"A barulheira nunca foi uma opção estética: era falta de capacidade de tocar outra coisa".
Para os ortodoxos fãs de heavy metal extremo a frase pode parecer uma blasfêmia, mas para o produtor Gauguin, que gravou as primeiras bandas de death metal em Minas Gerais - e para os demais seres humanos com ouvidos - é uma constatação.
O depoimento foi dado ao documentário "Ruído das Minas", que teve pré-estréia na mostra Músicas do Underground, que compõe a programação do Festival Indie.2009, que terminou nesta quinta-feira (10.09), fazendo bem menos barulho do que as edições anteriores. O filme, que nasceu de um projeto experimental de alunos da UFMG, investigou o nascimento e proliferação das bandas de metal pesado em Belo Horizonte na metade da década de 1980.
Para quem nunca teve contato com o estilo, vale saber que o Heavy Metal é uma espécie de universo a parte, com suas gravadoras, mercado, público e deuses próprios. Por isso para muitos é difícil compreender que, na mesma praça de Santa Tereza, nasceram Clube da Esquina e Sepultura, e que, em algumas praças na Europa, um disco do Sarcófago é mais cultuado que Milton Nascimento.
Ruído das Minas, mesmo com suas dificuldades - som e edição tão artesanal quanto as gravações das primeiras demo-tapes, sem que isso o desmereça -, explora uma geração pouco lembrada da história da capital mineira, cultuada mundo afora, mas desconhecida no quintal da própria casa.
A explosão dessas meia-dúzia de importantes bandas colocaram o Brasil no mapa do underground: Sarcófago, Sextrash, Mutilator, Witchhammer, Kamikase, Chakal, Holocausto, Overdose, The Mist e o próprio Sepultura, gravados pelo selo mineiro Cogumelo, há duas décadas, conquistaram o mercado brasileiro e passaram a ser reverenciados nos Estados Unidos e Europa.
Os despretensiosos bolachões recheados de ódio, sangue e gravuras macabras correm o mundo até hoje, disputados à tapa pelos colecionadores.
Sepultura x Todos
E você deve se perguntar porque ouviu falar só do Sepultura até hoje. Bem, pergunte para Gloria Cavalera, empresária da banda e esposa do ex-vocalista Max. O rancor de alguns depoimentos provam que o Sepultura e sua empresária abriram e fecharam a porta logo em seguida, impedindo o avanço das outras bandas.
No entanto, a tática não funcionou por completo. Se preteriu comercialmente, ao menos contribuiu para a aura mitológica que algumas bandas assumiram da década de 1990 em diante. Para alguns fãs de metal isso vale muito mais. O que importa não é diferenciar a barulheira grotesca das tapes de garagem do Mutilator ou do Sextrash. Honroso é exibir um LP original da coletânea Warfaire Noise, de 1987, ou guardar num baú sob sete chaves um flyer desenhado a mão do show de lançamento do split-álbum Século XX/Bestial Devastation.
Ah, só pra constar, uma das minhas alegrias de juventude foi conseguir uma cópia de Screeches from the Silence, único vídeo produzido pelo Sarcófago. Era um ritual assisti-lo e ver a cara de espantado do resto da turma.
Abaixo o trailer de Ruído das Minas e a entrevista do diretor Felipe Sartoreto à MTV:
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