paixão.
O desafeto com o pai, um respeitado maestro, vêm desde a infância e permanece nesse reencontro.A relação dos dois é desastrosa, seu pai parece culpa-lo da derrota do Brasil na final da Copa de 50, data de seu nascimento, e pela perda da amante e maior amor da sua vida, a mãe verdadeira de Antônio. Porém, a volta do astrofísico têm um único objetivo: Procurar sua mãe biológica.A busca pelo seu “maior amor do mundo”.
No contato com a realidade suburbana carioca começa a brotar um novo sentimento em Antônio. Uma busca no passado - marcado pela não-linearidade e os flashbacks durante o filme – que dá sentido a uma vida sem esperanças de futuro. O protagonista descobre o que poderia ser a sua realidade.Pessoas misturadas aos montes de lixo, ao tráfico, à desordem e ao abandono social. Os próprios moradores do local têm a consciência desse Rio de Janeiro caótico, desassistido pelos programas sociais, de saneamento e de saúde.
Antônio conhece Mosca, o espelho do que poderia ser a sua vida, com pouco mais de dez anos envolvido no tráfico, que nunca freqüentou uma escola, morto, dias depois, vítima da violência da polícia. Apaixona-se pela mulata Luciana, por quem sente atração imediata e que se engravida após uma rápida relação entre os dois.
O tempo, cronológico e psicológico, marca profundamente a história e a morte de Antônio acontece no encontro dos dois, cronologicamente, no fim de sua busca e na manifestação terminal de sua doença e, psicologicamente, nos braços de sua mãe.
O maior amor do mundo não é, somente, a busca pelo amor materno.É a manifestação da vida nos derradeiros dias do protagonista, que brota do coração seco e que descobre, na realidade suburbana, seu sentido. Que desobedece ao tempo.O amor que pode ser o mais breve possível, mas a prova de que toda vida vale a pena.
Por: Renan Damasceno
O Maior Amor do Mundo, novo longa-metragem do diretor Carlos Diegues, não se trata de uma obra que merece destaque apenas pela grandiosidade de seu diretor – como acontece freqüentemente com diretores consagrados e suas obras imunes às críticas. Desde sua qualidade técnica (filmado em 16mm e pioneiro na finalização digital) à excelência da atuação do protagonista José Wilker, o filme define a maturidade do cinema brasileiro. Cacá Diegues, contemporâneo de Glauber Rocha e um dos expoentes do Cinema Novo, na década de 60, traz um roteiro menos pretensioso que as obras cinemanovistas, apostando numa “viagem pelo interior e pelo exterior do Rio de Janeiro”, como ele mesmo afirma.
Antônio (José Wilker), astrofísico brasileiro radicado nos Estados Unidos, resolve voltar para o Brasil após ser notificado de um tumor no cérebro que o levaria à morte em poucos dias.Antônio é marcado pelo sucesso profissional e pelo fracasso amoroso e afetivo.Nem mesmo o ardor revolucionário de seus contemporâneos, durante os anos de chumbo, foi capaz de despertar-lhe alguma paixão.
O desafeto com o pai, um respeitado maestro, vêm desde a infância e permanece nesse reencontro.A relação dos dois é desastrosa, seu pai parece culpa-lo da derrota do Brasil na final da Copa de 50, data de seu nascimento, e pela perda da amante e maior amor da sua vida, a mãe verdadeira de Antônio. Porém, a volta do astrofísico têm um único objetivo: Procurar sua mãe biológica.A busca pelo seu “maior amor do mundo”.
No contato com a realidade suburbana carioca começa a brotar um novo sentimento em Antônio. Uma busca no passado - marcado pela não-linearidade e os flashbacks durante o filme – que dá sentido a uma vida sem esperanças de futuro. O protagonista descobre o que poderia ser a sua realidade.Pessoas misturadas aos montes de lixo, ao tráfico, à desordem e ao abandono social. Os próprios moradores do local têm a consciência desse Rio de Janeiro caótico, desassistido pelos programas sociais, de saneamento e de saúde.
Antônio conhece Mosca, o espelho do que poderia ser a sua vida, com pouco mais de dez anos envolvido no tráfico, que nunca freqüentou uma escola, morto, dias depois, vítima da violência da polícia. Apaixona-se pela mulata Luciana, por quem sente atração imediata e que se engravida após uma rápida relação entre os dois.
O tempo, cronológico e psicológico, marca profundamente a história e a morte de Antônio acontece no encontro dos dois, cronologicamente, no fim de sua busca e na manifestação terminal de sua doença e, psicologicamente, nos braços de sua mãe.
O maior amor do mundo não é, somente, a busca pelo amor materno.É a manifestação da vida nos derradeiros dias do protagonista, que brota do coração seco e que descobre, na realidade suburbana, seu sentido. Que desobedece ao tempo.O amor que pode ser o mais breve possível, mas a prova de que toda vida vale a pena.
Um comentário:
Salve, Renan. Deu vontade de assistir ao filme. Valeu pela visita.
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