O Cine Humberto Mauro, do Palácio das Artes (BH), apresenta, entre 4 e 12 de maio, a mostra Documentários de Busca. Foram escolhidos quatro documentários que marcaram o amadurecimento no Brasil, no início do século XXI, de uma forte tendência do documentarismo mundial, onde o universo pessoal do realizador assume papel de destaque.
Os filmes: Um Passaporte Húngaro, de Sandra Kogut, registra os processos burocráticos para conquista de um passaporte da mesma nacionalidade de seus avós. Em 33, nos tornamos detetives junto ao realizador Kiko Goiffman, na busca de encontrar sua mãe biológica, que dura exatos trinta e três dias. Já em Edifício Master e O Prisioneiro da Grade de Ferro, o olhar se desloca, a motivação da busca está no outro. Enquanto no primeiro os moradores da famosa residência carioca estão em foco, o segundo revela uma rotina incessante, conformando uma imagem múltipla do presídio, construída pelos próprios detentos.
Está no Estado de Minas de ontem, 04/05/2009:
A TRADIÇÃO CINEMATOGRÁFICA apresenta documentário e ficção como compartimentos estanques – o primeiro comprometido com o registro do real, a última voltada para a criação de uma nova realidade ou, no máximo, a reconstituição de uma realidade que deixou de existir. Os pesquisadores de cinema, contudo, afirmam que a distinção entre as duas categorias é mais nebulosa do que gostaríamos: todo documentário conteria algum elemento ficcional (mesmo que apenas o fato de que não registra seu objeto, mas o objeto que seu diretor pretende contar ou narrar), enquanto qualquer obra de ficção conteria, em si, algum registro documental (mesmo que apenas o fato de que certas pessoas, em certos momentos, executaram certas ações que resultaram objetivamente naquele filme). A mostra Documentários de busca, que será apresentada no Cine Humberto Mauro (Palácio das Artes) até dia 12, reúne quatro filmes brasileiros que se destacam por testar aquela fronteira.
Duas obras começam a ser exibidas a partir desta segunda-feira: Um passaporte húngaro, de Sandra Kogut (17h30), e 33, de Kiko Goifman (21h). Amanhã, entram em cartaz, também, Edifício Master, de Eduardo Coutinho, e O prisioneiro da grade de ferro, de Paulo Sacramento. Os quatro filmes se alternam na programação ao longo de toda a mostra, o que permite aos espectadores confrontá-los e tentar descobrir por que o Brasil tem sido tão pródigo na produção de obras que levantam aquele questionamento. Parte da explicação está, possivelmente, na exuberância atual do conjunto da produção documentária brasileira, que se destaca não apenas pela diversidade dos objetos que investiga, mas também pela experimentação de novas formas de investigação.
Dos quatro filmes, 33 é o mais radical. O diretor detesta quando alguém menciona o fato de que seu documentário tem afinidade conceitual com reality shows como Big brother Brasil, por registrar uma realidade que foi produzida especialmente para ser documentada. Mas a percepção de tal afinidade é verdadeira, e a qualidade de 33 vem exatamente do fato de que ele concentra, expõe e radicaliza aquilo que os reality shows diluem, disfarçam e suavizam.
Kiko Goifman, adotado na primeira infância, parte em busca de sua mãe biológica, e 33 é o registro dessa busca (o título do filme remete ao número de dias que ele se concedeu para cumprir a tarefa ou desistir dela). Se essa busca é fato do mundo “real” (e, portanto, objeto passível de ser registrado documentalmente), constitui, também, algo próximo da ficção, no sentido de que foi produzido exatamente para que o filme pudesse ser realizado. (Marcelo Castilho Avellar)
Os filmes: Um Passaporte Húngaro, de Sandra Kogut, registra os processos burocráticos para conquista de um passaporte da mesma nacionalidade de seus avós. Em 33, nos tornamos detetives junto ao realizador Kiko Goiffman, na busca de encontrar sua mãe biológica, que dura exatos trinta e três dias. Já em Edifício Master e O Prisioneiro da Grade de Ferro, o olhar se desloca, a motivação da busca está no outro. Enquanto no primeiro os moradores da famosa residência carioca estão em foco, o segundo revela uma rotina incessante, conformando uma imagem múltipla do presídio, construída pelos próprios detentos.
Está no Estado de Minas de ontem, 04/05/2009:
A TRADIÇÃO CINEMATOGRÁFICA apresenta documentário e ficção como compartimentos estanques – o primeiro comprometido com o registro do real, a última voltada para a criação de uma nova realidade ou, no máximo, a reconstituição de uma realidade que deixou de existir. Os pesquisadores de cinema, contudo, afirmam que a distinção entre as duas categorias é mais nebulosa do que gostaríamos: todo documentário conteria algum elemento ficcional (mesmo que apenas o fato de que não registra seu objeto, mas o objeto que seu diretor pretende contar ou narrar), enquanto qualquer obra de ficção conteria, em si, algum registro documental (mesmo que apenas o fato de que certas pessoas, em certos momentos, executaram certas ações que resultaram objetivamente naquele filme). A mostra Documentários de busca, que será apresentada no Cine Humberto Mauro (Palácio das Artes) até dia 12, reúne quatro filmes brasileiros que se destacam por testar aquela fronteira.
Duas obras começam a ser exibidas a partir desta segunda-feira: Um passaporte húngaro, de Sandra Kogut (17h30), e 33, de Kiko Goifman (21h). Amanhã, entram em cartaz, também, Edifício Master, de Eduardo Coutinho, e O prisioneiro da grade de ferro, de Paulo Sacramento. Os quatro filmes se alternam na programação ao longo de toda a mostra, o que permite aos espectadores confrontá-los e tentar descobrir por que o Brasil tem sido tão pródigo na produção de obras que levantam aquele questionamento. Parte da explicação está, possivelmente, na exuberância atual do conjunto da produção documentária brasileira, que se destaca não apenas pela diversidade dos objetos que investiga, mas também pela experimentação de novas formas de investigação.
Dos quatro filmes, 33 é o mais radical. O diretor detesta quando alguém menciona o fato de que seu documentário tem afinidade conceitual com reality shows como Big brother Brasil, por registrar uma realidade que foi produzida especialmente para ser documentada. Mas a percepção de tal afinidade é verdadeira, e a qualidade de 33 vem exatamente do fato de que ele concentra, expõe e radicaliza aquilo que os reality shows diluem, disfarçam e suavizam.
Kiko Goifman, adotado na primeira infância, parte em busca de sua mãe biológica, e 33 é o registro dessa busca (o título do filme remete ao número de dias que ele se concedeu para cumprir a tarefa ou desistir dela). Se essa busca é fato do mundo “real” (e, portanto, objeto passível de ser registrado documentalmente), constitui, também, algo próximo da ficção, no sentido de que foi produzido exatamente para que o filme pudesse ser realizado. (Marcelo Castilho Avellar)
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+ Sobre documentários neste blog:
Edifício Master – a solidão no meio da metrópole
Waldick – Durango Kid à brasileira
Leon Hirzsman – Deixa que eu falo
Estamira – O olhar que tudo pode ver e tudo pode revelar
+ da Mostra
Baixe a programação em .pdf
2 comentários:
nota 10 teu blog.
sucesso!
www.conto-um-conto.blogspot.com
Como queria morrar em BH agora pra assistir estes documentários...
Recentemente assisti o Edifício Master [Canal Brasil] e gostei!...
Abraço!
Sofista.
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