Está na coluna do Caio Blinder de hoje, 28/10/09:

Na piada infame, pergunta-se: qual jornal terá saúde para publicar o obituário desta indústria venerável? Infâmia à parte, uma avaliação generalizada é que jornalões nacionais e globais como o "Wall Street Journal" e o "New York Times" irão sobreviver pelo menos como marcas (online e talvez no papel) . A sobrevida será possível graças ao prestígio da própria marca ou injeção de filantropia, fundações e bilionários generosos (e autopromocionais).
O futuro parece bem mais sombrio para jornais locais e regionais no formato tradicional. Não aguentarão o tranco de custos de distribuição, impressão, perda de publicidade e competição de sites que suprem a necessidade de informações e serviços ali na esquina, enquanto as marcas globais cuidam do Sistão Baluchistão. Marcas estabelecidas que suaram para consolidar relevância e prestígio no papel como "The Wall Street Journal", "Financial Times" e "The Economist" estão combinando os investimentos mais tradicionais com valor agregado online. Ë dificil imaginar que jornais locais possam apostar em um modelo de negócios que cobre por contéudo online, como as marcas consagradas.
De resto, é uma inglória busca de sobrevivência. Jornais diários americanos, como no resto do mundo, estão há anos tentando desacelerar o processo de desaparecimento com desesperados cortes de custos, mas há um limite de viabilidade para enxugar na cozinha e entregar um produto com nutrição informativa.
Para arrematar, não resisto a um lamento de soldado da imprensa que teve batismo de fogo com máquina de escrever e se emocionava com o barulho do aparelho de telex. Existe este brutal corte de custos que verga a qualidade dos jornais diários, mas suas reportagens ainda são espinha dorsal de bom jornalismo.
Nesta mesma semana de nova rodada de más notícias sobre circulação, o "New York Times" investiu em extensas e dramáticas reportagens sobre adolescentes que fogem de casa nos EUA, o "Los Angeles Times" foi à outra costa do país cobrir a campanha eleitoral no distrito 23 em Nova York (de repercussões nacionais) e o "Wall Street Journal" despachou um repórter para Botsuana, na África, em uma história sobre indústria de diamantes. Os velhos jornais ainda têm estas pedras preciosas.
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Será o fim do jornalismo impresso - parte 1
Será o fim do jornalismo impresso - parte 2
Será o fim do jornalismo impresso - parte 3
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