sexta-feira, dezembro 04, 2009

Um melodrama deliciosamente almodovariano


Estreou no último fim de semana nas salas brasileiras a 17ª película da carreira do diretor Pedro Almodóvar, Los Abrazos Rotos. Escapar dos clichês tentadoramente românticos ao comentar um novo filme do espanhol se torna mais difícil a cada obra, uma vez que o próprio Almodóvar propositalmente os sedimenta, crivando características que deixam sua assinatura inconfundível.

No novo filme, Almodóvar reforça sua paixão pelas cores e pelas mulheres, o toque autobiográfico e a maestria em intercalar os tempos narrativos. Estes, apenas para citar algumas pitadas do gênero almodovariano, reveladas em quase três décadas atrás das câmeras.


Em Los Abrazos Rotos, filme menos ambicioso que o último, Volver (2006), a "mulher de Almodóvar" (para nosso deleite!) é Penelope Cruz. Incrível como só no papel de Lena. No novo filme, ele é a paixão do roteirista e diretor Matteo Blanco, que usa o pseudônimo Harry Caine em trabalhos de encomenda.

A partir de um episódio traumático, Blanco fica cego, desiste do trabalho autoral e decide se identificar apenas com o pseudônimo. Em flashbacks, o ocorrido é esclarecido aos poucos e fica evidente que tudo está ligado à paixão por Lena, amante de um homem poderoso que se torna a estrela de um filme de Matteo.


Los Abrazos Rotos é um filme dentro do filme, uma declaração de amor de Almodóvar ao cinema. Nele, o espanhol recicla clichês típicos dos melodramas latinos, criando uma trama marcante e envolvente.

O filme é a boa novidade neste finzinho de ano, que não foi assim tão relevante para a história do cinema.





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Escrevi a crítica de Volver, no lançamento do filme, em 2006. Mais sobre cinema clique aqui.

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