quinta-feira, março 19, 2009

Futebol e segurança pública

A cinco anos da realização da segunda Copa do Mundo no Brasil – a primeira foi em 1950 –, a segurança dentro e fora dos estádios emerge como principal preocupação do governo e da CBF. Ficar atento aos gastos com infra-estrutura e ao jogo de interesse de cartolas e autoridades é essencial para evitar que um rio de dinheiro público seja consumido e afogue o contribuinte.

A primeira atitude tomada (à custa da morte de dois torcedores nos últimos clássicos estaduais em São Paulo e em Belo Horizonte) é o controverso cadastro nacional de torcedores. Até agora a promessa é que o fã de futebol não precisará desembolsar nenhum centavo pela carteirinha, obrigatória a todos a partir do ano que vem. Basta esperar para saber quem vai pagar a bagatela.

O cadastramento não seria necessário se as leis fossem respeitadas e as medidas contra vândalos, enérgicas. Não será uma catraca na porta de estádio que inibirá a ação de animais que se transvestem de torcedores em dia de jogo como álibi para cometer crimes contra a sociedade e patrimônio público. A solução já temos, resta aplicá-la. Ou parece mais cômodo gastar milhões? (Renan Damasceno).


Está no editorial da Folha, de 15/03/09:

QUANDO CARTOLAS e autoridades se reúnem para promover uma Copa do Mundo no Brasil, ao cidadão, em especial na condição de contribuinte, é recomendável dose extra de desconfiança. A ideia agora é implantar um cadastro nacional de torcedores, que seria condição necessária para ter acesso aos estádios de futebol.

Boas intenções, como sempre, não faltam.

O propalado objetivo da medida é ampliar a segurança nas partidas de futebol. De posse de um cartão magnético contendo suas digitais, só torcedor "ficha-limpa" seria admitido depois da checagem numa catraca ultratecnológica; quem deve à Justiça seria barrado.

Ao que consta, contudo, poucos se puseram a verificar se, para atingir a pacificação nos estádios, é mesmo necessária tamanha elucubração cibernética. De saída, o método escolhido pelos dirigentes inverte a lógica: em vez de fichar apenas os suspeitos, os torcedores violentos, ficham-se todos. Além disso, barrar a entrada de uma pessoa num evento público porque ela não tem um "cartão de torcedor" parece abertamente inconstitucional.

Outro aspecto intrigante do projeto é que ele não fala em custos. Implementar o cadastro nacional, imprimir milhões de cartões magnéticos e instalar catracas "inteligentes" nos estádios não é barato.Mas o governo promete que a carteirinha sairá de graça para o torcedor.

Pretende destinar dinheiro dos impostos à aventura? Que suspeitos de sempre serão beneficiados com o monopólio da impressão de carteirinhas e outras facilidades?

A experiência internacional demonstra que a violência nos estádios se combate com ações convencionais das autoridades policiais e judiciárias e com um mínimo de adaptação nas leis penais. A receita é identificar os arruaceiros e bani-los das partidas de futebol -para sempre, nos casos mais extremos.

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4 comentários:

grupo gauche disse...

que bom que estao sendo tomadas medidas para que essas coisas nao se repitam. li em outros blogs que inclusive em outros paises torcedores matam o jogadores ate dentro do campo, claro que la nao se tem a revista na entrada como se tem aqui e ninguem entra armado, mas se o ser humano nao precisa propriamente de uma arma para fazer coisas como essa que sao vistas sempre

CAMILA de Araujo disse...

Interessante...

Marton Olympio disse...

Cara, esta é uma das propostas mais imbecis e estapafurdias que já vi.
Tipico de quem nunca foi ao estádio.
Já esta estimado em 80 milhões a confecção de tais carteirinhas.
Como seria a verificação num Flamengo e vasco?
Se tiver vontade e inteligencia, se acaba com a violencia.
Fácil.


http://martonolympio.blogspot.com/2008/11/vida.html

Sofista Minimus disse...

No mínimo essa é uma medida que precisa ser, e muito, debatida.

E que pelo menos, se aprovada, não deve ter nenhum ônus ao torcedor, muito menos monetário. Deveria retirar-se um percentual dos impostos sobre os ingressos para isto.

Sofista Minimus.