Ukamau (dir. Jorge Sanjinés, 1966) é uma das mais instigantes e belas obras do rico cinema latino-americano da década de 1960. Com enredo envolvente, denuncia os atritos entre o povo andino e os mestiços – uma alegoria das reivindicações indígenas, tão maltratados pelos colonizadores.
A história gira em torno do assassinato da mulher de um camponês, a mando de um mestiço. Durante um ano, o aymara Andrés Mayta, arquiteta sua vingança. No dia escolhido, numa tomada aérea – que muito lembra a luta de Antônio das Mortes, em o Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, de Glauber –, os dois partem para a luta corpo a corpo.
Aí, o choque de genialidade de Sanjínes: em vez de dar ao camponês a chance de matar sem piedades o mestiço, propõe um luta, na qual o indígena dita as regras. Há uma inversão de valores sociais. Não há um triunfo pelo simples sabor da vingança e, sim, uma proposta libertária, que dá ao oprimido a chance de exercer o poder sobre o ex-opressor.
Em Ukamau, assim como em outros filmes da época, há uma ligação muito forte com a terra. Seja no arado, no cultivo, ou mesmo na proposta nacionalista de defesa do território. Aliás, o viés documental, é proposta chave do cinema da época: menos vale o roteiro dos filmes – apesar que Sanjinés foi brilhante no seu –, do que o retrato social da América Latina feito pelas lentes desses diretores.
Esse recorte da sociedade foi proposto por quase todos diretores e produtores dos anos 1960. A Argentina tem seu documento histórico na Escola de Santa Fé, de Fernando Birri; Cuba, nas lentes de Gutierrez Alea; e assim por diante. Talvez o Brasil seja o país mais difícil de identificar apenas um diretor que retrate o país, uma vez que Glauber Rocha se propôs em criar um cinema universal.
A universalidade também parece eficaz na luta pela solidificação do cinema latino-americano. Dessa forma, Glauber se propõe a desmitificar oprimido e opressor, dominante e dominado. Ao criar um sujeito universal, ele repensa a organização da sociedade e modifica nossa concepção histórica de que o povo latino-americano sempre será oprimido.
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Um comentário:
Sinceramente tive um módulo de filmes latinos no colégio e depois do terceiro nao fui mais nas aulas.
confesso que o da velhinha argentina foi legal se chama elza e fred.
o Resto... Babuseira!
Temos que aprender a prestigiar nossa cultura, mas ela poderia ser mais agradável.
visite: lisems.blogspot.com
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