quinta-feira, maio 19, 2011

Classificação livre

Se o Motley Crue ganhou notoriedade pelos excessos na década de 1980, a primeira passagem da banda pelo Brasil, 30 anos após o início na Califórnia, mostrou que a rotina de três décadas no palco é mais cansativa, maçante e mecânica do que supõe a vã filosofia do sex, drugs and rock'n roll.

À véspera de desembarcar na Argentina para dois shows no estádio do Racing, em Avellaneda, os pais do "hair metal", aqui mais conhecido por "metal farofa", fizeram show digno de terça-feira fria e preguiçosa, daquelas de passar o tempo no trabalho apontando lápis.


Apesar do esforço de Mick Mars, Nikk Sixx, Vince Neil e Tommy Lee - no caso do primeiro, esforço físico mesmo, por causa do problema crônico na coluna -, o show foi sem grandes emoções: cronometrado (1h30 e nada mais), sem interações além da conta e (oh, god!) sem mulheres no palco.

No Credicard Hall, em São Paulo, na última terça-feira (17), o Crue foi quase um grupo de tios gente-fina, que faz questão de tocar o que os meninos gostam. Tommy, que nunca foi de falsos pudores - vide as atuações ao lado da S.O.S Pamella Anderson -, estava comportadíssimo. Sixx, o preferido dos fãs, pelas aventuras esmiuçadas em This Is Gonna Hurt: Photography and Life Through The Distorted Lens of Nikki Sixx, que figurou na lista dos livros mais vendidos do NYT, fez nada além do dever de casa.

Mars, visivelmente debilitado pela doença degenerativa nos ossos, se enconstava em uma das partes do palco para apoiar as costas. Seu solo foi desordenado, sem técnica e feeling.

O repertório foi executado com a precisão de quem coloca a mesma porca num parafuso há 30 anos. Foram 15 músicas, 15 clássicos, 15 filmes que se exibiam na frente dos olhos dos fãs - de 15 a 50 anos.

Eu estava lá e, embora não presenciasse uma apresentação de fôlego como as de outrora, levantei meu copo de cerveja e ouvi o setlist que sonhava desde os 16, numa boa, como um moleque extasiado que tem a oportunidade de ver seus ídolos, no melhor estilo de filme de Sessão da Tarde.

O repertório -Wild Side, Saints of Los Angeles, Live Wire, Shout at the Devil, Same Old Situation, Primal Scream, Home Sweet Home, Don't Go Away Mad (Just Go Away), Dr. Feelgood, Too Young to Fall in Love, Ten Seconds For Love, Smokin' In The Boys Room, Girls, Girls, Girls, Kickstart My Heart, Looks That Kill

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